Às 5h30 da manhã desta quarta-feira, 10 de julho, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) atingiu a marca de R$ 1,3 trilhão, com onze dias de antecedência em relação ao ano passado. O valor corresponde ao total de impostos, taxas, multas e contribuições pagos pelos brasileiros desde o primeiro dia do ano para a União, os estados e os municípios. São dez tributos municipais, cinco estaduais e 48 federais, totalizando 63.
“O Brasil tem uma carga tributária muito alta e, além disso, tem o sistema de impostos em cascata, ou seja, cobra-se imposto em cima de imposto. Temos, portanto, uma carga muito elevada para o nível de renda da população, penalizando as pessoas com renda menor, que gastam proporcionalmente mais com itens básicos”, comenta Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.
“O Brasil cobra hoje de sua população um total de 63, tributos (impostos, taxas e contribuições). É muita coisa e o retorno disso em serviços para os cidadãos é muito tímido”, diz Marcel Solimeo, economista da ACSP. “Fazer uma reforma tributária é essencial para o Brasil se desenvolver e se modernizar. Num primeiro momento, o caminho tem de ser a simplificação, de maneira a diminuir a quantidade de tributos. Num segundo momento, quando a economia estiver melhor, é preciso focar na redução da carga tributária”, emenda.
Em 2019, pela segunda vez a marca de R$ 1,3 trilhão do Impostômetro foi atingida no mês de junho. Para se ter uma ideia da evolução da carga tributária no Brasil ao longo dos anos, em 2010 o valor não foi alcançado e, em 2011, somente em 14 de novembro. A arrecadação de impostos em Ribeirão Preto passou de R$ 1 bilhão pela primeira vez, no ano passado, segundo o Impostômetro da ACSP. O painel indica que, em 2017, a cidade recolheu R$ 906,14 milhões em tributos e taxas municipais, estaduais e federais, contra R$ 1,01 bilhão do ano passado, alta de 11,6% e aporte de R$ 105,86 milhões – os números foram arredondados.
O peso dos tributos sobre a economia subiu no ano passado. Em 2018, a carga tributária equivaleu a 33,58% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma dos bens e serviços produzidos no país –, segundo estimativa divulgada no final de março, pelo Tesouro Nacional. Em 2017, a carga tributária, conforme a metodologia usada pelo Tesouro, havia sido de 32,62%. O ribeirão-pretano desembolsou no ano passado, em média, R$ 14.578,43 apenas para pagar impostos municipais, estaduais e federais, segundo o Impostômetro Em 2017, cada habitante de Ribeirão Preto pagou R$ 13.280,67. O montante per capita de 2018 é 9,8% superior ao do período anterior, acréscimo de R$ 1.297,76.
Em 2017, de acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ribeirão Preto tinha 682.302 habitantes, contra 694.534 do ano passado. Até as 17h30 desta quarta-feira (10), em 191 dias deste ano, o contribuinte brasileiro já havia arcado com R$ 1,303 trilhão. Aplicado na poupança, renderia R$ 7,57 bilhões por mês. Dinheiro é suficiente para pagar dez salários mínimos por mês (R$ 9,98 mil) durante 11.590.272 anos
A arrecadação em Ribeirão Preto estava em R$ 570,71 milhões no mesmo horário – cerca de R$ 2,98 milhões por dia, R$ 124,16 mil por hora, R$ 821,71 por habitante. O painel do Impostômetro foi implantado em 2005 para conscientizar os brasileiros sobre a alta carga tributária. Há um semelhante na sede da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Na capital paulista, fica na sede da ACSP, na rua Boa Vista, Centro.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o brasileiro trabalha em média 153 dias, ou cinco meses por ano, só para pagar impostos. Em artigos de higiene pessoal, por exemplo, a carga tributária é de 46%. Sobre o custo de um eletrônico, incidem cargas de 43%. Em itens de perfumaria as taxas chegam a 70%.