O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registra a marca de R$ 1,4 trilhão nesta quinta-feira, 25 de julho, às 7h45. O montante – que representa o total de impostos, taxas, multas e contribuições pagas desde o início do ano – é atingido doze dias antes do que no ano passado, indicando que a sociedade está pagando mais tributos aos governos municipais, estaduais e federal. Na comparação com 2018 o aumento nominal foi de 5,72% e o aumento real (descontando-se a inflação) foi de 2,38%.
“Embora o ritmo da atividade econômica esteja abaixo do esperado, há aumento da arrecadação por parte do governo, puxado por alguns setores com tributação alta, como veículos, por exemplo, e os royalties do petróleo, que estão crescendo em relação a 2018. Isso pode estar acontecendo com outros segmentos – nem todos estão na mesma média de atividade. Além disso, a economia está crescendo um pouco, mas está crescendo, então naturalmente a arrecadação também cresce”, diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.
Divisão – O montante de R$ 1,4 trilhão registrado na manhãdesta quinta-feira equivale à arrecadação nominal de 2019 (desconsiderando a inflação). Desse bolo tributário, o governo federal recebe 65%, aproximadamente R$ 915,24 bilhões . Já as 27 unidades da federação recebem 28%, o9u R$ 391,55 bilhões. Por fim, 7% são destinados aos 5.570 municípios, cerca de R$ 93,20 bilhões. “Ainda mais importante do que olhar para o valor total é olhar para os gastos, em especial as aposentadorias sejam elas públicas ou privadas – que têm subido num ritmo muito maior do que a arrecadação”, diz Solimeo.
“As despesas previdenciárias estão em níveis tão elevados que comprimem o restante do orçamento, impossibilitando investimento em áreas prioritárias como saúde, educação e segurança. A reforma da Previdência precisa ser aprovada o quanto antes. Infelizmente ela ficou para o segundo semestre: o ideal é que já estivesse concluída. O Congresso não pode postergar mais essa decisão e, acima de tudo, não pode desidratar mais o texto em tramitação”, pontua o economista.
A arrecadação de impostos em Ribeirão Preto passou de R$ 1 bilhão pela primeira vez, no ano passado, segundo o Impostômetro da ACSP. O painel indica que, em 2017, a cidade recolheu R$ 906,14 milhões em tributos e taxas municipais, estaduais e federais, contra R$ 1,01 bilhão do ano passado, alta de 11,6% e aporte de R$ 105,86 milhões – os números foram arredondados.
O peso dos tributos sobre a economia subiu no ano passado. Em 2018, a carga tributária equivaleu a 33,58% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma dos bens e serviços produzidos no país –, segundo estimativa divulgada no final de março, pelo Tesouro Nacional. Em 2017, a carga tributária, conforme a metodologia usada pelo Tesouro, havia sido de 32,62%. O ribeirão-pretano desembolsou no ano passado, em média, R$ 14.578,43 apenas para pagar impostos municipais, estaduais e federais, segundo o Impostômetro. Em 2017, cada habitante de Ribeirão Preto pagou R$ 13.280,67. O montante per capita de 2018 é 9,8% superior ao do período anterior, acréscimo de R$ 1.297,76.
Em 2017, de acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ribeirão Preto tinha 682.302 habitantes, contra 694.534 do ano passado. Até as 18h40 desta quarta-feira (24), em 205 dias deste ano, o contribuinte brasileiro já havia arcado com R$ 1,396 trilhão. Aplicado na poupança, renderia R$ 270,36 milhões por dia. Dinheiro é suficiente para pagar dez salários mínimos por mês (R$ 9,98 mil) durante 12.416.899 anos
A arrecadação em Ribeirão Preto estava em R$ 611,53 milhões no mesmo horário – cerca de R$ 2,98 milhões por dia, R$ 124,29 mil por hora, R$ 880,48 por habitante. O painel do Impostômetro foi implantado em 2005 para conscientizar os brasileiros sobre a alta carga tributária. Há um semelhante na sede da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Na capital paulista, fica na sede da ACSP, na rua Boa Vista, Centro.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o brasileiro trabalha em média 153 dias, ou cinco meses por ano, só para pagar impostos. Em artigos de higiene pessoal, por exemplo, a carga tributária é de 46%. Sobre o custo de um eletrônico, incidem cargas de 43%. Em itens de perfumaria as taxas chegam a 70%.