Tribuna Ribeirão
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Projeto altera a ‘cara’ do calçadão

Se depender da vontade do presidente da Associação Co­mercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), Dorival Balbino, o calçadão deverá ganhar cara nova nos próximos meses. Na última segunda-feira, 17 de ju­nho, ele entregou ao prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) um projeto de revitalização do espaço elaborado por arquitetos a pedido da entidade. A propos­ta muda o layout dos mobiliários urbanos presentes no local com a instalação de nova iluminação, bancos e lixeiras, entre outros equipamentos.

As mudanças, segundo a entidade, tem o objetivo de adequar o mobiliário ao estilo do já existente na praça XV de Novembro, com lixeiras de fer­ro fundido, bancos de madeira e ferro e postes republicanos. A associação propõe executar um projeto piloto com estas mudan­ças no quarteirão da rua Álvares Cabral, entre a General Osório e a São Sebastião, e atuar junto aos empresários do Centro His­tórico para que eles se cotizem e consigam recursos financeiros para concluir o planejamento em todo o calçadão.

Na reunião, o prefeito ressal­tou que por ser um local tomba­do como patrimônio histórico e cultural, qualquer mudança deve ser submetida à análise do Conselho de Defesa do Patrimô­nio Histórico, Arqueológico, Ar­tístico e Turístico (Condephaat) e do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cul­tural (Conppac). “O Centro His­tórico é tombado pelo municí­pio e também pelo Condephaat, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, e por isso qualquer mudança que envolva o calça­dão precisará de parecer dos dois conselhos”, diz o tucano.

O calçadão já passou por um polêmico processo de revitaliza­ção que começou em 2012, com obras em galerias de águas plu­viais. Até maio de 2016, foram oito termos de rerratificação no contrato e a entrega oficial da obra foi adiada por sete vezes. O custo do projeto, que inicial­mente era de R$ 8,2 milhões, chegou a R$ 9,2 milhões e as in­tervenções só foram oficialmen­te concluídas em julho de 2017, após cinco anos e meio e quatro anos e meio de atraso – deve­riam ser entregues doze meses depois do início.

A remodelação dos 13 mil metros quadrados custou, no total, cerca de R$ 18 milhões, mas me­tade deste valor foi bancado pela CPFL Paulista, que teve sua fiação aérea transferida para o subsolo. Lojistas e usuários reclamam, po­rém, que o resultado ficou aquém do esperado e que muitos itens do projeto original não foram execu­tados. O piso, por exemplo, que deveria ser impermeável e con­ter imagens sobre a história do café, não foi efetivado. O atual já está sujo e manchado.

Regularização
No começo deste ano – mais de um ano ano após a entrega para a prefeitura – do anteproje­to de regulamentação do uso do calçadão, a Comissão Especial de Estudos (CEE) que tratou do assunto, presidida pela verea­dora Gláucia Berenice (PSDB), ainda cobrava a regulamenta­ção do uso do espaço público. A proposta foi entregue ao Execu­tivo em maio do ano passado e, segundo a parlamentar, somente agora uma das recomendações do relatório final da comissão está sendo efetivada, a fiscaliza­ção no Centro Popular de Com­pras (CPC).

A vereadora entende que é o momento para as demais provi­dências pensadas pelos integran­tes da comissão e colaboradores sejam efetivadas. Participam da CEE João Batista (PP), Maurí­cio Gasparini (PSDB), Paulinho Pereira (PPS) e Nelson Stefanelli, o “Nelson das Placas” (PDT). A ocupação do CPC foi um dos tópicos levantados durante o es­tudo e que motivou inclusive a solicitação de informações sobre a inadimplência dos comerciantes. Segundo documentos passados para a comissão, cerca de 30% dos ocupantes do popular “cameló­dromo” estavam inadimplentes.

Outra crítica é sobre o perfil dos autuais comerciantes, mais empresarial do que o previsto na lei que criou o Centro de com­pras. “Ele foi construído para o comércio popular. Oposto a isso, vemos no local lojas de variados tamanhos e uma grande varie­dade de comércio eletrônico, al­gumas do mesmo comerciante, em nada lembrando a finalidade original”, explica a vereadora.

Outros pontos da regula­mentação são objeto de cobran­ças à prefeitura. Entre eles estão a limpeza, segurança, lazer, co­mércio ambulante e eventos. A elaboração da proposta de regula­mentação teve início no segundo semestre de 2017, para a qual tam­bém colaboraram a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), o Sindicato do Co­mércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), o Conselho de Segurança Central (Conseg), Polícia Militar, Departamento de Fiscalização Geral, Guarda Civil Metropolitana, comerciantes e moradores do entorno.

MPE quer calçadão até a Jerônimo Gonçalves
O promotor da Habitação e Urbanismo, Wanderley Trindade, propôs à prefeitura de Ribeirão Preto a expansão do calçadão por mais um quarteirão, até a avenida Jerônimo Gonçalves, no Centro Velho, na região conhecida como “Baixada” – atualmente, segue pela rua Ge­neral Osório e termina na esquina com a José Bonifácio. A proposta é apenas um dos assuntos discutidos no projeto de revitalização do quadrilátero central da cidade e de ocupação do solo urbano em estudo pelo Ministério Público Estadual (MPE), administração muni­cipal, entidades de classe e vendedores ambulantes.
O calçadão de Ribeirão Preto, denominado Rubens Prudente Corrêa, foi inaugurado em 1992, na gestão do então prefeito e atual depu­tado estadual Welson Gasparini (na época filiado ao PDC, hoje no PSDB). Compreende parte da General Osório, entre o cruzamento da José Bonifácio até a rua Barão do Amazonas. Expande-se por mais um quarteirão nas ruas Álvares Cabral e Tibiriçá até o cruzamento com a São Sebastião.
Faz divisa com as praças XV de Novembro e Carlos Gomes e também acolhe o Edifício Diederichsen. Em dezembro, devido às compras de Natal, chega a receber 200 mil pessoas por dia, da cidade e da região. É vizinho do Theatro Pedro II e do Centro Cultural Palace. Passou por uma ampla obra de revitalização que durou cinco anos – entre abril 2012 e julho de 2017 – e custou R$ 9,2 milhões. A reforma foi feita pela Tecla Construções.

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