A época das tradicionais festas juninas é, historicamente, um período de boas vendas para o setor supermercadista, graças à capacidade das lojas em fornecer ingredientes e produtos para o preparo de pratos e bebidas típicas deste folclore nacional. Neste ano, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) mantém o otimismo com o crescimento nas vendas, mesmo com a alta nos preços dos principais itens consumidos no período. A expectativa da entidade é de crescimento de 3,7% nas vendas juninas em 2019, no comparativo com o mesmo período do ano passado.
“O Brasil vive um momento de espera para a aprovação das reformas necessárias para destravar o investimento. As festas de São João acontecem bem no período pré-decisão da Reforma da Previdência, o que, em conjunto com a alta do dólar, pode fazer os preços subirem um pouco. Por outro lado, o leve aumento dos empregos formais em 293 mil vagas em 2019 nos deixa otimistas para projetarmos vendas levemente superiores às da mesma época do ano passado, quando fechamos em alta de 3,5%”, avalia o economista da Apas, Thiago Berka.
Destaques e Preços
Para a análise dos preços em 2019, a Apas selecionou produtos e ingredientes que formam a base para a maioria das receitas dos pratos mais consumidos na época. Entre os principais itens identificados como típicos de festas juninas estão milho, arroz, coco, maçã, açúcar, pimentas, derivados de carne, leite, doce de leite, vinho, aguardente, limão e laranja.
“Quando analisamos os produtos típicos em relação às vendas gerais e comparamos com a média mensal anual, a performance chega a ser de 35% a 50% a mais de vendas em junho e julho”, comenta o economista da Apas. O cenário para o período junino de 2019 demonstra que, dos 24 produtos típicos selecionados, 22 apresentam inflação no comparativo com a mesma época de 2018.
Os maiores aumentos foram observados nas frutas, como limão (19,59%), laranja (15,98%) e maçã (10,27%). Vale destacar também as altas do creme de leite (14,91%) e manteiga (10,26%). A entressafra do leite acaba tornando seus derivados mais caros. A boa notícia é que o açúcar está em deflação de 4,44% e, como é a base para quase todos os pratos doces típicos, compensará o preço em algumas dessas receitas. Apesar de mais caras que o ano passado, dados os problemas de safra em 2018, a laranja e a maçã podem passar uma percepção positiva de preço, uma vez que em abril apresentaram queda, respectivamente, de 9% e 10%.
Já o limão, que está em entressafra, segue em alta. A linguiça (13,04%), por ser um produto derivado da carne, sofre pela alta do dólar, que incentiva as exportações brasileiras de proteínas. O vinho já vinha com aumentos desde 2018 e permanece em alta de 7,38% nos últimos doze meses, principalmente no último trimestre de 2018. Um fator é novamente a alta do dólar, que encarece os importados e também alguns insumos para a produção nacional.