A Câmara de Vereadores vai promover nesta segunda-feira, 12 de agosto, a partir das 17 horas, uma audiência pública para analisar e discutir o projeto de lei complementar (PLC) número 63/2019, que trata da reformulação do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). A iniciativa é de Renato Zucoloto (PP) e da Comissão Permanente de Seguridade Social da Câmara. O objetivo, segundo os organizadores, é esclarecer a medida proposta pelo Executivo e apontar caminhos estratégicos para o processo de reestruturação do órgão previdenciário do município. Entre os debatedores estará Nelson Augusto Rocha, economista e presidente do Banco Ribeirão Preto, que fará a análise do ponto de vista econômico e do mercado financeiro sobre o plano de custeio apresentado, especificamente sobre a viabilidade da criação e implantação do Fundo Imobiliário Municipal e suas repercussões no custeio do IPM. Já o advogado Hilário Bocchi Júnior, especialista em Direito Previdenciário, vai analisar os aspectos previdenciários do projeto. O projeto foi encaminhado ao Legislativo de Ribeirão Preto pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) no começo de julho e pode ser levado para votação em plenário ainda neste mês. A proposta tem como principais mudanças a criação de um Fundo Imobiliário vinculado ao instituto, a destinação dos recursos da dívida ativa futura como receita para o IPM e o aumento da alíquota de contribuição, de 11% para 14% para os servidores e de 22% para 28% para a prefeitura. O Fundo Imobiliário a ser criado será responsável por receber os recursos das vendas e locações dos imóveis pertencentes ao município que serão repassados para o Instituto. Já a vinculação da dívida ativa futura – ou seja, a partir da entrada em vigência da lei – significa que todo débito pago pelo devedor seria destinado para o Fundo Previdenciário do IPM. A duração desta transferência prevista no projeto é de 75 anos. Vale lembrar que é incluído na dívida ativa todo débito existente com a prefeitura que mude de exercício fiscal, isto é de um ano para o outro. O projeto estabelece também uma parceria entre Prefeitura e a Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto para uma reengenharia financeira que resulte na transferência de forma gradual de servidores ativos do Fundo Financeiro, hoje com problemas de caixa para o Fundo Previdenciário, que não enfrenta este tipo de dificuldades. Mudanças na forma de pagamento das pensões futuras também fazem parte do projeto. Nesta semana, Duarte Nogueira afirmou que se a reestruturação do IPM não sair do papel em médio prazo, o déficit do órgão previdenciário vai inviabilizar até o pagamento dos 5.875 aposentados e pensionistas e dos próprios 9.204 servidores municipais da ativa. O tucano participou de reunião no Palácio Rio Branco com vários vereadores, secretários e a superintendente do instituto, Maria Regina Ricardo. O chefe do Executivo ressaltou que, em 2018, o valor gasto pelo instituto para o pagamento de aposentadorias e pensões ficou próximo de R$ 200 milhões. Para este ano, a previsão é que o repasse chegue a R$ 550 milhões para uma receita de contribuições da prefeitura e dos servidores de R$ 200 milhões. Deste total, R$ 350 milhões serão obrigatoriamente repassados pela administração municipal para cobrir o déficit nestes pagamentos. Para o ano que vem, o Palácio Rio Branco estima que o valor gasto pelo IPM será de R$ 585 milhões. A folha total de benefícios do instituto em junho foi de R$ 39.664.947,50. Já a folha de pagamento dos servidores da ativa é de cerca de 63 milhões. O déficit saltou de R$ 120 milhões em 2017 para R$ 240 milhões em 2018 e, neste ano, será de R$ 350 milhões. Uma fonte ligada ao Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP) questiona: “Se a prefeitura não tem condições de repor 3,78% das perdas da inflacionárias para o funcionalismo, como vai aumentar em 6% a contribuição patronal, passando de 22% para 28%? Muito estranho o atual comportamento do governo. Quem não tem 3,78% para recompor os salários dos servidores, terá 6% para o IPM? Então, que reponha as perdas inflacionárias”.