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Justiça prorroga prisão de hackers

FOTO: ALFREDO RISK

O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília (DF), decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão tempo­rária dos quatro alvos da Ope­ração Spoofing, sob suspeita de invadir celulares do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol (coordena­dor da Operação Lava Jato no Paraná) e centenas de procura­dores, juízes e delegados fede­rais, além de jornalistas.

Inicialmente, os quatro pre­sos são investigados pelos cri­mes de invasão de dispositivos informáticos e interceptações te­lefônicas, que prevê pena máxi­ma de três anos e quatro meses. Caso também sejam enquadra­dos na Lei de Segurança Nacio­nal, como defendem integrantes do Planalto, a punição pode che­gar a 15 anos de prisão.

O grupo suspeito de promo­ver ataques virtuais teve como alvo até o presidente da Repúbli­ca, Jair Bolsonaro (PSL). Na lista estão ainda os presidentes da Câ­mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além do ministro Alexandre de Moraes, do Supre­mo Tribunal Federal (STF). A lista de autoridades alvo do gru­po também inclui o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Otávio Noronha

Além deles, a procuradora­-geral da República, Raquel Do­dge, e pelo menos 25 membros do Ministério Público Federal. Ainda há o ministro Paulo Gue­des, da Economia. Nem todas as vítimas foram identificadas. Se­gundo a Polícia Federal, a ofen­siva revela a vulnerabilidade da comunicação na cúpula dos três Poderes. No caso de Bolsonaro, os investigadores já sabem que a tentativa de acessar os dados no aplicativo Telegram foi bem-su­cedida e ocorreu neste ano.

O conteúdo das mensagens, contudo, não será analisado pela PF, mas encaminhado à Justiça Federal. No Palácio do Planalto, o fato é considerado crime de segurança nacional. Walter Delgatti Neto, o “Ver­melho”, de 30 anos, preso no bairro da Ribeirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto, seria o líder da suposta quadrilha – ele já confessou à Polícia Federal ter hackeado Moro, Dallagnol e outras autoridades.

De acordo com o magistra­do, “Vermelho”, Danilo Cris­tiano Marques, de 36 anos, e o casal Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, e Suellen Priscila de Oliveira, de 25, de­vem continuar presos para que sejam aprofundadas as investi­gações da Operação Spoofing, que mira ataques hacker a mil pessoas, entre elas, autoridades dos três Poderes. A prorrogação foi solicitada pela Polícia Fede­ral e pelo Ministério Público Federal (MPF) devido à grande complexidade da investigação e à grande quantidade de dados apreendidos a serem analisados nos próximos dias.

Os investigadores ainda não conseguiram obter o conteúdo dos celulares de dois dos presos, Gustavo e Suelen, tampouco tiveram acesso às contas de bi­tcoin que ambos possuem, de forma que a liberdade os per­mitiria movimentar dinheiro. Vallisney de Oliveira ressalta ser necessário continuar a apuração sobre crimes financeiros, como fraudes bancárias.

Segundo o magistrado, “sem a prorrogação de mais cinco dias das prisões, soltos os investiga­dos poderão agir e combinar e praticar condutas, isoladamente e em conjunto, visando apagar provas em outros endereços, mudar senhas de contas virtuais, fazer contatos com outras pes­soas eventualmente envolvidas, retirar valores de contas desco­nhecidas ou de algum modo prejudicar o inquérito policial”.

O juiz ainda afirma, em de­cisão, que a investigação “de­pende ainda de um trabalho técnico pericial e que deman­dará mais alguns dias para ser concluído, considerando-se que dos diversos aparelhos alguns ainda estão com os impeditivos das senhas e outros precisam ser vasculhados e periciados de forma abrangente”.

O juiz anota que, pelos interrogatórios dos alvos da Spoofing, “observa-se que os in­vestigados deram diversas infor­mações sobre os fatos em apura­ção, havendo ainda necessidade de continuidade das investiga­ções”. Vallisney de Oliveira afir­ma que ainda está pendente a avaliação do “completo cenário e a profundidade das invasões praticadas, mesmo porque a in­formação técnica atesta que 976 pessoas ou números telefônicos teriam sido alvos dos ataques”.

E também de “localizar a origem da quantia de R$ 99 mil em espécie apreendidos com Gustavo Henrique e Suelen e se possuem (e qual grau de) li­gação com a atividade de inva­são diretamente realizada por Walter”. O juiz afirma que é ne­cessário “descobrir mais sobre apreensão em poder de Danilo Marques de 60 chips lacrados para telefone celular pré-pago da TIM e sua destinação e utili­dade nas investigações”.

Os peritos que atuaram na apuração das invasões dos celu­lares apontaram que os suspeitos de terem feito o hackeamento dispararam 5.616 ligações para os telefones das autoridades por meio de robôs para congestionar as linhas e, com isso, viabilizar o acesso às contas do aplicativo de mensagens Telegram.

Nesta sexta-feira, os depoi­mentos de Gustavo Elias Santos e Suellen Priscila foram adiados porque juiz, promotores e poli­ciais querem ouvir “Vermelho” e Danilo Marques novamente. O advogado de defesa de Del­gatti, Luiz Gustavo Delgado, não comentou as declarações de seu cliente à PF

Já Ariovaldo Moreira, que defende o casal Gustavo e Suel­lem, disse que vai pedir a revo­gação da prisão de seus clientes porque não há mais motivos para mantê-los presos. “Es­tou convicto da inocência dos meus clientes e que eles não se envolveram nessa empreita­da criminosa”, disse.Ele voltou a afirmar que o DJ teria uma conversa trocada com “Verme­lho” no Telegram em que aler­tava o amigo: “Cuidado que você pode ter problema com isso”. Segundo o advogado, se “abrirem o Telegram vão ver que meu cliente falou (para o Walter): ‘Para com isso que isso vai te dar problema’.

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