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Edi Rock abre suas influências em disco

Por Guilherme Sobota

Um dos rappers mais importante do Brasil, Edi Rock lança nesta sexta-feira, 9, seu segundo disco solo. Origens (Som Livre), disponível nas plataformas digitais, encontra o músico de peito aberto para aceitar suas próprias referências musicais e misturar o estilo da canção do hip hop com outros gêneros, do pagode ao sertanejo, do blues à surf music – sem esquecer o flow reconhecível e o storytelling que marcaram sua trajetória de mais de 30 anos na música. 

O álbum era planejado para 2018, mas questões burocráticas e uma mudança de gravadora colocaram o lançamento para este dia 9 de agosto. A capa do disco é uma tela do artista plástico Alexandre Keto, com design de Javier Salazar, estampada com nomes de referências para o músico: Thaíde, Martin Luther King, Marielle Franco, Bezerra da Silva e Beth Carvalho, entre outros.

Se em Contra Nós Ninguém Será, seu primeiro disco cheio solo elogiado em 2013, o músico reunia uma seleção do rap nacional (dos companheiros de Racionais a Helião, Sandrão, Emicida e Flora Matos, entre outros), em Origens Edi Rock busca se conectar também a outros estilos e gêneros musicais – em busca da própria origem na periferia de São Paulo, onde começou sua trajetória, ao lado de KL Jay, discotecando em festas na zona norte da cidade. São novas canções em que aparecem nomes como Xande de Pilares, MC Pedrinho, Lauana Prado, Alexandro Carlo (do Natiruts), Jan Session, Hodari – samba, funk, sertanejo, reggae, blues, R&B.

“Essa busca foi inspirada na minha adolescência, no fato de eu ter sido DJ, além dos meus familiares”, diz Edi Rock ao Estado, por telefone – o músico está em São Paulo numa das pausas da turnê de 30 anos dos Racionais MC’s, que ainda passa por seis cidades do Brasil até o fim do ano. “Minha mãe ouvia muita música, tinha muita festa, família grande, sempre era aniversário de algum parente. Ela era do Recife, então sempre existiu muito um lado de alegria na música, do samba, isso me influenciou muito.”

Quando cresceu, conheceu KL Jay e passou a fazer festas, como DJ – o objetivo passa a ser fazer as pessoas dançarem. “A gente fazia seleção de funk, de samba, e outras, e essas misturas são minhas referências, a pista.” Mais tarde, começou a frequentar os bailes de música black da cidade, como o Zimbabwe, o Chic Show e o Black Mad. “Ali sempre tocava música nacional, samba rock americano, melodia (que era música lenta), floreado, samba soul, funk, rap, charme (R&B).” Essa, define, é a sua musicalidade, que traz agora para o Origens.

A exploração fica muito evidente em uma faixa como Uq Cê Vai Fazer, que começa como uma levada de sertanejo cheia de eco, e aos poucos um beat vai achando seu espaço e casando com a música, a princípio mais afeita às ondas da FM do que a uma faixa no CD de um Racional – até porque a ligação entre o rap e o sertanejo no Brasil é quase inexistente. Mas o resultado funcionou e surpreendeu até o próprio MC. “Eu gosto do novo, do que não foi feito ainda. É um exemplo do que eu quero fazer a partir de agora”, diz.

“Essas misturas são delicadas, não sabia se ia dar certo. Misturar sons, gêneros, é complicado. Gosto de trazer outro gênero para o rap porque é um outro universo para o rap. Mas conseguimos”, comenta o cantor. Lauana, de apenas 30 anos, está na estrada há algum tempo, mas foi em 2018 que alcançou maior sucesso com a canção Cobaia, parceria com Maiara e Maraísa.

Em outra faixa, Upperhand, a parceria é com o músico norueguês Jan Session, que vive na Bahia, e que empresta à canção um riff folk-blues diretamente dos anos 1970. Como na música citada anteriormente, um beat vai ganhando o espaço e Edi Rock rima em cima dele.

O músico reconhece que há 20 anos não seria capaz de fazer um álbum com essa orientação, seja pelo momento geral da música, seja por sua própria experiência. “A gente vai se preparando com a vida. Quando ainda não está bom, vou fazer diferente, e assim vai. É uma lapidação: o trabalho com música é desse jeito, vão se criando outras possibilidades, a música é infinita, não tem barreiras, não tem horizonte.” Mas um disco de Edi Rock sempre vai ser um disco de rap, e aqui não é diferente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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