A diretora do Serviço de Verificação de Óbitos do Interior de Ribeirão Preto, Simone Gusmão Ramos, afirmou na quinta-feira, 22 de agosto, em depoimento à Comissão Especial de Estudos criada para apurar atrasos na liberação de corpos na cidade, a popular “CEE dos Mortos”, que faltam profissionais na equipe, o que dificulta a agilidade dos trabalhos. De acordo com ela, essa defasagem obrigou a alteração no horário de funcionamento do SVO-I.
O SVO-I atende nas dependências do Centro de Medicina Legal (Cemel) e é subordinado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – ligada à Universidade de São Paulo (USP). A comissão da Câmara é presidida por Igor Oliveira (MDB) e conta ainda com a participação de Marinho Sampaio (MDB) e Luciano Mega (PDT).
Antes, a unidade atendia 24 horas, e a agora abre das sete da manhã às 19 horas. No dia 15, o ex-diretor Marco Aurélio Guimarães, que estava no cargo até agosto do ano passado, revelou o déficit de mão de obra. Segundo o médico, dos seis técnicos de necropsia necessários, três não trabalham mais no local e um está afastado. A unidade tem quatro patologistas, quando o ideal seriam seis. A CEE dos Mortos foi criada porque várias famílias reclamaram da demora para conseguir a liberação dos corpos de parentes.
Em determinados casos, a espera para conseguir o documento com a causa da morte chega a 15 horas. Guimarães disse que a situação acontece, na maioria das vezes, porque os corpos são encaminhados à necropsia sem necessidade, alguns até mesmo com a causa da morte já definida no atestado de óbito. Ele revelou ainda que cada necropsia leva cerca de três horas e que, em certas ocasiões, os corpos são entregues de uma só vez. O ex-diretor ressalta também que o SVO-I poderia ter fechado, já que o déficit de funcionários sobrecarrega o trabalho. Em 2018, foram realizadas 783 necropsias, média de duas por dia.
Gestora do órgão desde 2018, Simone Gusmão também afirmou que atualmente também está sendo feita uma reestruturação do sistema de atendimento para minimizar a demora, não apenas do SVO-I, mas também de toda a rede de saúde. A ideia é estabelecer um fluxograma que defina as prioridades e necessidades do atendimento e da liberação dos corpos.
De acordo com Igor Oliveira, já foram levantadas informações de que a demora não é um problema exclusivo do SVO-I, mas que atinge outros setores da rede de saúde e que, a partir de outras oitivas, será possível o aprofundamento sobre o tema e a apresentação de sugestões e medidas a serem adotadas pelos responsáveis por este serviço.