Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que, após atingir crescimento recorde no auge da recessão econômica, a inadimplência do consumidor dá sinais de desaceleração. O volume de atrasos no primeiro semestre de 2019 cresceu 0,9% na comparação com o final do ano passado. Trata-se da segunda menor variação nos atrasos desde 2012, quando a inadimplência havia crescido 5,8% no primeiro semestre daquele ano. Já em 2017, o crescimento observado fora muito semelhante ao deste ano, com alta de 0,8%.
O indicador ainda revela que o valor médio da dívida do brasileiro se manteve praticamente estável na passagem de maio para junho. Somando todas as pendências, cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.252,70 – cifra 0,4% inferior ao constatado no mês anterior (R$ 3.239,48). O valor representa quase três vezes e meia o salário mínimo no país (R$ 998,00). Em média, cada devedor tem duas contas em aberto.
Considerando apenas o mês de junho, o volume de consumidores com contas sem pagar e registrados em listas de inadimplentes também apresentou um crescimento mais modesto: alta de 1,7% frente a junho de 2018. É o menor avanço na base anual de comparação desde dezembro de 2017 (1,3%). Porém, o estoque de pessoas com contas em atraso e que enfrentam dificuldades para voltar ao mercado de crédito ainda é muito elevado. Até abril deste ano eram 62,6 milhões de pessoas nessa situação, o que representa quase 41% da população adulta.
Dados mais detalhados do indicador revelam que houve alta na quantidade de consumidores em três das cinco regiões do pais. A mais acentuada foi na região Sudeste, cujo crescimento foi de 3,4% em junho frente ao mesmo período do ano passado. Quanto a faixa etária, o indicador revela que houve queda da inadimplência entre a população mais jovem, enquanto o número de atrasos aumentou entre os brasileiros de idade mais elevada.
Na faixa dos 18 aos 24 anos, a queda foi de -22,7% e na faixa dos 25 aos 29 anos, o recuo foi de 9,1%. Na faixa que abrange pessoas de 30 a 39 anos, a inadimplência ficou praticamente estável (-0,8%). O maior crescimento no atraso de contas foi observado na população idosa, que varia de 65 aos 84 anos, cuja alta foi de 7,5%. Em seguida aparecem os consumidores de 50 a 64 anos (3,9%) e de 40 a 49 anos (2,8%).
Do total de consumidores que têm contas em atraso no país, um quarto (25%) está na casa dos 30 anos, fase da vida em que as pessoas tendem a assumir mais compromissos financeiros, como casamento, filhos e despesas domésticas. Os idosos acima dos 65 anos formam 10% do universo total de inadimplentes, ao passo que jovens de até 24 anos somam 4% dos que estão nessa situação.
Em junho deste ano na comparação com 2018, houve uma queda de 1,0% no volume de dívidas contraídas em nome de pessoas físicas. Trata-se da sexta queda consecutiva na série histórica do indicador. As despesas básicas para o funcionamento do lar, como contas de água e luz foram as que mais cresceram em junho de 2019, com alta de 17,2% na base anual de comparação.
As dívidas bancárias, como cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos tiveram alta de 2,7%. Já as compras realizadas no carnê ou crediário em estabelecimentos comerciais caíram -5,2%, enquanto os atrasos em contas de internet, TV por assinatura e serviços de telefonia despencaram -20,3% no período.
De acordo com o indicador do SPC Brasil, mais da metade das dívidas pendentes (53%) de pessoas físicas no país têm como credor algum banco ou instituição financeira. A segunda maior representatividade fica por conta do comércio, que concentra 17% do total de dívidas não pagas, seguido pelo setor de comunicação (11%). Os débitos com as empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz representam 10% das dívidas não pagas no Brasil.