O problema fundamental do presidente brasileiro é que ele não assume os limites postos na lei, muito menos sua visão canhestra e nanica dos problemas do Brasil, e os nossos relacionados com o mundo. O caso da Argentina é exemplificativo.
Nosso maior parceiro comercial na América do Sul, com nossos manufaturados sendo exportados em volume grande para aquele país, sua excelência reverendíssima, o capitão critica a “esquerdalha” vitoriosa nas eleições primárias, como se não bastasse ser uma promessa “autocrata” só para o Brasil.
O peronismo está de tal sorte entranhado na realidade político-social e partidária da Argentina que ele se encontra ramificado praticamente em mais de um partido. Se a dupla vitoriosa é peronista, a dupla derrotada tem na sua vice um peronista.
E o que se comenta é que com o candidato vitorioso nas primárias, se confirmado nas eleições de outubro, a Argentina terá um presidente que representa a ala moderada do peronismo, sendo a ex-presidente sua vice com poder, mas sem ultrapassar a experiência, a habilidade e a visão realista do presidente, personalidade forte.
Mas, a sabedoria miliciana de nosso presidente não sabe ouvir, muito menos os que têm espírito crítico. Pretende influenciar na campanha eleitoral daquele país, cometendo um erro elementar.
Naquele país a revelação dos autores da tortura, praticada durante a ditadura militar, receberam a punição devida, indo para a cadeia, pelos crimes cometidos contra a humanidade. Até general morreu na cadeia. Diferentemente do Brasil, já que aqui a anistia serve de perdão para gregos e troianos.
Ora, o capitão presidencial elogia a tortura e considera como herói seu, não nacional, um emérito torturador. A questão decorrente dessa realidade inconcebível emerge forte no sentimento do bom senso: ao presidente argentino, que busca a reeleição e que perdeu as primárias, interessa que nosso capitão presidencial direcione sua verborragia como ajuda?
O povo argentino aprendeu na dor a odiar o ódio, ou seja, a rejeitar a tortura e seus admiradores e praticantes.A fala verborrágica do capitão presidente, além de ofender a honra argentina, revive escandalosamente o que aconteceu na Brasil, cujo momento, depois de 50 anos, é necessariamente conhecer, sem punir.