Tribuna Ribeirão
Política

Relator deixa estados e municípios fora do voto

FÁBIO POZZEBOM/ AG.BR.

O relator da reforma da Previdência na comissão es­pecial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentou nesta terça-feira, 2 de julho, uma nova versão de seu parecer, com mudan­ças no texto, mas manteve servidores de estados e mu­nicípios fora da proposta. O novo texto, um complemento de voto, foi protocolado e dis­ponibilizado no site da Câma­ra antes mesmo da leitura pelo relator na comissão.

A previsão é que o parecer seja votado nesta quarta-feira (3), mas antes os parlamentares terão que analisar requerimen­tos da oposição que pedem o adiamento da votação. A vota­ção do parecer foi adiada para esta semana à espera de uma reunião entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM -RJ), e um grupo de governa­dores, realizada mais cedo nes­ta terça, para tentar fechar um acordo sobre a questão.

A intenção era que estados e municípios fossem incluídos no texto a ser votado pela co­missão especial, sem esperar pela votação no plenário, que é a etapa seguinte. Mas a arti­culação fracassou. A discussão sobre a inclusão de estados e municípios na proposta deve ficar para o plenário. No en­tanto, depois de terminar a lei­tura do seu voto complemen­tar, Moreira demonstrou que ainda não jogou a tolha em relação a inclusão dos Estados e municípios na proposta.

“Não perdemos a esperan­ça de incluir Estados e mu­nicípios”, disse. O deputado tucano leu seu voto depois de quase duas horas do início da sessão da comissão especial. A leitura foi breve, já que ele leu apenas as primeiras páginas do seu relatório. “Se governado­res acham que é possível estar nessa reforma, se é esse o de­sejo deles que venham para o texto principal, com seus alia­dos porque há disponibilidade total deles serem incluídos no plenário”, completou Moreira.

A reforma da Previdência é considerada polêmica por endurecer critérios para a con­cessão de aposentadoria tanto de funcionários públicos fede­rais quanto de trabalhadores da iniciativa privada. Por essa razão, deputados críticos à in­clusão de estados e municípios não querem arcar sozinhos com o desgaste político diante de seus eleitores e exigem que os governadores defendam pu­blicamente a reforma.

Em seu complemento de voto, Moreira escreveu que a nova versão do texto “esclarece com a devida contundência” (…) “a ausência de efeitos ime­diatos da PEC sobre Estados, Distrito Federal e Municípios”. “Fica clara a preservação inte­gral da legislação atualmente em vigor no âmbito de cada ente subnacional enquanto não houver das Assembleias Legislativas e Câmaras de Ve­readores no sentido de alterar as regras do respectivo regime próprio de previdência social”, escreveu no documento.

O presidente Jair Bolsona­ro disse na Comissão Especial da Reforma da Previdência da Câmara dos Deputados que, para incluir estados e municí­pios, é preciso que os governa­dores do Nordeste e de esquer­da votem a favor, mesmo que isso gere desgaste com suas bases de apoio.

“Para entrarem estados e municípios, os governadores, em especial os do Nordeste e de esquerda, têm que votar fa­vorável. Até pouco tempo, eles queriam que fosse aprovada a reforma com voto contrário deles para eles não terem des­gaste. Porque tem desgaste no parlamento, sim tem. Agora, há um sentimento dentro do parlamento e fora também de que temos que mudar. Se não mudar, o Brasil vai ter mais problemas econômicos pela frente do que já temos no mo­mento”, disse.

Nos últimos dias tem ocor­rido negociações entre equipe econômica, líderes partidários e governadores para uma pos­sível reinclusão de estados e municípios na reforma da Pre­vidência, ainda na comissão especial que trata do tema.

Economia
Após quase duas horas do início da reunião da comissão especial da Previdência, Mo­reira deu início a leitura do seu voto complementar à reforma. Deputado disse que o texto manteria a economia em dez anos acima dos R$ 900 bilhões. Moreira deveria ler apenas as cinco primeiras páginas do seu novo texto. Segundo a assesso­ria do deputado, a economia do voto é de R$ 1,071 trilhão em dez anos (com CSLL).

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