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Defunto ressuscitou – Correria na Av. Saudade
A Avenida da Saudade, nos Campos Elíseos, começava na rua Capitão Salomão e seguia com duas pistas até o Posto São João, logo após o cemitério. Da Santa Casa para baixo era Rua Saldanha Marinho. Todos os enterros seguiam pela Avenida do Cemitério da Saudade com acompanhamento de pessoas circunspectas e respeitosas com seus chapéus seguros nas mãos, pois na cabeça seria desrespeito ao falecido. O carro de “pompas fúnebres” era pleno de “rococós” e enfeites para amenizar a gravidade do momento. Todos seguiam silentes pela grande avenida pela pista da direita, enquanto o trânsito insipiente da época seguia pela pista da esquerda. A Santa Casa possuía um necrotério e um velório, de onde saía a maio­ria dos enterros.

O hospital dos pobres
Não havia SUS e muito menos planos de saúde. Os carentes eram atendidos no pavilhão da Santa Casa, que era muito bem cuidado pelas freiras e de forma corretíssima. O hospital dos pobres, como era conhecido, vivia de doações de prefeituras da cidade e região, bem como dos governos Estadual e Fede­ral. Os pacientes do Santa Tereza, hospital psiquiátrico, tam­bém eram atendidos ali. Muitas vezes chegavam “nas últimas” e ali morriam. Toda a solenidade do funeral era realizada pela Santa Casa depois de o falecido ser velado no velório situado na Rua São Paulo com Capitão Salomão.

Defunto carente
Um paciente que faleceu na Santa Casa, considerado carente e na época denominado pobre, seguia no carro fúnebre pela Avenida da Saudade de forma lenta e solene. Os acompanhan­tes com os rostos demonstrando ar de solenidade seguiam vagarosamente guiados pela diminuta marcha do carro cujo motorista também tinha o ar circunspecto que o momento exi­gia. Diante do Asilo Padre Euclides, onde estava a estátua do Padre Euclides, grande benemérito, de dentro do caixão come­çara a ouvir gritos desesperadores. O motorista desceu e abriu o caixão. De dentro surgiram dois braços esticados clamando aos céus pela liberdade e pela vida. Os acompanhantes deixa­ram chapéus, coroas de flores, crucifixos e terços saindo to­dos em desabalada carreira. O comércio da região fechou suas portas e somente o motorista apavorado e o defunto ficaram no meio da avenida. O morto havia sido vitima da falsa morte, catalepsia. O que acontecia com frequência. Atualmente há testes para se verificar se houve a morte real.

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