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Cadáver morto do foca
Um repórter considerado “foca” no jornalismo, que é o profissio­nal novato na profissão que precisa fazer o maior esforço para aparecer no meio de tantos “cobras”, que são os mais experien­tes e gabaritados fazia de tudo para que suas matérias tivessem o destaque principal no rol das manchetes da televisão. Fazia plantões noturnos e madrugada adentro, traçava os planos para o futuro junto com um profissional da câmera televisiva que o acompanhava em todas as suas “loucuras” a procura dos “fu­ros”sensacionais.

Vilipêndio no cemitério
O cemitério Bom Pastor era bem mais novo e à noite a escuri­dão dava um ar lúgubre ao “campo santo”. O Plantão Policial informou à equipe da TV que havia uma ocorrência inusitada em um túmulo daquele local. A equipe já havia se dirigido ao local. Mesmo temeroso das estórias de fantasmas, caveiras e defuntos, os dois repórteres se dirigiram para o QTH da ocorrên­cia, no linguajar dos plantonistas, o endereço da ocorrência.

Perícia técnica
Enquanto os profissionais da Perícia Técnica procediam aos seus trabalhos e o pessoal da PM procurava o corpo de uma mulher que havia desaparecido de um túmulo, cuja terra estava revirada. Atemorizados os profissionais da imprensa entraram no cemité­rio, pé-ante-pé. Mas o cinegrafista filmava tudo, embora trêmulo. Os PMs seguiram um rastro e encontraram o corpo em uma casa próxima da última morada da falecida. Era um doente mental que havia entrado no Bom Pastor e depois de cavar o túmulo vilipen­diou o cadáver, sexualmente. Foi um fato atípico na época.

Filmagem
O cinegrafista com toda sua parafernália de iluminação e pesada câmera acompanhava o jovem repórter que atemorizado pelas estórias de sua infância foi descrevendo os lances: “aqui o tú­mulo… ali o rastro que deu a pista para a polícia para encontrar o corpo… ali a casa do tarado e no canto o CADÁVER MORTO”.

Manchetes
No dia seguinte as manchetes chamavam a atenção dos teles­pectadores para o “furo do foca” que estufava o peito para exal­tar o seu feito. A matéria foi editada, mas os editores deixaram o “CADÁVER MORTO” de lembrança. Nacionalmente o repórter ficou conhecido.

Visitar a matriz
Pleno de convicção do belo trabalho, o jovem repórter foi visitar a matriz da emissora no Rio de Janeiro. Identificou-se como profis­sional da afiliada e foi convidado a falar direto com a chefia de reda­ção. Os repórteres estavam todos reunidos para conhecer o colega de Ribeirão Preto. Em meio a todos o Chefe perguntou: “Quem foi aquela besta que fez a reportagem do “CADÁVER MORTO”. O intré­pido repórter não se abalou e disse que naquele tempo ele não era contratado da emissora e que também achou engraçado o texto da matéria. Não sabia ele que que havia sido identificado e sua imagem gravada na reportagem. O pessoal deixou passar “batido” e ele pen­sou ter enganado os experientes profissionais do Rio de Janeiro. Mas seu apelido a partir daí passou a ser o CADÁVER MORTO’.

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