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A batida de Dimi Zumquê

JF PIMENTA

O primeiro contato do me­nino Edmilson com a música foi por meio pai, Jorge, que tocava música caipira, como catira e pagode, com amigos. Com 4 anos, ele sentava na roda de músicos e batucava numa caixa de sanfona. “Não era nada profissional não. Meu pai tocava por diversão com amigos e eu roubava a cena porque eu já tinha rit­mo e uma criança numa roda de adultos rouba a cena”, diz. “Depois toquei na Igreja Ba­tista, foram as minhas primei­ras experiências”, lembra.

Edmilson mais tarde se tornou Dimi, diminutivo do nome. E posteriormente acrescentou o Zumquê (um bepbop que fazia nas intro­duções de algumas músicas). “Eu fazia esse som ‘zumquêêê. Uma amiga um dia me viu e brincou comigo. Olha o zum­quê chegando. Eu pensei, por que não? Adotei o Dimi Zum­quê”, conta com um largo sor­riso no rosto. “Eu havia lança­do um LP, um bolachão, como Edmilson. A rádio tocava e quando anunciava eu sentia. Esse nome não vai pegar. Ed­milson, não colava”.

Dimi que antes fazia sucesso como Edmilson conseguiu projeção como músico, compositor e produtor

Antes de ser Dimi Zum­quê, gravar quadro CDs e um DVD, vencer vários festivais de música, idealizar outros tantos projetos musicais, Ed­milson fez sucesso nos barzi­nhos da cidade.

Ao falar dessa época, Dimi se lembra de um professor que marcou sua vida: Vicen­te. Quem curtiu bares e as noites de Ribeirão Preto nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2000 vai se lembrar dessa figura afinada e que tirava um som impecável do violão. “O Vicente foi meu grande mes­tre. Ajudou-me muito. Ensi­nou-me e abriu as portas para tocar na noite”, recorda.

O primeiro show foi aos 16 anos. “Foi no Bar Monde­go, na rua Campos Sales. O Vicente me indicou. Lembro da primeira música. Primave­ra, do Carlos Lira, cantada por Vinicius de Moraes”.

Apesar da apresentação ainda jovem, Dimi tinha ou­tro sonho profissional. Queria ser jornalista, mas não conse­guiu passar na ECA-USP. “Foi uma frustração. Eu não tentei outra vez. Fiquei chateado, andei 6km nesse dia, pensan­do no esforço do meu pai em pagar o cursinho. Mas como já fazia cursinho pela manhã e tocava de vez em quando à noite, falei para minha mãe que iria ganhar dinheiro. E com o Vicente me indicando, comecei a tocar na noite”.

E a vida noturna rendeu boas histórias. “Eu ia de bici­cleta para o bar. Mas depois do show, eu tinha que ir em­bora e tinha que passar com a bicicleta que estava guardada no fundo do bar, pelas mesas dos clientes. Pensa numa bici­cleta velha. Eu morria de ver­gonha”, ri. “Depois eu larguei a bike e voltava de corujão (ônibus noturno que cruzava a cidade). Dormia no ônibus e o cobrador às vezes me acor­dava. Muitas vezes passava do ponto porque dormia, estava cansado. Estudava pela ma­nhã e cantava a noite”.

Dimi também lembra que em certo momento no início perdeu alguns shows. “Eu to­cava de terça a domingo, mas me tiraram. Eu implorei para tocar pelo menos aos sábados. Consegui o segundo ambiente. Depois foi melhorando”.

Dimi gravou quatro CDs, um DVD e outros trabalhos independentes

Ainda como Edmilson, ele foi atração nos principais ba­res na década de 90 em Ribei­rão Preto, como Flerte, Chopp Loko, Willy, Deck Delícia. “Eu me sentia, me achava. Ganhei dinheiro, porque onde eu toca­va lotava. Ganhava por couvert e tocava das 20h às 4h. Isso foi bom. Foi uma fase”.

“Hoje eu estou com 52 anos e não tenho que escon­der. Eu queria ser famoso. Ser reconhecido. Eu me programei para isso. Estudava música, não bebia. Eu tinha esse objetivo”.
Ainda com o LP, Ritmos, gravado com o nome de Ed­milson. O músico arriscou. Aceitou um convite e mudou­-se para o Rio de Janeiro. “Ai eu penei. Tentei, mas nada deu certo. Fiquei um ano no Rio, na casa de uma amiga, foi um pe­ríodo de dificuldades”.

O convite a retornar para Ribeirão Preto veio dos pro­prietários do Chopp Loko. “Eles iam abrir a casa e apos­taram em mim. Resolvi vol­tar”. Rapidamente recuperou a fama e voltou a lotar os bares.

Na época dos festivais colecionou vários prêmios e troféus

Festivais
Logo após o retorno, já como Dimi, pois não curtia o nome Edmilson falado pelos locutores da rádio, apostou nos festivais. A aposta deu certo. Conseguiu vencer vários e se projetar nesse cenário.

“Em alguns eu faturava o prêmio de primeiro lugar, me­lhor letra e melhor música. Isso me projetou. Muitos músicos são ‘festivaizeiros’ e eu fui nesse caminho”.

“Teve um que tinha a pre­sença do Paulinho da Viola. Eles anunciaram o segundo lugar que iria tocar uma música com o Paulinho. Eu queria mostrar meu trabalho pra ele. Tirar uma foto. Era uma oportunidade. Me deram um chá de cadeira. Mas depois deixaram eu entrar no camarim. O Paulinho disse as­sim, você é o Dimi. Você venceu o primeiro lugar. Eu não acredi­tei. Foi um momento marcante (ver link do vídeo nesta página)”.

FAM – Festival da Alta Mogiana
Com a experiência dos festi­vais, Dimi resolveu criar um em Ribeirão Preto, o FAM – Festival de Música da Alta Mogiana. O projeto é considerado sucesso.

“A gente faz de dois em dois anos por absoluta falta de recursos. Estamos batalhando para que ele aconteça no pró­ximo ano. Mas o atual governo federal com essas críticas que­rendo insinuar uma imagem de que artista é bandido, fica difícil conseguir recursos”, critica.

Projetos Musicais
A experiência em realizar festivais e buscar patrocínios, mostrou outro caminho ao mú­sico: a realização de projetos. Hoje ele além dos shows e dos próprios projetos musicais, ele presta assessoria e consultoria para outros eventos que buscam apoio em leis de incentivo.

“É difícil patrocínio. Os projetos incentivados. Os bons projetos têm essa oportunida­de”, ressalta. Entre os de Dimi, destaque para: o ‘Bandalheira do Bem’ que propõe apresentações artísticas que incluam música, circo e dança; ‘Tamanco Malan­dro’ que é um grupo de samba­-resgate; e ‘Refazenda’, um tribu­to a Gilberto Gil.

Futuro
A ideia que tinha quando era jovem, de ser famoso, ficou para trás. “Isso já passou há muito tempo”. “Mas ficaria muito or­gulhoso se algum grande intér­prete da nossa música algum dia gravar e fizer sucesso com algu­ma composição minha”.

Outro lado muito latente no músico é o de ‘pai babão’. Dimi mostra com orgulho as apre­sentações das filhas Julia, 13 anos, e Luísa, 16 anos, que her­daram a sonoridade do pai. “Eu hoje vivo por elas, faço tudo pensando nelas. Mudaram mi­nha vida. E elas têm talento. Quero que elas tenham sucesso seja onde for. Se for na música, muito bom”, finaliza.

Nas redes sociais
Um pouco mais sobre a vida, trabalhos e discografia do músico, cantor e compositor Dimi Zumquê pode ser acessada pelo site http:// www.zumqueproducoes.com.br.

Confira alguns links, como o encontro com Paulinho da Viola e sendo anunciado vencedor do E-Festival IBM. Com apresentações da filhas Julia e Luísa, e outros.

https://www.youtube.com/user/Zumque (Canal Youtube)
https://www.youtube.com/watch?v=2Vmzg3jxkQM (Dimi com Paulinho da Viola. Festival)
https://www.youtube.com/watch?v=EyVnijtzXNY&t=109s (É Dia. musica autoral)
https://www.youtube.com/watch?v=NZlwYTIHVk0 (Luisa canta Havana)
https://www.youtube.com/watch?v=Zxv_-uZlb1U (Julia canta Ben)

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