Cerca de doze mil pessoas eram esperadas nesta quinta-feira, 13 de junho, na Igreja de Santo Antônio de Pádua, nos Campos Elíseos. Os devotos do santo casamenteiro compareceram às missas que ocorreram nos períodos da manhã e da tarde e aproveitaram para a tradicional benção dos pães. À noite teve procissão. No trecho da rua Paraíba, entre as ruas Goiás e Amazonas e defronte à igreja, atrás da praça Santo Antônio, os fiéis participaram de quermesse.
Cerca de 20 mil foram pães abençoados e distribuídos aos fiéis na data em que a Igreja Católica celebra o Dia de Santo Antônio. Isso sem contar aqueles que foram levados pelos próprios devotos. Dona Mária Lázara, de 84 anos, ficou 20 minutos na fila de dobrar quarteirão para pegar nove pães, um para cada filho. Devota do “santo casamenteiro”, ela repete a sina há mais de 50 anos. Dizem que quem guarda o pão abençoado em uma lata tem alimento garantido o ano inteiro. A história do “pão de Santo Antônio” remonta a um fato curioso que é assim narrado:
“Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido ‘roubados’. Atônito foi contar ao santo o ocorrido. Este mandou que verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O irmão padeiro voltou estupefato e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento”.
Batizado de Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo, nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu próximo à cidade de Pádua, na Itália, aos 36 anos. Santo Antônio começou a trajetória religiosa na Congregação dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, em Lisboa, mas aderiu à causa franciscana e se tornou um missionário. Seus sermões ficaram conhecidos pela simplicidade e clareza. O santo lutava pela justiça e pela valorização dos humildes.
Apesar de não existir nenhum registro sobre casamentos, Santo Antônio ficou popular por ajudar mulheres a acharem um marido, sendo considerado o “santo casamenteiro” por emprestar dinheiro a elas, já que naquela época era preciso ter “dote” para arrumar marido. Santo Antônio recebe dois títulos reconhecidos mundialmente: Santo Antônio de Lisboa (onde nasceu) e Santo Antônio de Pádua (local onde morreu).
Segundo dom André Maria Bernardino, “é um santo bem popular devido a sua dedicação à graça de Deus, quando em seu convento ajudava tantas pessoas com oração, com doação de alimentos àqueles que o procuravam. Isso fez dele um santo conhecido. Para nós, por que não fazer igual?”, diz o padre. Ele revela que a prática de distribuir pães no Dia de Santo Antônio foi instituída pela família Proença da Fonseca, quando se instalou em Ribeirão Preto, vinda de Portugal, no início do século 20. Ao lado da casa foi erguida a capela, que depois se tornou igreja.
“Basílica menor”
Também nesta quinta-feira, a Igreja Santo Antônio de Pádua foi elevada, pelo Vaticano, a “basílica menor”. Na prática, o reconhecimento dá mais poderes à paroquia. O anúncio aconteceu no ano que se comemora o centenário da chegada dos monges olivetanos a Ribeirão Preto. A aprovação pelo Vaticano ocorreu em 4 de março. De acordo com as regras e hierarquia da Igreja Católica, agora a igreja, na prática, mais poderes, privilégios e importância.
Entre eles, o de status internacional e não estar submetido à jurisdição eclesiástica local. Também passa a ter um altar reservado ao papa, ao cardeal ou ao patriarca. Os responsáveis pela paróquia ressaltaram o reconhecimento do papa Francisco aos monges tibetanos e sua importância na cidade. Os monges chegaram a Ribeirão Preto em 1919 e são parte importante na história da arquidiocese. O título é concedido pelo papa a igrejas consideradas importantes, seja pela história ou trabalho que desenvolvem. No Brasil, 80 estão nesta situação.
Dados do IBGE
A procura pelo “santo casamenteiro” deve ter diminuído na cidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casamentos caiu em 2017 na comparação com 2016. Os dados são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil de 2017, divulgada em outubro do ano passado.
Segundo o IBGE, em 2016 Ribeirão Preto registrou 4.272 matrimônios, contra 4.061 de 2017, queda de 4,9% e 211 casamentos a menos. O número de casais que subiram ao altar é o menor desde 2013, quando a cidade registrou a mesma quantidade (2.061). O pico ocorreu em 2015, com 4.383.