A paixão pelo rock e o olhar profissional inspiraram a fotógrafa Mel Garcia a desenvolver um projeto ousado: o ensaio “Girls of Rock”, em homenagem do Dia Mundial do Rock, comemorado em 13 de julho. A produção foi lançada pelas redes sociais da data comemorativa com VT e exibição das imagens produzidas ao longo deste mês. Após apresentação pela internet, o projeto entra na sua segunda fase, que é a montagem de uma exposição fotográfica física. A intenção é ter uma agenda itinerante para apresentar os resultados do trabalho para outros públicos.
O ensaio propôs uma transformação de sete mulheres para assumirem a imagem de sete homens ídolos do rock internacional. São eles: Axl Rose (representado por Danielle Carvalho) e Slash (Mayara Lima), do Guns N’ Roses; Steven Tyler (Rafaela Esper), do Aerosmith; Freddie Mercury (Ludmila Proença), do Queen; Jonh Bon Jovi (Laressa Oliveira), do Bon Jovi; Jimi Hendrix (Taci Pádua); e Angus Young (Amanda Jacob), do AC/DC. As mulheres fotografadas têm histórias de vidas diferentes, mas com algo em comum: também curtem o rock e se identificam com os ícones que simbolizaram por meio de uma produção detalhada.
A produção foi planejada pela fotógrafa Mel Garcia e levou um mês para ficar pronta. Mas, antes, de 2015 para cá, ela estudou o estilo, as expressões e o vestuário dos ícones selecionados, bem como fez um estudo de observação de suas trajetórias de sucesso e peculiaridades. “Sou apaixonada por rock, em 2015 comecei com essa ideia, mas só agora retomei o projeto e deu certo com ajuda de parceiros”, conta a idealizadora do ensaio.
Mel diz que encontrar as pessoas certas, que tivessem uma certa semelhança física com os personagens do rock e pudessem transmitir os gestos e as expressões, foi o maior desafio. “Todas elas foram orientadas a assistir a shows com os personagens e a observar detalhes de gestual e expressões marcantes para interpretarem de forma mais fiel às figuras reais”, destaca.
A fotógrafa contou com apoios para produção como um todo, o que após sua idealização, necessitou de levantamento de instrumentos, produção de figurino, de maquiagem e cabelo e finalização. O ensaio foi produzido nos estúdios fotográficos do Centro Universitário Moura Lacerda, onde Mel Garcia formou-se em Publicidade. Já a transformação feita com as participantes do ensaio, incrementadas pela produção de cabelo e maquiagem, foi feita pela equipe de Shampoo Eliane e Rafael Pavini. O vestuário foi criado com apoio de peças da marca John John.
Segundo a hairstylist Eliane Pavini, o trabalho feito pelos cabeleireiros Jotta Martins e Rafael Pavini e pela maquiadora Elaine Pádua, foi um processo artístico que também exigiu pesquisa criteriosa, criação e esforço conjunto da equipe envolvida. “O resultado ficou muito próximo da realidade dos personagens, em função de uma série de fatores como o olhar profissional e preciso da fotógrafa”, diz.
“Da nossa parte, contou a experiência e o domínio das técnicas, pois nossos profissionais utilizaram recursos estilísticos e técnicos do hair e maquiagem, que hoje, por conta de inovações podem ser transformadores”. Eliane Pavini ressalta ainda que a equipe adorou participar deste ensaio. “Buscamos sempre mostrar o quanto o trabalho profissional e em conjunto, como neste caso, envolvendo profissionais de várias áreas, pode tornar-se criativo, artístico e emocionar as pessoas”.
Eles por elas: identificação
Um ponto interessante do ensaio é que todos os retratos são de mulheres que têm feições, estilos ou algum fator, como cabelo ou sorriso, por exemplo, que se identifique com o personagem do rock interpretado. “Sempre tive uma intenção de priorizar a mulher no meu ensaio. Talvez porque fui criada apenas por mulheres, tenho essa busca de valorizar a mulher, sem elo com o feminismo, mas apenas para valorizar a figura feminina”, explica Mel Garcia.
A fotógrafa conta que priorizou não usar modelos profissionais, mas resgatar mulheres comuns do seu convívio e outras que nem conhecia, por isso foi preciso também observar nas ruas ou avaliar indicações de amigos e conhecidos. Entre as participantes, apenas uma, a DJ Rafaela Esper (personificada de Steven Tyler), tem elo com a música.
A empreendedora vegana Amanda Jacob, que vivenciou Angus Young na pele, avalia o roqueiro como um misto de energia, eletricidade – a alma do AC/DC. “O rock tem esse dom de manter nossa alma sempre jovem. Representá-lo foi alegria em alta voltagem”, comenta. Já Ludmila Proença, publicitária e historiadora, que se transformou em Freddie Mercury, disse que o cantor enquanto vivo, sempre ficou no centro e os demais gravitando à sua volta. “E assim continua, mesmo com ele morto. Um rei, um mito, uma lenda. Representá-lo foi uma honra”, expressa.
Origem da produção – Tocada pelo poder da música e pela potência dos sete mitos escolhidos para o ensaio, a fotógrafa Mel Garcia também tem o rock na veia. Além de publicitária, ela teve uma carreira musical com uma banda formada só por mulheres, a Strax. A banda ficou na estrada durante cinco anos com apresentações em bares e casas noturnas de Ribeirão Preto e algumas oportunidades em Minas Gerais e São Paulo. O grupo feminino defendia o punk rock e o hard core com releituras musicais e inclusive uma produção autoral.
A paixão da fotógrafa pelo rock começou cedo, por volta dos 13 anos, “naquela fase comum de rebeldia da adolescência”, destaca Mel que ainda garante: não teve influências familiares do rock, mas mesmo assim, o estilo musical sempre fez sua cabeça. “Minha família é toda sertaneja, eu sou ‘ovelha negra’. Sou o avesso. Ninguém gosta de rock, só eu. Na verdade, comecei a gostar de rock na adolescência, mais por influência de amigos na escola e depois comecei a fazer aula de violão. Quando entrei na música o gosto pelo rock aflorou”, lembra.
Mais tarde, com o término da banda, Mel partiu para as carreiras profissionais de publicidade e de fotografia, mas o sonho da batida rock and roll permanece e ganha eco nesta produção fotográfica. “Hoje trabalho mais centrada com a fotografia publicitária. Este novo trabalho tem um cunho pessoal. É uma linha artística e saiu totalmente fora da curva. Fiz com amor, vesti a camisa. Foi uma pauleira, mas produção deu muito prazer”.