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O grande passo da humanidade

DIVULGAÇÃO/NASA-FOTO DE BUZZ ALDRIN

Há 50 anos, em 20 de ju­lho de 1969, a nave da missão americana Apollo 11 pousou na Lua. O mundo inteiro parou para ver o momento histórico que foi transmitido ao vivo pela TV e assistido por mais de 500 milhões de pessoas ao redor do globo. Neil Armstrong foi o pri­meiro homem a pisar em solo lunar, e disse a frase que entrou definitivamente para a história: “É um pequeno passo para (um) homem, um salto gigante para a humanidade”.

O astronauta fincou a ban­deira do único país que, até hoje, enviou homens à Lua. Até de­zembro de 1972, foram doze as­tronautas. Os reflexos da corrida espacial está em cada twit, what­sapp e e-mail que o mundo en­via a cada segundo. As viagens para o espaço revolucionaram as telecomunicações e mudaram o estilo de vida na Terra, reduzin­do distâncias “via satélite”.

A viagem da Apolo come­çou em 16 de julho de 1969. A bordo de uma nave propelida por um motor Saturno V, de três estágios, 110 metros de altura e 2,7 milhões de quilos, até hoje um dos maiores já produzidos pelo homem, três astronautas partiam para o que seria um marco na exploração do espaço e na aeronáutica.

O projeto Apollo teve cus­to de US$ 26 bilhões na época, ou incríveis US$ 153 bilhões hoje, e envolveu praticamente todas as áreas do conhecimen­to. Os mais de dois mil exem­plares de rochas permitiram a descoberta de 75 novos mi­nerais. Até hoje, são mais de 1.500 produtos ou tecnologias que derivam dessa missão.

A Lua foi o ponto de chegada de uma competição que tinha começado décadas antes. A lar­gada da corrida ao espaço come­çou no fim da Segunda Guerra Mundial e nos anos seguintes, com a Guerra Fria entre os Esta­dos Unidos e a antiga União So­viética, virou uma competição entre superpotências. Quem alcançaria os maiores avanços em armamento nuclear? E na conquista espacial?

Apollo 11 foi um voo espa­cial tripulado norte-america­no responsável pelo primeiro pouso na Lua. Os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram o módulo lunar Eagle em 20 de julho de 1969, às 20h17min. Armstrong tornou­-se o primeiro humano a pisar na superfície lunar seis horas depois, já no dia 21, seguido por Aldrin 20 minutos depois.

Os dois passaram por volta de duas horas e quinze minutos fora da espaçonave e coletaram 21,5 quilogramas de material para trazer de volta à Terra. Mi­chael Collins pilotou sozinho o módulo de comando e serviço Columbia na órbita da Lua en­quanto seus companheiros esta­vam na superfície.

Armstrong e Aldrin pas­saram um total de 21 horas e meia na Lua até reencontra­rem-se com Collins. A missão foi lançada por um foguete Saturno V do Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida, às 13h32min de 16 de julho, tendo sido a quinta missão tripulada do Programa Apollo da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa).

A nave Apollo era forma­da por três partes: um módulo de comando com uma cabine para três astronautas, a única parte que retornou para a Ter­ra; um módulo de serviço, que apoiava o módulo de comando com propulsão, energia elétrica, oxigênio e água; e um módulo lunar dividido em dois estágios, um de descida para a Lua e um de subida para levar os astronau­tas de volta à órbita.

Os astronautas foram en­viados em direção da Lua pelo terceiro estágio do Saturno V, separando-se do resto do fo­guete e viajando por três dias até entrarem na órbita da Lua. Armstrong e Aldrin então fo­ram para o Eagle, pousaram em Mare Tranquillitatis e pas­saram um dia na superfície. Os astronautas usaram o estágio de subida do módulo lunar para sa­írem da Lua e acoplarem com o Columbia.

O Eagle foi abandonado antes de realizarem as mano­bras que os colocaram em uma trajetória de volta para a Terra. Eles retornaram em segurança e amerissaram no Oceano Pa­cífico em 24 de julho após oito dias no espaço. A alunissagem foi transmitida ao vivo mundial­mente pela televisão. Armstrong pisou na superfície lunar e falou palavras que ficaram famosas: “É um pequeno passo para (um) homem, um passo gigante para a humanidade”.

A Apollo 11 encerrou a cor­rida espacial e realizou o obje­tivo nacional norte-americano estabelecido em 1961 pelo presi­dente John F. Kennedy de “antes de esta década acabar, aterrissar um homem na Lua e retorná-lo em segurança para a Terra”. Os três astronautas foram recebidos com enormes celebrações nos Estados Unidos e pelo mundo, recebendo diversas condecora­ções e homenagens.

Agora, numa nova corri­da espacial, outras bandeiras devem ser fincadas com uma diferença importante: não de­vem chegar só pelas mãos dos governos. Os chineses estão incentivando a participação de pequenas empresas priva­das nos projetos. Em janeiro de 2019, eles foram a tercei­ra nação a pousar uma son­da na Lua, levando o módulo Chang’e 4 ao chamado lado oculto, onde nenhum outro ti­nha chegado antes.

A Agência Espacial Europeia (ESA) fechou parceria com em­presas para desenvolver um pro­jeto de mineração do solo lunar, até 2025. Nos Estados Unidos, a Nasa já anunciou que vai abrir a Estação Espacial Internacional para turistas a partir de 2020.

Em março passado, uma cápsula da empresa privada Spa­ceX, em parceria com a Agência Espacial Americana, cumpriu uma missão de teste, compro­vando a possibilidade de enviar passageiros. Os Estados Unidos querem ficar a bandeira mais longe ainda: em Marte. O cami­nho está sendo preparado com o projeto de voltar à Lua em 2024; desta vez, desembarcando a pri­meira mulher.

Até lá, a Nasa faz um convi­te: “Se você é uma empresa pri­vada ou até um pequeno país e quer levar um módulo espacial, seja bem-vindo. Nós lhe apoia­mos pra fazer um sistema com­patível e ter acesso à superfície da Lua”, afirma o administra­dor da agência, Jim Bridensti­ne.50 anos de Apollo 11.


Sete curiosidades que antecederam o projeto
No dia 20 de julho comemora-se os 50 anos da chegada do homem à Lua. Um acontecimento que só foi possível por conta de diversas descobertas e curiosidades que antecederam a decolagem do voo tripulado da Apollo 11. Abaixo, segue uma lista com sete fatos curiosos que antecederam a decola­gem do homem à Lua, e que podem ser encontradas no livro “100 passos até uma pegada” (Editora Tordesilhas), do autor Lauro Henrique Jr.
CERCA DE 1300 A.C. – O fascínio pela Lua acompanha a humanidade desde a época em que nossos mais longínquos ancestrais olhavam assombrados para aquele astro brilhante e em constante metamorfose pelo céu. Segundo alguns estudiosos, os homens do período paleolítico não só já teriam conhecimento das fases da Lua como teriam até feito tentativas rudimentares de registrá-las.
O pesquisador americano Alexander Marshack, por exemplo, publicou um estudo no qual defende que as inscrições feitas num pequeno pedaço de osso encon­trado na região da Dordonha, na França, são registros do que seria o primeiro calendário lunar conhecido. De acordo com Marshack, que trabalhou no Museu Peabody de Arqueologia e Etnologia da Universidade Harvard, as marcas foram gravadas no osso numa sequência lógica, com formatos e profundidades diferen­tes, de modo a refletir a própria variação dos ciclos lunares.


FLECHAS DE FOGO (SÉCULO X) – A partir dessa época, os chineses começam a usar a pólvora – a explosiva mistura de enxofre, salitre e carvão que haviam inventado – para criar os primeiros foguetes da história. Desenvolvidos como armas de guerra, os mecanismos eram constituídos basicamente de cilindros de bambu cujo interior era preenchido com pólvora. Após a\ ignição, esses foguetes lançavam flechas ou projéteis de metal. A relação íntima entre esses armamentos ancestrais e os futuros bólidos espaciais aparece em outra curio­sidade da própria língua chinesa: o ideograma para o termo “flecha de fogo” é o mesmo que, hoje, se usa para a palavra “foguete”. Mediterrâneo.
AS CRATERAS (1651) – Ao apresentar ao mundo o seu mapa da Lua, que havia elaborado em parceria com Francesco Maria Grimaldi, o astrônomo italiano Giovanni Battista Riccioli inaugurou o sistema de batizar as crateras lunares com os nomes dos filósofos e cientistas mais importantes da histó­ria. Ainda hoje, dezenas de crateras são chamadas pelos nomes dados por ele, que, obviamente, também foi homenageado ao batizar a imensa Cratera Riccioli, que tem cerca de 140 quilômetros de diâmetro.
CONQUISTANDO O CÉU (1709) – As primeiras experiências bem-sucedidas de conquistar o espaço foram feitas com balões de ar quente. E um dos pio­neiros nesse tipo de tecnologia foi o padre e inventor luso-brasileiro Barto­lomeu Lourenço de Gusmão. Nascido na cidade de Santos, ele ficou famoso ao realizar várias demonstrações perante a corte portuguesa, em Lisboa, do objeto voador que havia construído: um pequeno balão de ar quente, feito de um papel grosso, que ficou conhecido como Passarola. Embora não haja registro oficial do experimento, apenas o relato de testemunhas da época, sabe-se que Bartolomeu de Gusmão conseguiu fazer sua invenção alçar voo e flutuar por algum tempo antes de cair no chão.
Balão espacial (1783) – Aprimorando a “espaçonave” criada pelo padre Bartolomeu de Gusmão, os franceses Jacques-Étienne e Joseph-Michel Montgolfier, conhecidos como irmãos Montgolfier, desenvolveram balões capazes de sustentar o peso de uma pessoa, finalmente realizando a proeza de colocar os primeiros seres humanos no ar em segurança.
Depois de fazer algumas apresentações públicas de sua invenção – em que chegaram a enviar uma ovelha, um galo e um pato como passageiros do balão –, no dia 21 de novembro os irmãos Montgolfier deixaram a popula­ção de Paris em êxtase ao lançar pelo espaço o seu enorme aeróstato, que sobrevoou a cidade por cerca de 25 minutos com os pilotos Jean-François Pilâtre de Rozier e François Laurent d’Arlandes a bordo.
A façanha da dupla de inventores posteriormente lhes garantiu uma homenagem em solo lunar, onde dão nome à Cratera Montgolfier. Só que, no caso deles, há uma curiosidade a mais. A Montgolfier faz parte de um conjunto de crateras cujo formato peculiar acabou ganhando o apelido de “pata do gato”, e foi justamente bem perto desse local que, quase dois séculos após a decolagem dos irmãos franceses, os astronautas da Apollo 11 pousaram o seu “balão” na Lua.
FOTO DA LUA (1849) – As primeiras fotos realmente nítidas da Lua foram feitas pelos americanos John Adams Whipple, um dos pioneiros da fotogra­fia, e William Cranch Bond, astrônomo e primeiro diretor do Observatório da Universidade Harvard. Após inúmeras tentativas, em que usaram o enorme telescópio do observatório de Harvard e um daguerreótipo – antigo aparelho que fixava as imagens numa placa de cobre –, os dois conseguiram capturar uma foto ainda hoje surpreendente do nosso satélite.
ANIMAIS NO ESPAÇO (1957) – Um mês após o lançamento do Sputnik 1, a União Soviética colocou o primeiro ser vivo no espaço a bordo do Sputnik 2, a cadelinha Laika. Pesando cerca de 6 quilos, e com aproximadamente dois anos de idade, a vira-lata havia sido recolhida das ruas para fazer parte das pesquisas do programa espacial soviético. A cachorrinha foi submetida a um treinamento intenso e, tão logo sua proeza foi divulgada, transformou-se em celebridade mundial.
Seu destino, porém, foi trágico. Apesar da tragédia e da polêmica gerada por sua morte, a viagem ajudou a compreender os mecanismos capazes de sustentar a vida no espaço. Ao longo dos anos, vários outros animais, como ratos, aranhas e chimpanzés, foram enviados ao espaço, só que, dessa vez, tomando-se o cuidado de preservar a vida dos “bichonautas”.


A corrida espacial e o pouso na Lua
AGOSTO DE 1955 – Estados Unidos anunciam que lançariam um satélite à Lua e a União Soviética responde que faria isso em breve
QUATRO DE OUTUBRO DE 1957 – os soviéticos saem na frente e lan­çam o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial na órbita terrestre
DOZE DE ABRIL DE 1961 – o as­tronauta soviético Yuri Gagarin é o primeiro homem a viajar no Espaço. Deu uma volta completa na Terra
VINTE DE JULHO DE 1969 – a missão Apollo 11 pousa na Lua. Os americanos correram atrás do prejuízo e com Neil Armstrong, os Estados Unidos venciam a corrida
O lançamento do foguete Satur­no e a cápsula com os astronau­tas, que retornaram em segu­rança e amerissaram no Oceano Pacífico em 24 de julho

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