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Queimadas são suspensas por 60 dias

ISAC NÓBREGA/PR

As queimadas estão proi­bidas em todo o país durante o período de 60 dias, a partir desta quinta-feira, 29 de agos­to. Decreto determinando a suspensão da permissão do uso de fogo nesse processo está publicado no Diário Ofi­cial da União (DOU). O Palá­cio do Planalto já havia infor­mado na noite de quarta-feira (28) que trata-se de “medida excepcional e temporária, com o objetivo de proteção ao meio ambiente”.

A medida é anunciada em meio à crise ambiental por queimadas na Amazônia. O Código Florestal permite queimadas em casos especí­ficos, como em práticas agro­pastoris e florestais, que estão regulamentadas pelo Decreto 2.661 de 8 de julho de 1998. O decreto 9.992 agora editado suspende essa permissão. A suspensão não se aplica em ca­sos de controle fitossanitário, se autorizados por órgão am­biental, para práticas de pre­venção e combate a incêndios e para agricultura de subsis­tência feita pelas populações tradicionais e indígenas.

A Operação Verde Brasil, que reuniu várias agências em torno do combate aos incên­dios na Amazônia Legal, regis­trou diminuição nos focos de incêndio nos últimos dias. Em­bora ainda não haja confirma­ção de tendência de extinção do fogo nos próximos dias, a avaliação do governo até o mo­mento é positiva.

“A avaliação é positiva. Com os parâmetros do Censipam [Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Ama­zônia], vimos que os focos de incêndio diminuíram bastante”, disse o vice-almirante Ralph Dias da Silveira, subchefe de operações do Estado-Maior das Forças Armadas.

Segundo os dados do Cen­sipam, havia focos de incêndio espalhados e mais intensos, principalmente, em Rondônia, Amapá, Pará e Maranhão entre os dias 25 e 26 de agosto. Na me­dição realizada entre os dias 26 e 27 de agosto, o mapa de focos de calor mostrou redução, prin­cipalmente em Rondônia, onde houve emprego de reforço no efetivo para combate ao fogo.

Combate às queimadas
Na última sexta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro auto­rizou o uso das Forças Armadas no combate aos incêndios na região. O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) vale para áreas de fronteira, terras indí­genas, em unidades federais de conservação ambiental e outras áreas da Amazônia Legal.

O efetivo empregado na Amazônia Legal, entre milita­res e brigadistas, é de 3.912 pes­soas, além de 205 viaturas. O Brasil também recebeu ofertas de ajuda internacional. Dentre elas, o Chile ofereceu equipes especializadas e três aviões com capacidade de armazenar 3 mil litros de água e os Estados Uni­dos duas aeronaves para com­bate a incêndio.

Israel ofereceu 100 metros cúbicos (m³) de agente quí­mico retardante de chamas e o Equador disponibilizou três brigadas com especialistas em combate a incêndios florestais. A ajuda internacional ainda não foi posta em prática, o que deve ocorrer, segundo Ralph Dias da Silveira, em breve.

Prisões
A Polícia Civil do Pará iden­tificou três suspeitos de provocar queimadas em área de flores­ta nativa no sudeste do estado. Nesta quinta-feira (29), policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dos suspei­tos. Dois são irmãos e proprietá­rios da fazenda Ouro Verde, em São Félix do Xingu, e o terceiro é gerente da propriedade. A fazen­da fica localizada dentro da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu. Segundo a polícia, foi encontrado no local um grupo de trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Durante a operação, um dos suspeitos foi preso em flagran­te com um revólver calibre 38, sem porte legal, durante cum­primento de busca e apreensão, na sede da fazenda em São Félix do Xingu. Os três vão responder por danos em área de proteção ambiental, poluição, queimadas e associação criminosa. De acor­do com a Polícia, equipes fazem buscas na fazenda e em outras propriedades dos investigados, localizadas no estado de Goiás.

Segundo o diretor de Polícia do Interior da Polícia Civil do Pará, delegado José Humberto Melo, as investigações mostram que o grupo já derrubou e to­cou fogo em mais de cinco mil quilômetros de mata. As investi­gações indicam que um dos sus­peitos pode ter contratado mais de 50 homens para derrubar 20 mil hectares na fazenda Ouro Verde, que fica em área de pro­teção ambiental.

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