Que a vida é momentânea já estamos fartos de saber, mas nem assim mesmo cedemos ao magnetismo do tempo presente, porque o tempo do aqui e agora carrega a falsa ideia de ser um tempo provisório, onde se espera a chegada de um futuro distante que trará consigo a verdadeira felicidade. E assim vamos vivendo o presente sempre aguardando um futuro que jamais se aproxima.
Parece até que só o passado e o presente insistem em nos rondar como almas penadas. Mas sorte a minha que tenho. no prédio onde moro, pessoas que me fazem lembrar diariamente a urgência de me deixar fascinar pelo meu presente. Assim foi no último domingo quando, conversando com a vizinha do apartamento 1.350, ela me disse que está namorando um motoqueiro entregador de iFood e que além de muito trabalhador, o moço ainda possui olhos verdes da cor do mar.
A vizinha também é uma moça com um charme avassalador. Ela me disse que o namorado a convidou esses dias para passar um final de semana numa estação de águas, mas a vizinha, que está acostumada a só viajar com seus pais para os mais completos resorts, logo indagou ao boyfriend: “Mas o que tem nesse lugar?” E mais que depressa ele respondeu: “Lá só tem eu mesmo, meu amor”.
Essa é a lógica do amor que está aí para ser vivido e comido como a vida lhe oferece, frio ou quente, cru ou cozido. “Fly me to the Moon / Let me play among the stars/ let me see what spring is like on a Jupiter and Mars/ In other words, hold my hand/ in other words, baby, kiss me”. Vale à pena ouvir Frank Sinatra.