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Personagens de ‘Aruanas’ brigam para preservar o meio ambiente

Por Guilherme Sobota
Ao longo dos anos, séries de TV tornaram célebres ambientes de trabalho: hospitais (House, Grey’s Anatomy, E.R.), delegacias (The Wire, Dexter, Brooklyn 99), escritórios políticos (West Wing, Veep). No Brasil, a lista também é extensa. Mas nenhuma delas – até agora – era situada numa ONG ambiental. Aruanas, estreia desta terça-feira, 2, é distribuída no Brasil pela Globoplay e, em outros 150 países, pelo site aruanas.tv – onde pode ser adquirida por US$ 12,90 com legendas em 11 idiomas. O primeiro episódio também será exibido na TV aberta na quarta-feira, 3.

Produzida pela Globo e pela Maria Farinha Filmes e com elenco estrelado, a série é criada por Estela Renner (também diretora-geral) e Marcos Nisti, com direção artística de Carlos Manga Jr. (Se Eu Fechar os Olhos Agora). O “thriller ambiental” segue um grupo de ativistas que passa a circular numa cidade do Amazonas depois de receber uma denúncia anônima, conectando uma grande mineradora a crimes ambientais. Ali, garimpos ilegais e desmatamento irregular têm relação direta com o genocídio indígena, por exemplo, e o desequilíbrio de forças espalha desigualdade e violência pela região.

Embora a série de 10 episódios seja uma ficção, o trabalho de muitos ativistas está “impresso” nela, como define um dos criadores, Marcos Nisti. O trabalho tem parceria técnica com o Greenpeace e apoio de 28 organizações internacionais. O tema desta primeira temporada nem sempre foi a Amazônia – os roteiristas já tinham alguns episódios escritos de uma história mais focada em contaminação nuclear, mas, em 2017, na época da extinção pelo então presidente Michel Temer da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), entre Pará e Amapá, tudo mudou. A decisão foi de que o foco precisaria estar na Amazônia (a Renca recuperaria seu status após repercussão).

Todas as protagonistas de Aruanas têm um envolvimento com a questão ambiental, mas dramas humanos também permeiam suas histórias. Leandra Leal faz Luiza, mulher da linha de frente das lutas num dos países que mais mata ativistas do mundo, mas também mãe de uma criança que sofre com sua ausência. Natalie (Débora Falabella) é uma jornalista conhecida em nível nacional que usa sua profissão para divulgar abusos e crimes ambientais – e carrega com ela o peso de ter perdido um filho num estágio avançado de gravidez, bem como um relacionamento ruim com Amir (Rômulo Braga). Verônica (Taís Araújo) é a advogada da instituição, circulando nos ambientes de poder de São Paulo e Brasília, e um adultério é algo com o que ela vai ter de lidar. Thainá Duarte vive a estagiária Clara, que sai de um relacionamento abusivo e vai trabalhar na ONG, onde aprende suas novas funções e descobre novas coisas sobre si mesma. Camila Pitanga faz a lobista Olga, que tenta influenciar a extinção de uma reserva na Amazônia em favor do empresário Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos).

“É difícil não se transformar participando de um projeto como esse”, disse Taís Araújo na apresentação da série à imprensa, em São Paulo. “É criado para transformar pessoas. A causa ambiental deveria ser uma paixão mundial, porque diz respeito à nossa continuidade, aos nossos filhos. A inteligência da série é fazer isso com entretenimento, porque quem ver vai perceber que esse lugar de discussão é de todos, não só do Globo Repórter. É um assunto a favor da humanidade. Não tem lado.”

A série foi gravada em três regiões da Amazônia e também em São Paulo entre setembro e outubro de 2018 – no calor das eleições presidenciais. “Foi muito doloroso olhar para aquilo tudo (a Amazônia) e imaginar que poderia não existir mais”, disse Leandra Leal. “A floresta não se reconstrói. Voltei com uma vontade absurda de lutar. O assunto é transversal, não está na polarização política em que vivemos. Pesquisas mostram que pessoas são a favor da preservação da Amazônia. O grande valor dessa série, para mim, é ela furar a bolha, não ter sido feita para um nicho.”

Embora os criadores admitam que já tenham pensado em novos episódios para uma eventual segunda temporada, o CEO da Globoplay, João Mesquita, disse no evento que não poderia prometer, e que um eventual segundo ano dependeria de alguns fatores, entre eles a performance da série na web.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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