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Carros, ação, pancadaria não faltam a ‘Velozes e Furiosos- Hobbs & Shaw’

Por Luiz Carlos Merten

São números astronômicos, e curiosamente somente o 1º e 3º filmes da série Velozes e Furiosos registraram um público abaixo do milhão (de espectadores) no Brasil. O 7 quase chegou a 10 milhões (9,858 milhões), o 8 a 8,408 milhões. No Brasil, a série toda registrou 31,359 milhões de espectadores e, em todo o mundo, a bilheteria ultrapassou US$ 5,1 bilhões. 

No início, o público ia ver Vin Diesel e Paul Walker, e quando este último morreu num acidente de carro – em 2013 -, houve até a suspeita de que Fast and Furious talvez acabasse. A homenagem do 7º filme teve um efeito revigorante no público e tornou-se tão popular que originou spin-offs, ou seja, uma nova franquia criada a partir de uma já existente – como Velozes e Furiosos – Hobbs & Shaw, que estreia nesta quinta, 1º.

Dwayne Johnson e Jason Statham como parceiros, e todo mundo sabe que, em Hollywood, as duplas só funcionam se os parceiros são disfuncionais. 

‘Remember’ Mel Gibson e Danny Glover em Máquina Mortífera. Em certos momentos, Johnson e Statham parecem estar num thriller de Quentin Tarantino – não filosofam, como John Travolta e Samuel L Jackson em Pulp Fiction – Tempo de Violência, mas falam, falam, falam… Faz parte da graça do filme de David Leitch, diretor de V de Vingança, De Volta ao Jogo, Atômica e Deadpool 2, dizer bobagens, provocar-se. Não apenas Johnson e Statham, mas Statham e Helen Mirren, como sua mãe, que está presa, e Statham e Vanessa Kirby, a irmã, Hattie, o pivô da trama. E o filme ainda tem Ryan Reynolds, de Deadopool, outro campeão do besteirol, e Idris Elba, como Brixton. Na impossibilidade de ser 007, ele vira um vilão (quase) indestrutível, espécie de autoproclamado Superman negro.

Como produto derivado da série criada por Rob Coen, Hobbs & Shaw prescinde da presença de Toretto e seus amigos. Já começa a mil, uma operação de resgate de um vírus com força suficiente para destruir a humanidade, derretendo o interior de pessoas. Hattie/Vanessa comanda o resgate, que parece bem-sucedido até que entra em cena Idris Elba. Ele saiu do lado do ‘bem’ para se juntar ao mal, uma organização que promete resolver os problemas da Terra, e salvar o futuro, matando os fracos e turbinando brutamontes como Elba, que vira um robô meio cyborg. Para impedir que ele se aposse do vírus, Vanessa o (auto) injeta e vira uma bomba viral em potencial. O irmão, Statham, e Johnson são recrutados pela CIA para protegê-la, mas passam meio filme brigando, antes de aliar-se pela boa causa.

Johnson, que tem uma filha, vive afastado da sua família à qual precisa voltar por conta da expertise do irmão Jonah/Cliff Curtis, com quem brigou. Em todo o mundo, o cara parece ser o único mecânico que pode consertar o maquinário capaz de expelir do corpo de Vanessa o vírus mortal. Por conta disso, a ação, depois de Londres e de algum rincão da Rússia, transfere-se para Samoa, onde houve, por um momento, a tentação de integrar outro Jason, o Momoa, à trama, mas o sucesso estrondoso de Aquaman tornou-o muito caro, o que não impede que a mãe, obesa e simpática, de Johnson seja chamada a promover a paz entre os filhos e a recitar a grande verdade que resume o conceito dessa aventura. Mais que a tecnologia, que forja super-homens como Idris Elba, o que importa é o coração. O amor, a família. Entre as provocações de Johnson está exibir o bíceps e dizer a Statham que é mais tatuado, dotado, e que a irmã do ‘amigo’ poderá escalar seu corpão à vontade.

A pergunta que não quer calar – porque Velozes e Furiosos faz tanto sucesso, e personagens há pouco chegados à série, como Hobbs e Shaw, já estão arrebentando? Voltando ao primeiro filme, de Rob Coen, de 2001, que conta a história de policial (Paul Walker) que se infiltra no submundo dos rachas de rua, onde Toretto/Vin Diesel é rei, para investigar furtos. Entre corridas urbanas e pancadaria, o risco de Walker é ser desmascarado, e essa é quase toda a trama. Nos filmes seguintes, a série incorporou mais violência, sexo, rachas – e mais tecnologia, além de elementos de ficção científica. Como Walker e Diesel, Johnson e Statham representam machos alfa que usam os músculos como as máquinas potentes para se exibir, ou exibir a virilidade Shawn/Statham arrasa numa perseguição por Londres e a marca de seu carro é revelada em close, que exibe o logo da McLaren.

A defesa da humanidade é um mero pretexto, e o que importa é o exibicionismo do macho alfa. Não apenas – antes de ser Mulher-Maravilha, Gal Gadot já passeou pela série e, no capítulo atual, mãe e filha, Helen Mirren e Vanessa Kirby, além da mãe samoana, também são poderosas. Todo mundo bate e arrebenta, mas o nosso lado, do bem, o faz com o coração. A batalha decisiva é do velho tacape contra armamento de ponta. 

O que não faltam são piadas. Hobbs diz uma máxima que Hattie atribui a Bruce Lee. Não, é Nietzsche, ele corrige e acrescenta que, a par dos músculos, tem cérebro. No minuto seguinte, outra máxima. É Nietzsche, ela pergunta? Não – Bruce Lee. O importante é não se levar excessivamente a sério. A cultura pop ri de si mesma. O público feminino adora Velozes e Furiosos. A Universal conta encher as salas que vão exibir Hobbs & Shaw.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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