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Preservação ambiental não é fogo de palha

O fogo está no foco e os debates estão literalmente aca­lorados. Por um lado aqueles que vaticinam o aumento do aquecimento global e a destruição de considerável parte de nossa biodiversidade e por outro os que enxergam que quei­madas e desmatamento são fatos corriqueiros e habituais que estão sendo utilizados politicamente para abalar a credibilida­de do governo atual.

Na guerra de informações, fofocas e fake news, tudo vale, desde ativistas ambientais postando fotos equivocadas em suas mídias sociais até presidente acusando ONG´s, sem, no entanto, apresentar provas. A novidade documentada foi uma reportagem do Globo Rural que apresentou ofício do Minis­tério Público do Pará alertando ao IBAMA sobre a possível realização do “Dia do Fogo”, onde cerca de 70 pessoas entre, produtores rurais, comerciantes e grileiros estariam organi­zando, via WhatsApp, ato de apoio ao presidente da república pelas medidas que atenuam o poder defiscalização. A mesma reportagem traz o depoimento de uma pecuarista acusando­servidores da área ambientalfederal de serem os responsáveis pelas queimadas.

Durante a campanha eleitoral o candidato Bolsonaro criticou ambientalistas e prometeu acabar com a “indústria das multas ambientais”, além de retirar o Brasil do Acordo de Paris pelo Clima. Recentemente publicou Decreto crian­do os núcleos de conciliação ambientais que, entre outras atribuições, poderá conceder descontos, parcelamentos e até conversão das multas ambientais em serviços de preservação, melhoria ou recuperação do meio ambiente, medida vista por opositores como um verdadeiro “balcão da impunidade’.

Apesar de contestados pelo governo federal, os dados apresen­tados pelo INPE e confirmados pela NASA apontamconsiderável aumento do desmatamento e do número de queimadas e cientis­tas esclarecem que um está diretamente ligado ao outro. Além das queimadas, a extração ilegal de madeira e a expansão pecuária desenfreada proporcionam erosão do solo, perda da biodiversida­de, extinção de rios e nascentes, desertificação, perda de recursos naturais e alteração no clima.
Alguns representantes do agronegócio já tentam fazer o governo compreender que a política ambiental está incluída na política comercial global. Os consumidores estrangeiros, notadamente da Europa, exigem boas práticas na produção e os acordos comerciais recém-entabulados podem sofrer consideráveis abalos.

A preservação ambiental não é só fogo de palha, está nas agendas prioritárias das nações que desejam aliar desenvolvi­mento econômico com qualidade de vida. A floresta amazônica é nossa e o país precisa manter sua soberania, mas não podemos olvidar de um compromisso que é missão de todos os povos e nações. O que está em pauta não é defender ou acusar o governo. É preservar a vida, em todos os seus aspectos.

Para arrefecer a contenda seria necessário despir-se dos mantos ideológicos, renunciar aos interesses econômicos, sair do conforto urbano de uma sala com ar condicionado e água mineral conservada em refrigerador e buscar conhecer a verdadeira realidade da região amazônica. Após visitar as áreas destruídas, formar um juízo de valor e posicionamento conscientes, adotar gestos transformadores e, quem sabe,pro­curar sentar-se à sombra de uma árvore, depois mergulhar as mãos em uma nascente e tomar um bom gole de água fresca, enquanto ainda é possível encontrá-las.

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