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Larga Brasa

Escândalo na Ribeirão Preto de outrora
Dois grandes amigos, professores e com grandes aptidões ar­tísticas, decidiram aproveitar a viagem das patroas para o Velho Mundo e saíram “à caça” de garotas pelas bandas da avenida Doutor Francisco Junqueira, o antigo “point” dos encontros não convencionais. Andaram primeiro pela praça XV de Novembro, pela rua General Osório – onde algumas desgarradas figuras também faziam o “footing” – e nada de diversão. Desceram, en­tão, para os lados da Barão do Amazonas e da Francisco Jun­queira, conhecida à época como “Avenida Chico”.

Encontro reluzente
O carro reluzente das figurinhas carimbadas da alta sociedade im­pactava às circulantes nas calçadas escuras, cobertas por árvores frondosas que escondiam a iluminação bruxuleante da época e pro­piciava a abordagem. O “carrão” importado parou perto de duas don­docas e os “vaga-lumes”, como eram conhecidos os apartados das esposas nos encontros pecaminosos, colocaram meio corpo para fora do veiculo e chamaram as duas para um passeio pela Nove de Julho.

Supimpa
Aquela avenida era o que havia de supimpa na época. Era exclusi­vamente residencial, com as casas mais pomposas da cidade que ainda se desenvolvia e onde alguns edifícios altos despontavam para aproveitar a geografia que empurrava para acima os que se julgavam nas alturas. Logo o convite foi aceito, mas com uma condição: elas precisavam faturar um extra para complementar o ‘desmilinguido’ salário de domésticas nos Campos Elíseos.

Todo cuidado é pouco
Com todo o cuidado e mandando que as convidadas se dei­tassem no confortável banco traseiro, eles subiram a Visconde de Inhaúma e chegaram até as proximidades da Recreativa, do Clube dos XV e das grandes casas e poucos edifícios altos. Não havia porteiro no prédio onde residia um dos professores, ele se adiantou e abriu a porta de entrada de sua casa nas alturas, sem­pre olhando para todos os lados. Então, deu o sinal para que elas acompanhassem a dupla. Pé ante pé, todos entraram. Não havia câmeras e as comadres de plantão estavam (aparentemente) dormindo. Alta madrugada…

Noite de champanhe e sobras de geladeira
Ficaram a noite e madrugada adentro na farra, com champanhe e sobras da geladeira. Os dois já de “meia idade” aproveitaram-se da liberdade do solteranato. Quando a noite se esvaía, resolveram apagar o quadro de pecado de dentro da casa. Passaram a mão em todas as louças e farelos, garrafas e copos e ainda pediram para as companheiras que lavassem o que estava na pia da es­plendorosa cozinha. Elas ainda estavam entusiasmadas pelo que viam de luxo, champanhe , etc.

Voz de comando – batalhão bateu em retirada
O dono da casa, experiente no prédio e sabedor que se aproxi­mava a hora do pessoal acordar para fazer as compras diárias no “Mercadão” da Jerônimo Gonçalves, deu a voz de comando: “batalhão da madrugada, retirada!” As meninas passaram a mão em suas blusas simples e eles, ainda sonolentos, foram para o elevador com toda a cautela, sem acender luzes dos corredores e fazendo o possível para que não fossem notados. Chegaram ao saguão do prédio, observaram se os guardas estavam fazen­do rondas ou mesmo se havia alguém contando estrelas e tudo estava silente.

Sapato na mão
Fizeram sinais para que as duas saíssem, e elas foram embora com todo o cuidado. Sapatos nas mãos para que não fizessem barulho nos andares inferiores e blusas no outro braço. Eles colocaram as duas para fora e trancaram a porta. Deram um “migué” e fingiram ter esquecido do trato do dinheiro. Afinal, as finanças dos dois não estavam muito equilibradas e não havia cheque especial e nem cartões de crédito. O máximo que havia eram as cadernetas em que se dependurava a conta para pagar no fim do mês.

Barraco
As meninas precisavam do dinheiro para as compras das suas casas e tentaram argumentar com a dupla por meio de uma lin­guagem semelhante a de Libras. Esfregaram polegar no indicador e deram sinal de que fariam escândalo. Todo o silêncio do bairro rico foi quebrado pelos gritos das duas, que ecoaram pela madru­gada. “Professor Fulano e doutor Beltrano, pegaram nóis e não pagou (sic)”. E mais alto ainda repetiam a frase. As luzes do pré­dio e das casas vizinhas foram se acendendo e as cabeças dos vizinhos, inclusive das comadres foram pontilhando. Comentário geral. Os dois se mandaram para o apartamento do morador do prédio e ficaram escondidos.

Chama a polícia!
Alguém chamou a polícia. Eram poucos os telefones fixos na época. Os camburões se juntaram na esquina do famoso prédio. As duas davam as indicações sobre o apartamento em que esti­veram. Não se falava em abuso e nem de violência sexual para o pessoal que sobrevivia de programas na “Baixada”, etc. Mas os PMs entraram na majestosa residência dos mais poderosos e foram até ao apartamento da farra. Cobraram o que havia sido prometido às “meninas”. Os dois quebraram “porquinhos” com moedas, juntaram caraminguás e pagaram com o que possuíam. As duas pegaram carona no camburão e deixaram o escândalo para os ‘ilustres balaústres “ administrarem.

O dia seguinte
Na manhã seguinte, os dois com “gosto de cabo de guarda chu­va” na boca, cabeça doendo e com a proximidade da chegada das esposas, tomaram “chá de sumiço” e ficaram exilados em suas cadeiras de balanço até que uma comadre contou para a esposa do morador do apartamento o que havia acontecido. Foi um pro­blema para os dois. Mas conseguiram manter as aparências e as esposas. O assunto rendeu e até foi notícia em um dos jornais da cidade, mas com todo o cuidado para não ferir suscetibilidades.

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