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RP já tem quase 500 ataques de escorpião

O número de ocorrências en­volvendo escorpiões disparou em Ribeirão Preto no ano passado. Entre janeiro e dezembro, foram registrados 814 ataques na cidade, média mensal de quase 68, mais de dois por dia. A quantidade de casos foi cinco vezes superior aos 150 registrados em 2017, quando a média era de doze por mês, com 664 a mais e alta de 442,6%.

Em comparação com 2013, quando a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aten­deu 143 pessoas, a alta chega a 469,2%, com 671 picadas a mais. Neste ano já são 499 ocorrências até 15 de maio. Em quatro me­ses, de 1º de janeiro a 30 de abril, foram 480 picadas – as outras 19 são deste mês –, média mensal de 120 e diária de quatro.

As regiões com maior inci­dência de picadas do aracnídeo são a do Adelino Simioni, na Zona Norte, com 139 casos; Sumarezi­nho, na Zona Oeste, com 114; Vila Virgínia, também na Zona Oeste, com 108; Jardim Castelo Bran­co, na Zona Leste, com 65; e do Centro, com 52 – outros bairros somam 21. O número de ataques em 2019 representa 61,3% do to­tal de 2018, e o primeiro semestre nem terminou.

Neste ano foram 149 picadas em janeiro, 150 em fevereiro, 120 em março, 61 em abril e 19 em maio. Segundo o Departamento de Vigilância em Saúde, nos últi­mos seis anos, de 2013 até 31 de dezembro, já foram registrados na cidade 1.742 ataques de escorpião, média anual de 290, mensal de 24 e diária de quase um.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, até novem­bro de 2018 as principais vítimas eram os adultos com idade entre 20 e 49 anos, com 585 ocorrências, 39,9% do total e média de 18.1 pi­cadas para cada grupo de dez mil habitantes. Em seguida aparecem as pessoas com 50 a 79 anos, com 347 casos, 23,6% e 21.7 registros por dez mil habitantes.

Os idosos maiores de 80 anos e os bebês com menos de um ano são as faixas etárias com menor incidência. No primeiro grupo fo­ram registrados 20 ataques desde 2013, ou 1,36% do total e 14.4 por dez mil habitantes. No segundo foram 22 ocorrências, 1,5% dos 1.467 constatados em seis anos. No entanto, a incidência é alta, de 27.7 por dez mil crianças. A maior taxa de incidência é de crianças entre um e quatro anos, com 44.9 por dez mil habitantes. São 144 ca­sos, 9,8% do total.

Segundo a Divisão de Vigi­lância Epidemiológica, neste pe­ríodo houve apenas um óbito na cidade. O ano de 2014 terminou com o menor número de ocor­rências: 127. A última morte por ataque de escorpião em Ribeirão Preto ocorreu em 1º de maio do ano passado, no Jardim Salgado Filho, na Zona Norte.

Uma criança de oito anos foi ferida no pé pelo aracnídeo quan­do ajudava a tia a retirar o entulho de um terreno onde seria erguido um barraco. O menino João Vic­tor Souza de Paula foi socorrido pela tia e levado à Unidade Bá­sica Distrital de Saúde (UBDS Norte) do bairro Quintino Facci II, mas acabou transferido para a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribei­rão Preto. Ele morreu depois de sofrer paradas cardíacas de­correntes da ação do veneno.

A Divisão de Vigilância Epi­demiológica do Departamento de Vigilância em Saúde, chefiada pelo doutor Daniel Araújo, infor­ma que em todo caso de acidente com animal peçonhento a vítima deve procurar a unidade de saú­de mais próxima para avaliação médica e, caso seja necessário, o posto deverá encaminhar o paciente ao HC para avaliação da toxicologia e necessidade de aplicação do soro antiescorpiô­nico, de acordo com a gravidade.

A população pode ajudar roçando o mato de terrenos par­ticulares e evitando o acúmulo de lixo e entulho. São cerca de 60 mil áreas desocupadas. A espécie mais comum nas cidades é a “Ti­tyus serrulatus”, conhecida como “escorpião amarelo”. Trata-se de um tipo urbano, frequentador de esgotos ou redes pluviais, e consi­derado o mais perigoso da Amé­rica Latina.
“Sua picada é muito dolo­rida, provoca náuseas, vômi­tos, sudorese, e o veneno pode matar crianças de até 12 anos e idosos após causar arritmia cardíaca e edema pulmonar”, diz o imunologista Luiz Vicente Rizzo, presidente do conselho curador do Instituto Butantan.

Para não correr risco de morte, a pessoa tem de ser aten­dida em, no máximo, quatro ho­ras. É preciso tomar soro contra o veneno e analgésico para ali­viar a dor. De acordo com Lúcia Taveira, coordenadora do Con­trole de Vetores da Secretaria da Saúde, a limpeza das residências é fundamental para evitar a pro­liferação do animal.

“Escorpião gosta de lugar quente e escuro, tanto na área in­terna como externa, e tem hábi­tos noturnos. Ele sai à noite para procurar alimento, barata, grilo, cupim, animais vivos”, orienta a coordenadora. Explica ainda que o aracnídeo pode ficar até seis me­ses sem se alimentar, mas água é fundamental para sua sobrevivên­cia. Por isso, com o início das chu­vas o alerta deve ser ainda maior.

“Ele procura ficar em lugares úmidos e, quando começam as chuvas, aumenta muito a prolife­ração de escorpiões e a incidência de acidentes escorpiônicos”, expli­ca. Somente no mês de abril foram mais de 30 ocorrências de pessoas que encontraram escorpiões. Ela orienta que quando forem encon­trados escorpiões, as pessoas não devem levar as mãos diretamente nos objetos onde estão.

“A maior incidência de aci­dentes acontece nas mãos e nos pés, justamente porque vão com as mãos nesses objetos e aca­bam sendo picados. Ao calçar os sapatos é preciso ter muito cuidado, verificar antes se não há escorpião alojado dentro, lugar quente, propício para eles”, orienta. Os escorpiões podem subir nas camas também.

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