Por Rodrigo Turrer e Carla Bridi, com agências internacionais
Quase 1.542 pessoas a cada hora foram obrigadas a fugir de guerras, perseguições e conflitos em 2018, um total de 37 mil pessoas por dia, o maior nível de deslocamento forçado registrado pela agência da ONU para Refugiados (Acnur) em seus quase 70 anos de atuação. Foram 13,6 milhões de pessoas deslocadas no ano passado, um aumento de 2,3 milhões em relação a 2017. O total chega a 70,7 milhões de pessoas.
Os dados divulgados nesta terça-feira, 18, no relatório anual do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados mostram que o número de deslocados dobrou em 20 anos, e hoje corresponde à população de países como Tailândia e Turquia. Do total, 16,3 milhões são crianças.
“O que os dados revelam é uma tendência de crescimento no longo prazo do número de pessoas que necessitam de proteção”, afirmou o alto-comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi.
Em meio às 70,8 milhões de pessoas, há três grupos distintos. O primeiro é de refugiados, que o Acnur classifica como os forçados a sair de seus países em razão de conflitos, guerras ou perseguições. Em 2018, o número de refugiados chegou a 25,9 milhões pessoas em todo o mundo, 500 mil a mais do que em 2017.
O segundo grupo é formado por solicitantes de refúgio – pessoas fora de seus países de origem recebendo proteção internacional enquanto aguardam a decisão de seus pedidos. No final de 2018, havia 3,5 milhões de solicitantes de refúgio no mundo.
O terceiro e maior grupo é composto por 41,3 milhões de pessoas que foram forçadas a sair de suas casas, mas permaneceram dentro de seus países – os deslocados internos.
Diáspora venezuelana
O total de 70,8 milhões de deslocados é uma estimativa conservadora, especialmente porque o número reflete apenas parcialmente a crise na Venezuela.
No total, cerca de 4 milhões de venezuelanos, de acordo com dados dos países que estão acolhendo essa população, já saíram da Venezuela desde 2015, quando a crise econômica e humana se agravou.
Embora a maioria da população necessite de proteção internacional para refugiados, apenas meio milhão tomou a decisão de solicitar refúgio formalmente.
Durante o ano passado, 13,6 milhões de pessoas foram deslocadas, incluindo 2,8 milhões que procuraram proteção no exterior. Os venezuelanos representaram o segundo maior fluxo de novos deslocamentos internacionais em 2018, atrás apenas dos sírios, que fugiram da guerra.
“Os países hoje não têm respostas para a imigração e o fluxo de deslocamentos, e precisam desenvolver soluções de longo prazo que incluam inserção social dos deslocados, mas também a possibilidade de retorno para casa”, afirma Fiona Adamson, pesquisadora da Universidade de Oxford e autora de estudos sobre política migratória. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.