Tribuna Ribeirão
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Ribeirão do Brasil e do mundo

Quando os primeiros povos chegaram aqui, as águas cor­riam limpas e fartas por rios, córregos e ribeirões. Um deles mais escuro, quase preto, daria o nome à cidade que viria a nascer oficialmente sob a data de 19 de junho de 1856. Onde antes se viam índios, passou-se a ver grande número de fazendeiros, muitos oriundos de Minas Gerais, com o esgotamento da exploração de minérios, outros buscando pastagem para o gado.

De suas terras “rossas” (vermelhas, em italiano), Ribeirão nasceria para o mundo, destino de milhares de pessoas, como o maior centro produtor de café. Um dos responsáveis por isso foi o engenheiro Henrique Dumont, que em 1879 trouxe a esposa e os sete filhos, entre eles Alberto, que mais tarde seria o inventor do avião. Henrique, considerado um dos Reis do Café, construiu aqui o que chegou a ser a maior proprie­dade agrícola do país, com cinco milhões de pés.

Em 1887, a Câmara Municipal reforçaria o caráter da cidade-referência em muitos aspectos: no dia 3 de agosto, os vereadores aprovaram a libertação dos escravos, antes mesmo da Lei Áurea, assinada em 1888. Ao passo da plantação que crescia, Ribeirão recebia as linhas de trem, para escoamento da produção e transporte de passageiros. E, com o trem, os incontáveis imigrantes que substituíam a mão de obra escra­va. Em 1886, eram 10.420 habitantes. Em 1900, a população chegava a 59.195 pessoas, das quais 34 mil eram estrangeiros, a maioria da Itália (84%), seguida por portugueses (8%) e espanhóis (5%). Os japoneses viriam depois, assim como os sírio-libaneses.

De alma iluminada, o município começa a receber in­dústrias na primeira década do século XX. A maior delas, a Companhia Cervejaria Paulista. Hoje todos sabem que temos o melhor chope do planeta. E como toda cidade-referên­cia, Ribeirão aprendeu a crescer e, também, a se reinventar. Depois da crise do café em 1929, nosso povo lutou muito até incrementarmos a economia com outros tipos de cultura, investimentos em áreas fundamentais, além de apoio para a biotecnologia e bioenergia.

A cana nos transformou em centro da maior da região do mundo em produção de açúcar e álcool. Somos polo de Educa­ção, com dezenas de universidades. Somos destaque internacio­nal na área de Saúde, com centros de excelência em estudo, trata­mento e pesquisa. Temos a Agrishow. Temos o Theatro Pedro II. Temos artistas e atletas reconhecidos e vitoriosos.
Ribeirão tem. E tem muito. Uma vocação, forjada pelas mãos do povo, força motriz de uma imensa máquina que não para. Hoje 27ª maior cidade entre 5.570, em todo o país. Mais rica que 15 capitais e 24º maior PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

Embora a atual gestão municipal e governos anteriores te­nham impedido avanços importantes do município, que sofre hoje com falta de professores e de médicos na rede pública, com filas para consultas e exames, com dívidas, com uma gestão que não consegue sanar o caixa e fez empréstimos aci­ma de R$ 700 milhões para obras não urgentes, como pontes e viadutos. E que por isso já está atrasando o pagamento de salário de servidores.

Apesar desse tipo irresponsável de administração, Ribei­rão ainda respira. Ribeirão sobressai em um país que ainda engatinha em muitos aspectos. Tem o respeito do mundo, por sua história e por seu valor. E vai continuar iluminada. Porque tem nas suas raízes a força do empreendedor, o sonho de todo um povo por uma vida melhor. Porque Ribeirão foi e será uma cidade-capital, do Brasil e do mundo.

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