Tribuna Ribeirão
Educação

Férias vão começar para 47 mil alunos

FL PITON/ CCS

Em meio à polêmica sobre a reposição de aulas por causa da greve dos servidores públicos, cer­ca de 47 mil alunos da rede muni­cipal de ensino de Ribeirão Preto entram oficialmente em férias a partir desta quarta-feira, 10 de ju­lho, com retorno previsto para o dia 19, mas o expediente nas 109 escolas da Secretaria Municipal da Educação terminou mesmo na sexta-feira (5) por causa do feria­do da revolução Constitucionalis­ta de 1932, celebrado nesta terça-feira (9). Nesta segunda-feira (8) foi ponto facultativo. O ano letivo retorna em 19 de julho.

O cronograma de reposição de aulas de 14 unidades escolares prevista para ser realizada durante as férias de julho foi rejeitado pela secretaria. Sete mil alunos serão afetados. A compensação nas 109 escolas municipais é necessária por causa da greve do funciona­lismo público, que começou em 10 de abril e prosseguiu até 3 de maio, interrompendo o ano letivo por 16 dias, e também por pro­blemas pontuais como interdição para obras e falta de professores. Segundo a prefeitura, o planeja­mento apresentado por estas 14 escolas são incompatíveis com na resolução n°06, publicada no Diá­rio Oficial do Município (DOM) de 7 de junho.

A resolução prevê que a pa­ralisação deve ser reposta prefe­rencialmente em dias de reces­so, ficando como alternativas secundárias as datas em que es­tão agendados eventos escolares. Por determinação da Secretaria Municipal da Educação, cada diretor, juntamente com o Con­selho da Escola e a Associação de Pais e Mestres (APM), deve­ria estabelecer o cronograma de reposição e encaminhá-lo para análise da Supervisão de Ensino da pasta. O prazo para apresen­tação do planejamento terminou em 28 de junho.

De acordo com a pasta da educação, regra geral, as escolas que tiveram sua proposta repro­vada querem a reposição realiza­da nos sábados, a partir do início do segundo semestre. O governo afirma que haverá sobrecarregaria para os estudantes, que acabariam tendo aulas em quase todos os sábados até o final do ano letivo. Já com o inicio da reposição na segunda semana das férias, este processo terminaria bem antes.

Por lei, o ano letivo dos 46.921 alunos da rede municipal – 22.696 do ensino infantil e 24.225 do fundamental – matriculados nes­te ano deve contar com 200 dias com carga total de 800 horas. O Sindicato dos Servidores Munici­pais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP) não con­corda com a reposição prevista para o funcionalismo municipal. Por isso, impetrou uma ação judi­cial contra a resolução do governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB) que prevê a compensação dos 23 dias de greve deste ano, a mais longa da história do funciona­lismo público municipal. Quer a suspensão até que o dissídio coletivo da categoria seja julga­do no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).

O prazo para a adesão dos servidores à proposta de repo­sição dos dias não trabalhados durante o último movimento de greve terminou em 12 de junho, depois de uma prorrogação. Se­gundo a Comissão de Política Salarial, dos 2.304 servidores que estiveram em greve, 2.249 aderiram à proposta, ou 97,6% do total – apenas 55 não manifes­taram interesse na compensação. A resolução que prevê a compen­sação dos dias da greve antes mes­mo de decisão judicial definitiva vem sendo alvo de críticas de di­versos setores da categoria.

Para o Conselho Municipal de Educação, a resolução da se­cretaria contraria a lei municipal n° 2.425, que estabelece o Estatuto do Magistério e confere as atribui­ções do Conselho de Escola. O conselho, como órgão máximo de deliberação dentro da esco­la, tem condições de atender as necessidades específicas de cada unidade escolar. Na quarta-feira, 3 de julho, o professor Sandro Cunha dos Santos, da Escola Municipal de Ensino Funda­mental (Emef) Neuza Michelu­tti Marzola, acionou o Ministério Público Estadual (MPE).

Ele afirma que a decisão do Conselho Escolar, que envolve representantes de toda a comu­nidade, deve prevalecer. A escola é uma das que tiveram o crono­grama reprovado. “O conselho representa a comunidade es­colar. O governo está passando por cima de uma decisão de um colegiado, que é legal, a partir de um decreto, de uma resolução.”, afirma. A expectativa é que as outras escolas também recorram ao Ministério Público para tentar garantir a execução do cronogra­ma que elas estabeleceram.

Creches
Outra preocupação da Se­cretaria Municipal da Educação (SME) diz respeito à obrigatorie­dade da rede municipal de ensi­no de manter abertas durante as férias 21 creches e escolas de educação infantil, como deter­mina o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com a Defensoria Pública du­rante a gestão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido).

A abertura destas unidades tem o objetivo de garantir um local para as crianças cujos pais precisam trabalhar e não tem onde deixar os filhos durante o recesso. Por causa do TAC, a se­cretaria está orientando os dire­tores destas 21 escolas para que façam a reposição das aulas na segunda semana do recesso – de 15 a 19 de julho. A orientação foi feita porque, na primeira sema­na, as unidades estarão abertas para cumprir o Termo de Ajus­tamento de Conduta.

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