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De olho na presidência

FOTO: ALINE PEREIRA

O vereador Marinho Sampaio (MDB) está em seu terceiro mandato parlamentar, depois de um hiato de oito anos – 2009 a 2016 – quando foi vice-prefeito na gestão da então prefeita Darcy Vera. Alegando razões políticas, renunciou ao cargo de vice-prefeito no meio do segundo semestre de 2016. Na épo­ca, a Operação Sevandija atingiu vários integrantes da antiga administração, mas Marinho não foi citado na operação e nem acusado de irregularidades.

Em entrevista ao Tribuna ele afirma que nenhum cidadão brasileiro consciente fica satisfeito ao ver que seus represen­tantes estão envolvidos em irregularidades. “Quem cometeu crime e foi condenado precisa pagar o que deve para a Justi­ça e a sociedade. Estou no mesmo partido desde o início da minha vida pública e vejo a sigla como algo muito maior do que essas pessoas que desvirtuaram a ciência política”, diz. Marinho é candidato a presidência do Diretório Municipal do MDB que será realizada no dia 3 de agosto.

Entre os projetos que queremos incentivar, caso se confir­me a nomeação, é fomentar o maior engajamento de jovens, mulheres e outros grupos representativos na política. Novas ideias, visões de mundo, debate de pontos de vista pode enri­quecer muito a democracia.


Tribuna Ribeirão – O se­nhor tem criticado bastante o atual governo. Que avaliação faz da atual administração?
Marinho Sampaio – As críticas são pelas promessas de campanha que até agora nem sequer começaram a ser cum­pridas. É só andar pela cidade e ver que a situação piorou muito em todos os sentidos, desde a zeladoria nos bairros, até falhas no atendimento so­cial com a falta de vagas para tratamentos de saúde mental e aumento no número de mo­radores de rua, por exemplo.

Tivemos significativa redução de investimentos em saúde e educação, o que prejudica principalmente os menos fa­vorecidos. Uma administração que alega não ter dinheiro para nada, mas gasta milhões com propaganda, é inaceitável.

O endividamento dos co­fres públicos aumenta a cada dia e a população de Norte a Sul não está satisfeita. Pesquisas de opinião feitas por empresas especializadas confirmam alto índice de rejeição desta admi­nistração. Só ouvimos recla­mações, essa é a avaliação mais clara que existe.

Em sua opinião, até o mo­mento, em que o governo er­rou e no que acertou?
Marinho Sampaio – O go­verno acerta ao tentar equili­brar as contas públicas de acor­do com a arrecadação porque nós sabemos a situação finan­ceira que os municípios estão, a crise que o país enfrenta nos últimos anos. Não dá mais para gastar e deixar a conta para outros pagarem. A Lei de Res­ponsabilidade Fiscal precisa ser respeitada, mas não pode ser­vir de desculpa para tudo. Ad­ministrar é fazer boas escolhas, não se pode cortar o essencial e inchar a Prefeitura e autarquias com cargos políticos e “gente de fora”, por exemplo. Quem é eleito para governar tem o de­ver de encontrar saídas para atender as demandas mais ur­gentes da cidade. A adminis­tração comete erros que antes apontava em outras gestões: não tem diálogo com a Câma­ra e com servidores, não ouve a própria sociedade através de suas entidades representativas.

O senhor retornou a Câ­mara após dois mandatos como vereador e ter sido vice­-prefeito. Quais as diferenças que constatou no Legislativo?
Marinho Sampaio – O meu trabalho como vereador sem­pre foi de legislar e fiscalizar. Também faço questão de aten­der as pessoas no gabinete. As redes sociais facilitaram muito esse contato e o empenho para intermediar o munícipe com os diferentes setores da admi­nistração municipal. Nos dois primeiros mandatos estive mui­to empenhado na solução de necessidades dos moradores de Bonfim Paulista onde moro e fui subprefeito regional.

Nesta Legislatura tenho feito um trabalho mais amplo porque a cidade cresceu e rece­bemos munícipes de todos os bairros, eleitores mais informa­dos e que querem se sentir bem representados. A experiência no Executivo foi muito positiva para entender o funcionamen­to de cada órgão da adminis­tração direta e indireta, como funciona a gestão da cidade. Esse conhecimento prático faz toda diferença para o êxito no dia a dia do Legislativo.

Quais dos seus projetos o senhor considera mais re­levantes?
Marinho Sampaio – De ja­neiro de 2017 até o final do pri­meiro semestre deste ano pro­tocolei mais de 50 projetos de lei, todos de interesse público, sem homenagens ou honrarias. Estou cumprindo a promessa de não dar títulos, apresentar somente matérias com ênfase em transparência e fiscalização.

Alguns projetos de minha autoria ainda serão votados, mas posso destacar a lei que proíbe nomear para cargo em comissão pessoas condenadas ou respondendo processo de improbidade administrativa ou peculato. Outra lei é a cria­ção do PEC – Projeto Escola Consciente – em conjunto com engenheiras ambientais e sanitárias. Esse mesmo pro­jeto já foi premiado pela ini­ciativa privada em concursos nacionais e reconhecido pela ONU. Em contrapartida há leis aprovadas que não estão sendo cumpridas, o que de­monstra descaso do Governo tanto com a Câmara, quanto com a população. Bom exem­plo é a obrigatoriedade de di­vulgação de custos, unitário e total, de veiculação de publi­cidade nos meios de comu­nicação pelo poder público. Entendemos que se trata de improbidade administrativa que precisa ser apurada por vereadores independentes e toda sociedade.

Em sua opinião o fim das coligações para eleições pro­porcionais no ano que vem pode prejudicar sua candida­tura a reeleição?
Marinho Sampaio – Não. Nos meus dois mandatos an­teriores na Câmara e neste não precisei de coligação para ser eleito. Tenho uma carreira política de mais de 40 anos, graças a Deus sem qualquer denúncia, irregularidade, só muito trabalho honesto. Acho que a tradição da política bra­sileira faz com que o nome e a trajetória do homem público contem mais na hora do voto do que o partido a qual se está filiado. Claro que a ideologia política é importante, integrar uma boa equipe, mas quem quer se eleger ou se reeleger não pode ficar fazendo conta de quociente eleitoral. Tem que apresentar propostas, re­alizações, experiência, um di­ferencial que conquiste a con­fiança do eleitor. Eu e a minha assessoria temos nos dedicado para realizar o máximo possí­vel dentro das atribuições le­gais do Legislativo Municipal que são bem restritas.

FOTO: THAISA COROADO

O senhor é favorável a redução no número de vere­adores para 22 na próxima legislatura?
Marinho Sampaio – Há decisão judicial que mantém 22 cadeiras para a próxima Legis­latura. Como não há consenso entre os próprios vereadores nesta questão, então entendo que devemos seguir esse despa­cho. A Constituição prevê que municípios do tamanho de Ri­beirão Preto podem ter até 27 vereadores, o que privilegia a representatividade da popula­ção, especialmente as camadas com menos recursos. É impor­tante destacar que o desejo de economizar dinheiro público não pode ser o único parâme­tro da sociedade para aderir à redução.

O valor repassado pela Pre­feitura para a Câmara é fixo, quando há devolução ao final de cada ano, como vem acon­tecendo recentemente, não se sabe como esses recursos são usados no cofre municipal. Então, mais parlamentares que trabalham de fato para repre­sentar seus eleitores, podem beneficiar mais a população do que somente “cortar gastos”.

O partido que o senhor integra é acusado de ter polí­ticos condenados por corrup­ção. Esta visibilidade política no mínimo negativa lhe preo­cupa ou atinge?
Marinho Sampaio – Ne­nhum cidadão brasileiro cons­ciente fica satisfeito ao ver que seus representantes estão envolvidos em irregularida­des. Quem cometeu crime e foi condenado precisa pagar o que deve para a Justiça e a sociedade. Estou no mesmo partido desde o início da mi­nha vida pública e vejo a sigla como algo muito maior do que essas pessoas que desvirtuaram a ciência política. Em todos os níveis, Federal, Estadual e Mu­nicipal, o MDB também soma muitas realizações. Os deputa­dos Baleia Rossi e Léo Oliveira estão entre os que mais enviam emendas para a nossa cidade. Então é preciso separar o “joio do trigo”, cada um é responsá­vel pelas escolhas e atitudes.

O diretório do MDB de Ribeirão Preto terá eleições nos próximos dias. O se­nhor é candidato?
Marinho Sampaio – Sim, entendo que o momento é pro­pício para somar os nomes for­tes do partido com novos can­didatos para dar início a uma nova etapa. O eleitor atualmen­te aprendeu a cobrar mais, ob­servar melhor a conduta pesso­al e pública de todos os cargos eletivos. Para quem já desem­penhava as funções com lisura e empenho, mais transparência nada mais é do que uma aliada.

Caso eleito, o que o se­nhor pretende implementar no partido em nível local para se diferenciar dos seus antecessores?
Marinho Sampaio – En­tre os projetos que queremos incentivar, caso se confirme a nomeação, é fomentar o maior engajamento de jovens, mulheres e outros grupos re­presentativos na política. No­vas ideias, visões de mundo, debate de pontos de vista pode enriquecer muito a democra­cia. Também quero agregar aos filiados novas oportuni­dades com mais reuniões e encontros, além de cursos da Fundação Ulisses Guimarães. O MDB é um partido conso­lidado, com lideranças fortes, capaz de trazer investimentos para toda região metropoli­tana. Política é uma arte que não se exerce sozinho, no improviso, nem é algo conta­minado como tem se julgado. Política é o único meio efetivo de melhorar a vida das pesso­as como um todo, é responsa­bilidade mesmo de quem não tem cargo eletivo.

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