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As ruínas de Conímbriga

Os sinos plangentes da igreja em estilo português da pequena cidade de Condeixa-a- Velha, a 16 quilômetros de Coimbra, enchem o planalto onde se situa com sons que despertam à vida a memória da ocupação romana, cujas ruinas constituem hoje o maior sítio arqueológico português: Conímbriga, uma mini Pompéia.

Os primeiros habitantes da porção mais a oeste da Europa foram os lusitanos, povo de origem discutida, que teriam ali chegado no século IX a.C. Os romanos, expandindo seu vasto império, chegaram à região de Conímbriga somente em 138 a.C., estabelecendo na província que manteve o nome de seus habitan­tes originais uma vasta rede de cidades, estradas, aquedutos.

Fiéis soldados romanos foram recompensados com terras na península, que foi colonizada e tornou-se local de cultivo de videiras, árvores frutíferas, oliveiras e corticeiras, uma das mais ricas partes do Império.

Sobre os vestígios da antiga cidade lusitana, os romanos construíram a moderna Conímbriga, ao lado da estrada pavimentada que ligava Olissipo (Lisboa) a Bracara Augusto (Braga).Foi uma cidade grande para os padrões da época, dotada de todos os melhoramentos das urbes romanas.

No quarto século da era cristã, começa o assédio de bárba­ros suevos e vândalos à península e, entre 464 e 468, empre­endem ataques a Conímbriga, que entra em decadência, mas mantém seu status de sede de bispado, sob soberanos suevos.

Em 586, os visigodos tomam definitivamente a região, que permanece sob seu domínio até 711, quando cai sob conquista dos árabes, que ficariam 300 anos na península. Conímbriga é abandonada e suas casas sujeitas a saques, usando-se suas pedras para a construção de poucas residências na região.

Na Idade Média, em 1519, sob o reinado de D. Manuel , o Venturoso, começam as investigações sobre as ruínas, mas, é só em 1873 que começam as pesquisas arqueológicas, que revelaram ao mundo a grandiosidade de Conímbriga. Suas ruínas são hoje preservadas num sítio histórico, ao lado de um museu, onde é contada a história da cidade.

É impressionante ver a extensão da área ocupada pelos romanos, dividida em residências, lojas comercias, praças, banhos públicos, o anfiteatro, o fórum, tudo cercado por mu­ralhas adicionadas quando do início dos ataques bárbaros.

Mas, o que mais chama a atenção do visitante são os pisos preservados até hoje, 2100 anos depois de sua confecção. Representam animais, frutas, cenas de caça e do dia a dia e preservam suas cores originais ainda marcantes. Um dos mosaicos tem uma particularidade: é bordeado por suásticas, símbolo de boa sorte para os romanos e que depois foram usadas pelos nazistas. As ruínas revelam várias residências de dois pisos, o primeiro deles destinado a comércio. Uma das casas tem mais de 1.400 m² de área.

O ponto alto da visita, entretanto, é a Casa dos Repuxos. Trata-se do pátio interno de uma residência, cercado por mo­saicos muito bem preservados e pequenos canais conectados, circundados de bicos de chumbo de onde se formam leques de água. Tem a finalidade de decoração e ao mesmo tempo trazem frescor para o local, que é muito quente e seco.

Observando os restos de uma cultura que floresceu há tanto tempo, notamos a grandiosidade das suas construções e a von­tade de um povo de civilizar toda a Europa. São testemunhas da fragilidade e da fortaleza dos homens , ao mesmo tempo que demonstram a vontade de avançar sempre, que caracteriza a raça humana. Passear pelas ruínas é momento de humildade, frente ao que já foi feito pelos homens e certeza de que a cada geração os humanos tem que progredir sempre.

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