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Centro, um velho desafio para RP

Entra ano e sai ano e o Cen­tro de Ribeirão Preto é tema recorrente de discussões, pro­jetos e reclamações. A região abriga centenas de estabeleci­mentos comerciais, emprega milhares de trabalhadores e re­cebe um fluxo imenso de pes­soas no dia a dia. A partir des­ta edição, o Tribuna trará, em seu caderno de domingo, uma série de reportagens abordan­do as principais questões que envolvem o ‘Coração de Ribei­rão Preto’, como segurança, re­cuperação de casarões antigos, saída de serviços e funcioná­rios públicos da região, ambu­lantes, segurança e outros.

Para o superintendente da Distrital Centro da ACIRP – As­sociação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, Álvaro Polas­trini, o Centro guarda parte im­portante da história da cidade e possui uma grande diversida­de social, cultural e racial.

Segundo ele, os comercian­tes e empresários pedem ajuda para manter o local como re­ferência. “O Centro não pode perder sua relevância econô­mica e histórica, por abrigar infraestrutura viária, imobili­ária, comércio diversificado, prestação de serviços, escolas e uma grande população que mora, trabalha e transita. O poder público precisa aplicar políticas públicas que valori­zem o Centro e aproveite essa infraestrutura que está pronta”, diz Polastrini.

Mesmo após reforma, Calçadão gera discussão e descontentamento.

Quase R$ 10 milhões inves­tidos no Calçadão. Para a ACIRP, ‘obra inacabada’
Em julho de 2017 as obras do Calçadão foram finalizadas, depois de cinco anos de muitos transtornos e sete adiamentos de entrega. O projeto que ini­cialmente custaria R$ 8,2 mi­lhões aos cofres públicos, ficou em R$ 9,2 milhões.

Dorival Balbino: ACIRP apresentará
proposta de adequação
do estilo do Calçadão – Foto: RAFAEL CAUTELA

Para o presidente da ACIRP, Dorival Balbino, a obra é inacabada, e não foi totalmente entregue. “Do projeto inicial, vários aspec­tos não foram implantados como parte do mobiliário, tratamento final do piso e, após a entrega parcial, o rá­pido grau de deterioração do que foi feito. Bancos quebra­dos, piso encardido e lixeiras enferrujadas e sujas,” critica.

Outra reclamação é que o local não teria ficado bonito. “Desgosta a todos os ribei­rão-pretanos ver o estado de abandono que essa região da cidade enfrenta, pois mesmo sua zeladoria é precária, com raras ações de limpeza e ma­nutenção, sem falar da invasão ilegal do seu espaço por came­lôs”, diz Balbino.

Álvaro Polastrini: poder público precisa aplicar políticas públi­cas que valorizem o Centro – Foto: RAFAEL CAUTELA

O presidente da ACIRP revelou que a entidade vai apresentar para a Prefeitura e órgãos que cuidam do patri­mônio da cidade, uma propos­ta de adequação do estilo do calçadão ao estilo arquitetôni­co da Praça XV de Novembro, que, de acordo com a entidade, são conflitantes.

“Dentro desta proposta, a ACIRP já se comprometeu com a Prefeitura de bancar as obras do primeiro quarteirão, na Rua Álvares Cabral entre as ruas São Sebastião e Gene­ral Osório e de buscar recursos para sua totalidade. Por outro lado, o poder público precisa zelar melhor, tanto do calça­dão quanto das praças, além de cumprir com sua obrigação de fazer valer as Leis que discipli­nam a cidade,” aponta.

Ambulantes no quadrilátero central
Outro tema polêmico abordado com Dorival Bal­bino foi a situação dos am­bulantes na região central. Balbino diz que embora exista uma legislação que define o que é permitido e o que é proi­bido, “alguns ambulantes insis­tem em praticar a atividade de forma totalmente ilegal”.
O dirigente criticou a Pre­feitura. “(Os ambulantes) Se dizem e se comportam como proprietários do espaço públi­co da nossa cidade. A prefeitu­ra, não é de hoje, não tem sido capaz de fazer cumprir a lei. Essas pessoas atuam sem qual­quer compromisso com a lega­lidade, não possuem registro na Prefeitura para atuar onde estão, não recolhem impostos e não geram empregos”.

Balbino acredita que mui­tos dos camelôs são explora­dos por grupos organizados que adquirem produtos de origem incerta e repassam aos ambulantes. “São verdadeiros subempregados que saem ven­dendo pelas ruas do centro e correndo todos os riscos. No final do dia, recebem um ínfi­mo pagamento pelo trabalho. É uma situação de total explo­ração do homem pelo homem, sem qualquer tipo de seguran­ça trabalhista,” alerta.
“Temos cobrado das auto­ridades responsáveis um míni­mo de segurança. Que se pro­íba o que é ilegal na cidade e que cumpram as medidas que lhe são infringidas por seus cargos,” ressalta Balbino.


Obras do Calçadão foram alvo de CEE na Câmara
De maio 2015 a novembro de 2018 as obras de reforma do Calçadão foram alvo de uma Comissão Especial de Estudos na Câmara de Vereadores.
Os trabalhos resultaram na apresentação de um anteprojeto de lei complementar sobre a limpeza e manutenção de área pública e de revitalização do centro urbano de Ribeirão Preto em maio de 2018.
O relatório final foi enviado ao Ministério Público Estadual, Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e Prefeitura Municipal.
“É preciso compatibilizar usos como também vedar outros, tudo visando proporcionar a correta utilização do espaço pú­blico e a sua preservação, pois é um centro histórico,” disse a vereadora Gláucia Berenice, que presidiu a CEE.

Comerciantes temem perder com saída da Prefeitura
A sede da Prefeitura de Ribeirão Preto deverá mudar do Centro para o Jardim Independência, trocando o Palácio Rio Branco por um moderno Centro Admi­nistrativo. Tal mudança, apesar de ser em longo prazo, preocupa os comerciantes da região cen­tral da cidade.
Segundo Eduardo Molina, gestor de Competitividade e de Rela­ções Institucionais da ACIRP, a entidade atuou para que a sede da Prefeitura permanecesse no Centro ou em seu entorno.
“Há vários imóveis de grande porte que poderiam abrigar o Centro Administrativo, sendo que um deles, a antiga Ceagesp, já é do município. Fizemos isso pois temos clareza de que o esvazia­mento institucional do Centro gera grande prejuízo para toda a cidade pois a deterioração do Centro tende a se ampliar para os bairros vizinhos, como já está ocorrendo com os inícios da Vila Tibério, Campos Elíseos, Vila Virgínia e Sumaré-Boulevard,” salienta.

Prefeitura irá continuar um pouco mais no Centro, em prédio onde funcionava a Caixa, na rua Américo Brasiliense – Foto: JF PIMENTA


Molina acredita que a saída da Prefeitura irá gerar um movi­mento complementar a saída dos órgãos do judiciário, que, segundo ele, contribuiu muito para o esvaziamento do Centro.
“É um movimento contrário ao que está sendo feito em São Paulo, por exemplo, onde os ser­viços públicos estão retornando ao Centro como estratégia para sua revitalização,” aponta.
Novo Centro Administrativo
O Centro Administrativo será construído em terreno de 106 mil metros quadrados na Aveni­da Cavalheiro Paschoal Innecchi, no Jardim Independência, na Zona Norte da cidade. Deve ter 30 mil m² edificados, sendo que a taxa de ocupação máxima de construção permitida para o local é de 75%. O projeto prevê a instalação de 28 unidades ad­ministrativas, entre secretarias, fundações e autarquias.
A obra da nova sede está orçada entre R$ 45 milhões e R$ 60 milhões. A Prefeitura espera conseguir o montante com a venda de terrenos públicos, já aprovada pelo Legislativo.
Antes, a Prefeitura passará um tempo no antigo prédio da Caixa, na rua Américo Brasiliense nº 426, no Centro. O Palácio Rio Branco deve virar museu.
Ambulantes: Prefeitura afirma que faz fiscalização constante

 

Prefeitura diz que faz ações e melhorias
Em nota a Prefeitura de Ribeirão Preto informou que o Centro de Ri­beirão Preto tem recebido, “desde 2017, diversas ações e melhorias”.
Segundo a Coordenadoria de Comunicação Social – CCS, pela Se­cretaria de Obras Públicas, foram recuperados, por meio de recape­amento asfáltico, trechos das ruas Amador Bueno, Duque de Caxias, Rui Barbosa, entre outras.
Informa ainda que as praças centrais, como a das Bandeiras e Praça XV estão sendo revitalizadas. Foram realizadas intervenções na al­venaria, pintura e iluminação. Os banheiros estão sendo restaurados, com troca de ladrilhos, peças sanitárias e encanamentos. Os sanitá­rios da Praça XV foram totalmente reformados. Por meio de uma par­ceria e sem custo nenhum para o poder público, foram recuperados também todos os bancos da praça no entorno da Catedral.

JF PIMENTA


Diz também que foram entregues as novas plataformas do transporte coletivo da Estação Praça das Bandeiras. Cada plataforma conta com 36 assentos, protegidos por vidro. Nos locais também foram instaladas câmeras de monitoramento e painéis informativos com os horários dos ônibus em tempo real.
Em relação ao comércio ambulante, diz que o Departamento de Fiscalização Geral realiza ronda ostensiva no quadrilátero central, com a finalidade de coibir o comércio ambulante no local, podendo haver a apreensão das mercadorias ali comercializadas. As ações são realizadas de segunda a sábado.
A sede da Prefeitura de Ribeirão Preto deverá mudar do Centro para o Jardim Independência, trocando o Palácio Rio Branco por um moderno Centro Admi­nistrativo. Tal mudança, apesar de ser em longo prazo, preocupa os comerciantes da região cen­tral da cidade.
Segundo Eduardo Molina, gestor de Competitividade e de Rela­ções Institucionais da ACIRP, a entidade atuou para que a sede da Prefeitura permanecesse no Centro ou em seu entorno.
“Há vários imóveis de grande porte que poderiam abrigar o Centro Administrativo, sendo que um deles, a antiga Ceagesp, já é do município. Fizemos isso pois temos clareza de que o esvazia­mento institucional do Centro gera grande prejuízo para toda a cidade pois a deterioração do Centro tende a se ampliar para os bairros vizinhos, como já está ocorrendo com os inícios da Vila Tibério, Campos Elíseos, Vila Virgínia e Sumaré-Boulevard,” salienta.

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