Por José Maria Tomazela
Presos da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) subornavam agentes para desfrutar de mordomias na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil. Durante varredura realizada nesta sexta-feira, 21, policiais paraguaios encontraram uma cela VIP com televisor de última geração, cama box, geladeira, videogame e sistema de somNa revista, foram encontrados ainda cremes hidratantes, garrafas de uísque e ao menos dez telefones celulares. A cela tinha um banheiro confortável e moderno, incompatível com o padrão da penitenciária.
Conforme o Ministério do Interior do Paraguai, a revista em presídios acontece depois da rebelião liderada por integrantes do PCC no último domingo, 16, que deixou 10 detentos mortos e outros 12 feridos, na Penitenciária de San Pedro, na província do mesmo nome.
Cinco das vítimas foram decapitadas, três tiveram os corpos carbonizados e duas morreram baleadas. As vítimas faziam parte do grupo do paraguaio Armando Rotela, o Clã Rotela, que detinha o controle do tráfico na penitenciária. Em guerra com facção local, o PCC já tem 400 membros em presídios paraguaios.
No presídio de Pedro Juan Caballero, a vistoria aconteceu apenas na ala ocupada por integrantes do PCC. A polícia apreendeu também porções de crack e cerca de uma centena de facas de vários modelos, parte delas de confecção artesanal. Foi apreendido um caderno com anotações sobre a movimentação de drogas dentro e fora da penitenciária, indicando que, mesmo presos, os detentos continuavam atuando no tráfico de drogas.
Conforme o comissário Nelson Alderete, que comandou a varredura, o serviço de inteligência da polícia paraguaia descobriu que os presos do PCC arquitetavam um plano de fuga. A quantidade de armas brancas indicariam que os detentos pretendiam render agentes e liderar uma evasão em massa dos presos. Os presos foram transferidos para outras celas e devem ser levados para um presídio de segurança máxima em Assunção, capital paraguaia.
Desde 2016, o PCC está em guerra com o Comando Vermelho e grupos locais pelo controle do tráfico de drogas na fronteira. O Ministério da Justiça estima que cerca de 400 integrantes do PCC estão em presídios paraguaios. A pasta abriu processos para expulsar os membros que são procurados pela justiça brasileira por possuírem condenações pendentes no Brasil.
Em 2017, a polícia paraguaia descobriu uma ala de alto luxo construída pelo traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão no Presídio de Tacumbú, em Assunção. O preso que abastecia de drogas o PCC e o Comando Vermelho vivia em cela com cama king size, televisor de plasma, ar condicionado, frigobar, cozinha própria, biblioteca e sala de reuniões.
Pavão mandou construir um espaço até para cultos evangélicos no interior do presídio. A estrutura foi desmontada em dezembro daquele ano, quando o narcotraficante foi extraditado para o Brasil.