O ex-presidente da Câmara de Vereadores, Walter Gomes (PTB), vai passar por cirurgia para retirada de um tumor da próstata. O advogado do ex-parlamentar, Julio Mossin, informou ao Tribuna que para passar pelo procedimento cirúrgico e ficar internado foi necessário solicitar autorização. Por determinação da Justiça de Ribeirão Preto, o ex -parlamentar não pode sair de sua residência entre as 22 e às seis horas da manhã. O pedido foi encaminhado ao juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal – onde tramitam as três ações penais da Operação Sevandija –, na sexta-feira, 28 de junho, e a cirurgia está prevista para ser realizada na primeira quinzena deste mês, em um hospital da cidade.
Walter Gomes é réu na Operação Sevandija, em uma ação sobre fraudes em licitação de contratos entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) e a Atmosphera Construções e Empreendimentos, do empresário Marcelo Plastino, que cometeu suicídio em novembro de 2016. Desde agosto de 2018, ele responde ao processo em prisão domiciliar após passar um ano e oito meses preso preventivamente na Penitenciária de Tremembé. Segundo a acusação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE), ele e outros oito vereadores faziam indicações de apadrinhados políticos em troca de apoio a projetos de interesse da então prefeita Dárcy Vera (sem-partido).
O processo envolve apadrinhamento político, fraude em licitações e pagamento de propina a nove ex-vereadores, ex-secretários e empresários. Todos negam, a prática de crimes e dizem que vão provar inocência. Segundo o Gaeco e a Polícia Federal (PF), os ex-parlamentares integravam um esquema de desvio de verbas na Coderp e de pagamento de propina por parte de Marcelo Plastino durante os famosos “cafezinhos”. De acordo com o Ministério Público Estadual, a empresa empregava cabos eleitorais indicados pelos vereadores, que barravam investigações na Câmara e aprovavam as contas referentes aos contratos e projetos de lei de interesse da então prefeita Dárcy Vera (sem partido). A ação penal também investiga fraude e superfaturamento em licitações supostamente direcionadas.
Além de pedir a condenação do grupo envolvido no esquema, o Gaeco requer, ainda, que os investigados devolvam aos cofres públicos R$ 105,98 milhões, caso sejam condenados pela Justiça. Em abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as interceptações telefônicas feitas pelo Gaeco e pela PF do ex-vereador Antonio Carlos Capela Novas (PPS), um dos acusados de envolvimento na Operação Sevandija.
A decisão pode afetar esta ação penal, mas os promotores dizem que tem outras provas suficientes para comprovar os supostos crimes. Em 3 de novembro de 2017, quando ainda estava preso em Tremembé, Walter Gomes passou por uma cirurgia, em hospital na Zona Sul de Ribeirão Preto, para correção de desvio de septo. Acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, o ex-vereador foi submetido à cirurgia no nariz porque, segundo a defesa, estava com a respiração comprometida.