‘Quais são as suas últimas palavras?’
O grande repórter Wilson Toni não tinha medo de nada. Não se sujeitava as pressões e ameaças, não tinha tempo quente, fosse noite ou dia. Não havia distância que o impedisse de exercer o jornalismo investigativo, mas tinha medo de altura. Sofria de acrofobia. Estava com casamento marcado com a Fátima quando a Rádio 79 fez uma parceria com o pessoal do Truffi para uma promoção com o balonismo em Ribeirão Preto. O grande balonista Truffi possuía uma fábrica de antenas e se utilizava de seus voos para propagar seu produto e também os voos de balões, que ainda davam seus primeiros passos no Brasil.
Casamento e lua de mel
Toni foi viajar com a Fátima em lua de mel e deixou marcado o voo de balão para quando voltasse de suas viagens de núpcias. Retornou e logo a turma da 79 começou a cobrar o repórter. Ele garantia que iria voar partindo da Praça XV e para onde o vento soprasse. Tudo arrumado. Alto falantes anunciando. Radio divulgando e transmitindo da Esplanada do Theatro Pedro II e a multidão só aguardando.
Histeria na plateia
Demorou, mas o paciente Coraucci Neto conseguiu encontrá -lo nas proximidades. O povo aplaudia e gritava o nome do jornalista: “Toni, Toni, Toniiiii”. Ele já havia se esquecido a acrofobia, medo de altura que o fazia deixar de lado o elevador por mais alto que fosse o edifício – subia sempre a escadaria. Coraucci Neto, de microfone em punho, lhe fez a pergunta macabra: “Quais são suas últimas palavras?” Toni fugiu em desabalada carreira e ninguém conseguiu alcançá-lo. Não voou e nem pronunciou suas “últimas palavras”. Foi motivo de brincadeiras por parte dos colegas. Nunca mais aventurou-se a aceitar desafios.