As mudanças institucionais ocorridas no Brasil no decorrer de sua história sempre foram suaves e acertadas entre as elites aristocráticas e o colonizador da vez. Enquanto isso, o povão assistia a tudo passivamente, na esperança que o novo salvador na sua benevolência pudesse minorar o sofrimento e as amarguras de um povo que só queria uma vida melhor. Mas o tempo passou e nada mudou.
Foi assim com a independência de Portugal, com a Proclamação da República – sendo este o primeiro golpe militar do Brasil –, depois veio à república ruralista-aristocrática com o voto de cabresto, a chamada Velha República, que se desfez com o golpe militar de 1930 e 37, e depois de 1945 tivemos um pequeno período de uma democracia escamoteada, que se findou com o golpe militar de 1964, e que a partir de 1968 e até 1978 se tornou a mais sangrenta ditadura da história brasileira, tendo seu fim em 1985.
No inicio do século 20, tivemos momentos encabeçados principalmente por imigrantes europeus, que lutavam por direitos trabalhistas, e para que os sindicatos fossem reconhecidos como entidades representativas dos trabalhadores. O movimento cresceu, apesar da violenta repressão policial, que sempre acontece quando os mais pobres reivindicam um pouco mais de dignidade para as suas vidas.
Mesmo sendo duramente perseguido, o movimento dos trabalhadores se fortalecia, e como isso não interessava para os donos do poder, resolveram se antecipar e criaram uma legislação que atendia parcialmente as reivindicações trabalhistas, mas tomaram o cuidado de tutelar os sindicatos para que a luta dos trabalhadores não fugisse ao seu controle.
Depois de 1985, um clarão de otimismo e patriotismo desaguou na Constituição cidadã de 1988, e a partir dai esperava-se que as atrocidades acontecidas nos anos de chumbo nunca mais voltariam a acontecer, até porque no artigo 142 da Constituição proíbe que se fale em golpe militar, o que já acontece em outros países, que prendem quem se manifesta a favor de regimes ditatoriais. Mas, infelizmente, no Brasil o desrespeito a Carta Magna começa com o STF, que é ou deveria ser o seu guardião maior.
O pseudo movimento pró-democracia iniciado em 2013, que para a maioria da população parecia ser algo nobre e patriótico –, era um embrião para desmontar o incipiente Estado de bem estar social e acelerar o liberalismo, atacando às instituições do País e promovendo o entreguismo, já ocorrido durante a ditadura militar, e colocar o Brasil novamentede joelhos perante o Tio Sam. E para conseguir materializar o projeto entreguista – valeu tudo, até um juiz de primeira instância mandar mais que o STF, passando por cima da legislação para cumprir as ordens do Império do norte.
E todo este movimento proliferador do ódio e do preconceito desaguou na eleição de um presidente abjeto e inescrupuloso, que não respeita a Constituição – chegando ao ponto de homenagear o maior crápula que atuou criminosamente na ditadura militar como herói nacional. Governa como um ditadorzinho, fazendo obtusidade para agradar um eleitorado nazifascista, e reproduz os modus operandi da ditadura militar.
A invasão da Policia Rodoviária Federal em uma reunião de professores universitários, que estavam organizando uma manifestação contra o Bolsonaro, mostra a volta da truculência e a ilegalidade da policia como ocorria nos anos de chumbo. E essa truculência policial está se proliferando. Recentemente, no jogo entre o Corinthians e Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro, um torcedor corintiano foi detido e algemado por ter dirigido “elogios” a figura do presidente da República.
Nos anos de chumbo era normal durante uma partida de futebol amador, um policial militar que participava como jogador, dar voz de prisão ao jogador adversário, por ter sofrido uma entrada mais forte. Não podemos achar natural estes acontecimentos, a reação tem que ser forte e contundente! Porões da ditadura nunca mais. A luz vai dissipar a escuridão!