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We the people…

No dia 4 de julho de 1776, reunidos na Filadelfia, Pensil­vânia, os delegados das trezes colônias inglesas na América do Norte assinaram a sua Declaração de Independência, cortando os laços que as uniam à Inglaterra e criaram um governo confederativo, enquanto debatiam como organizar o país, discutindo uma constituição que ficou pronta em 1787 e, dois anos após, ratificada pelos já então treze Estados Uni­dos da América, entrando em vigor.


Pela primeira vez na história, invocava-se o povo (não Deus ou o Rei) como fonte de todo o poder: “Nós, o povo dos Estados Unidos…”, diz o preâmbulo, dando início a uma das grandes etapas da vida dos homens na Terra. Assim como o Renascimento e o Iluminismo dos séculos XIV e XV e as Grandes Navegações, a Revolução Americana é um marco, pois recriou a Democracia, de forma própria e original.

Durante as discussões constitucionais, alguns aventaram a hipótese de o país ser regido por um rei. Mas, prevaleceu a tese de um “país sem rei”, onde o poder seria temporário e eleito pela povo, na proporção populacional de cada ex-co­lônia. Criaram a figura do Presidente da República, eleito a cada quatro anos. E mais, instituíram um regime federativo puro, onde o governo central, respeitando a autonomia e independência dos Estados, assumia poderes de coordenação geral da Nação, notadamente na área de defesa e tributos.

Instituíram os três poderes – Executivo, Legislativo e Ju­diciário – independentes e harmônicos entre si – tudo dentro de um texto enxuto de somente sete artigos. Nos seus 230 anos de existência, a Constituição Americana sofreu vinte e sete emendas, sendo até hoje o mais curto documento consti­tucional em vigor (nossa Constituição de 1988 já foi emenda­da 80 vezes!). Ao contrário do que ocorre nos demais países, estas modificações foram feitas como texto adicional.

Os novos Estados Unidos da América tiveram de lutar duramente contra as forças da poderosíssima Inglaterra, mas conseguiram vencer a guerra e colocar em funcionamento o sonho de seus pais fundadores. A Revolução Americana gerou um sistema democrático de governo adotado por todas as atuais democracias, daí a sua importância para todos. No Brasil, por questões ideológicas, damos mais importância à Revolução Francesa do que à americana.
Sem dúvida, a Queda da Bastilha, em 1789, revolucionou o Velho Mundo e escancarou oportunidades para o povo, até então sem voz, com seu mote “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Ocorre que este movimento desaguou no pe­ríodo do terror, caracterizado por violências contra a nobre­za e o clero, bem como populares que caíam em desgraça. Gerou o surgimento de Napoleão Bonaparte que, se teve um reinado brilhante, não deixou de ser um ditador e monarca absoluto. O Congresso de Viena, depois da queda do corso, restabeleceu os reinos e os reis, muitos deles absolutistas. E as ideias revolucionárias francesas só vão se concretizar de verdade depois da II Guerra Mundial, após períodos negros de fascismo e comunismo.

Durante todos estes tempos, a Constituição Americana guiou a ação de seus cidadãos dentro da ordem, legalidade e respeito ao direito de todos. Hoje é dia de festas nos Esta­dos Unidos. A população sai às ruas, há queima de fogos, desfiles escolares e cívicos, piqueniques, uma alegria só. O americano é muito orgulhoso de sua data nacional e poucos feriados são comemorados com tanta intensidade como o Dia da Independência.

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