O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MPE), denunciou 15 pessoas da região de Ribeirão Preto pelos crimes de tráfico de drogas e organização criminosa armada – a popular “formação de quadrilha ou bando”. Todos os acusados foram presos durante a Operação Jiboia, deflagrada em 3 de maio deste ano. Duas mulheres denunciadas estão em liberdade. Segundo o MPE, os outros 13 acusados aguardarão presos o desenrolar dos processos. As penas podem ultrapassar 20 anos de prisão.
O Gaeco pediu ainda que os mais de R$ 113 mil e os cinco carros apreendidos durante as diligências sejam declarados à Justiça Pública como perdidos, para que os valores possam ser utilizados no combate à facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas e o tráfico de drogas. Com o apoio da Polícia Militar, o MPE deflagrou a operação contra integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Foram cumpridos 50 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão de veículos, dinheiro e armas.
Os principais alvos da ação são pessoas que assumiram funções de liderança da facção nas ruas, após a transferência da cúpula do PCC para presídios fora do Estado de São Paulo neste ano, cumprindo decisão judicial. Na região, a força-tarefa chegou a prender 16 pessoas – oito delas em flagrante – e cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Ribeirão Preto, Jaboticabal e Cravinhos, além de Matão, na região de São Carlos.
De acordo com os promotores do Gaeco, os presos eram investigados por suspeitas de práticas em diferentes ações da organização criminosa, entre elas o tráfico de drogas, os julgamentos ilegais conhecidos como “tribunais do crime” e a arrecadação de dinheiro para financiar a facção. A Promotoria informou que, além do cumprimento de oito mandados de prisão expedidos pela Justiça, oito pessoas foram presas em flagrante, entre elas duas mulheres – um adolescente foi apreendido.
Em todos os locais alvos dos mandados de busca e apreensão, a força-tarefa encontrou aparelhos e documentos com anotações da facção e da contabilidade do tráfico. Cerca de 500 porções de crack prontas para a venda foram apreendidas. Em Jaboticabal, a PM e o Gaeco apreenderam R$ 113 mil em dinheiro e quatro armas de fogo com a numeração raspada e que eram de uso da facção criminosa.
Uma célula do PCC vinha monitorando os hábitos de “agentes públicos”, promotores de justiça e policiais, anotando horários e locais que freqüentavam. Essa célula estava no centro da Operação Jiboia, que resultou na prisão de 44 pessoas em 20 cidades do Estado de São Paulo. A principal suspeita do Ministério Público Estadual é que essa célula tinha missão de planejar ataques para responder à transferência dos líderes da facção criminosa para presídios federais, ocorrida há três meses.
A ação não alcançou todos os objetivos. Dos 50 mandados de prisão que seriam cumpridos, 17 suspeitos não foram capturados. Além das 33 prisões por mandado, os mais de 500 policiais que participaram da ação fizeram onze prisões em flagrante, por crimes como tráfico de drogas e porte de armas, de suspeitos que passarão agora por audiências de custódia. A PM apreendeu cerca de R$ 1 milhão em cédulas na operação. Também informou ter apreendido drogas e armas.