Os produtos usados no preparo de pratos típicos das festas juninas estão, em média, 9,15% mais caros neste ano, aponta levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). O aumento está acima da inflação acumulada no mesmo período de junho de 2018 a maio deste, que ficou em de 5,06%, segundo o IPC- 10, também calculado pela FGV.
Os itens que mais aumentaram de preço foram batata-inglesa (98,13%), a grande vilã do arraiá, farinha de trigo (21,75%), leite de coco (17,80%), fubá de milho (12,77%), salsicha e salsichão (12,30%). Por outro lado, tiveram queda nos preços a farinha de mandioca (-23,47%), o bolo pronto (-1,98%), o açúcar refinado (-0,67%) e as bebidas destiladas (-0,02%).
Apesar do aumento de preços, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) está otimista com as vendas no período de festas. A entidade espera um crescimento de 3,7% nas vendas em 2019 na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o economista da Apas Thiago Berka, o otimismo se deve principalmente pelo leve aumento no número de vagas formais de emprego em 2019.
“As festas de São João acontecem bem no período pré-decisão da reforma da Previdência, o que, em conjunto com a alta do dólar, pode fazer os preços subirem um pouco. Por outro lado, o leve aumento dos empregos formais nos deixa otimistas para projetarmos vendas levemente superiores às da mesma época do ano passado, quando fechamos em alta de 3,5%”, avaliou.
Na Santa Helena, uma das principais empresas de fabricação de alimentos derivados de amendoim, a demanda de produtos a base de amendoim cresceu cerca de 40% em relação ao ano passado e 10% comparada a 2017, de acordo com Carlos Gorgulho, gerente de novos negócios e exportação da empresa. “Para o nosso setor, os meses de festa junina (maio, junho e julho) trazem em média um aumento de 25% nas vendas quando comparados à média dos demais meses do ano”, explica.
De acordo com dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o amendoim com casca em abril chegou ao seu valor mais alto desde janeiro de 2017, alcançando R$ 6,41 o quilo, aumento de 48,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Quem quiser preparar as tradicionais maçãs do amor vai perceber que o preço do ingrediente tem caído nos últimos meses, porém a fruta ainda está 8,5% mais cara em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Ceagesp.
Apas – Para a análise dos preços em 2019, a Apas selecionou produtos e ingredientes que formam a base para a maioria das receitas dos pratos mais consumidos na época. Entre os principais itens identificados como típicos de festas juninas estão milho, arroz, coco, maçã, açúcar, pimentas, derivados de carne, leite, doce de leite, vinho, aguardente, limão e laranja.
O cenário para o período junino de 2019 demonstra que, dos 24 produtos típicos selecionados, 22 apresentam inflação no comparativo com a mesma época de 2018. Os maiores aumentos foram observados nas frutas, como limão (19,59%), laranja (15,98%) e maçã (10,27%). Vale destacar também as altas do creme de leite (14,91%) e manteiga (10,26%). A entressafra do leite acaba tornando seus derivados mais caros.
A boa notícia é que o açúcar está em deflação de 4,44% e, como é a base para quase todos os pratos doces típicos, compensará o preço em algumas dessas receitas. Apesar de mais caras que o ano passado, dados os problemas de safra em 2018, a laranja e a maçã podem passar uma percepção positiva de preço, uma vez que em abril apresentaram queda, respectivamente, de 9% e 10%.
Carga tributária – Mas a alta carga tributária embutida nos preços dos produtos mais cotados para o arraial não está para brincadeira e pode chegar a até 60%, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A taxa mais alta é de 61,56%, dos fogos de artifício e o quentão. Para se ter uma ideia, ao comprar fogos no valor de R$ 80, o consumidor vai desembolsar R$ 49,24 em impostos.
Tomar um copo de quentão de R$ 5 significa pagar R$ 3,07 de tributos. Além do quentão, outras bebidas têm altas tributações. O vinho nacional, principal ingrediente do vinho quente, tem 54,73% de carga tributária. Refrigerante e cerveja têm mais de 40%.
Doces tradicionais podem salgar o bolso, como amendoim, cocada, pé de moleque e paçoca (36,54%), canjica (35,38%) e pipoca (34,99%). Já os que não dispensam a caracterização, o chapéu de palha tem carga tributária de 33,95%, enquanto camisa xadrez e vestido típico têm 34,67%. Entre os produtos com menor taxação estão arroz doce, maçã do amor, cuscuz e cachorro-quente (15,28%). O levantamento foi encomendado pela ACSP para o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).