O Senado aprovou ontem à noite, por 47 votos a 28, um projeto que anula o decreto das armas de Jair Bolsonaro (PSL), editado em janeiro para flexibilizar as normas de posse e porte de armas de fogo. O texto será remetido à Câmara dos Deputados, onde deverá ser distribuído às comissões e apreciado em plenário.
O texto votado pelo Senado hoje não avaliou a questão do porte e da posse de armas. Mas questionou uma suposta “invasão de competência” por parte do governo.
Governistas já esperavam a derrota e apostam suas fichas em articulações na Câmara, onde o PSL tem 54 deputados e afinidade ideológica com outras bancadas.
Uma delas é a ruralista, com 225 parlamentares, também interessada na política armamentista devido a problemas no campo como invasões a fazendas e propriedades. Além disso, há a chamada bancada da bala, cujo coordenador, Capitão Augusto (PR-SP), faz um cálculo informal de 300 componentes.
No entanto, nenhum acordo foi construído e a instabilidade da base governista pode criar entraves para a manutenção do decreto das armas na Câmara. A matéria depende de inclusão na pauta, atribuição do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ciente das dificuldades no Senado, Bolsonaro e aliados tentaram agitar as redes sociais e criar um clima de pressão para que estados e municípios cobrassem seus respectivos parlamentares. Congressistas reclamam que a estratégia acabou provocando ameaças e mensagens intimidatórias. Em vão.