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Obesidade: é possível evitar – parte I

Em recente Congresso Médico realizado em Glasgow, na Escócia, veio à tona uma preocupação envolvendo mais uma epidemia que assola o planeta. No caso específico desse congresso, a preocupação foi o aumento de uma doença já bastante conhecida dos brasileiros: a obesidade. Isso mesmo: segundo estatísticas do Ministério da Saúde mais de 53% dos brasileiros estão acima do peso ideal e segundo proje­ções fáceis de serem realizadas, o Brasil em algumas décadas será um país de obesos com todas as consequências que vão impactar os diversos aspectos da sociedade brasileira, quais sejam financeiros, assistenciais, familiares e outros.

Nós, médicos diagnosticamos uma pessoa como obesa quando dividimos o seu peso pela altura dessa pessoa ao qua­drado, isto é, a altura multiplicada pela própria altura. Se o resultado dessa operação aritmética for um número igual ou maior do que 30, pronto: a pessoa é obesa. Mas se o resultado for um número entre 25 e 30 nós dizemos que a pessoa está na condição de sobrepeso, quer dizer, ainda não é obesa, mas se continuar aumentando de peso ficará. Por outro lado, se o número estiver entre 20 e 25, a pessoa está com o peso ideal. Nós médicos sabemos muito bem que cada pessoa é uma pessoa e como tal devem ser abordadas as especificidades de cada caso e com todo respeito pela individualidade de cada um.

Essa doença está tão comum que já envolve mais de dois milhões de casos novos por ano no Brasil e que projeta para os próximos anos já assumiremos a liderança em toda a Amé­rica Latina e Caribe. A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado em geral por um consumo excessivo de calorias na alimentação, que está acima do valor usado pelo organismo para a sua manutenção e realização das atividades do dia a dia. Quais são as causas da obesidade?

Nesse congresso europeu em Glasgow que tratou da obesidade e suas consequências, diversos trabalhos científicos foram apresentados e discutidos e concluiu que cerca de 90% dos obesos são descendentes também de obesos isto é a causa é genética e apenas 10% são devidos a hábitos alimentares por vontade própria da pessoa bem como a ausência de atividade física. Bem, se 90% dos obesos têm causa genética então nada a fazer para corrigir essa condição?
De jeito nenhum. Tudo a fazer é a resposta a essa indaga­ção. Isto por que já sabemos há muito tempo que a obesidade traz como consequência diversas doenças principalmente as do coração e alguns tipos de câncer principalmente entre as mulheres, o de endométrio, o de mama e o do intestino (já comentado aqui nesse espaço nas semanas anteriores) tam­bém chamado de câncer colorretal.

Alguns trabalhos da literatura médica chegam a afirmar que a solução a curto prazo para as questões da obesidade é muito complexa, mas nós não pactuamos com esse ponto de vista e chegamos a afirmar que há solução viável sim e que a chave do problema está na existência de políticas públicas direciona das para essa população e investimentos maciços visando corrigir hábitos alimentares inadequados que nós médicos diagnosticamos e corrigir esse erro alimentar e esti­mulando a realização de atividades físicas e proporcionando assistência médica especializada gratuita a nível populacional. E isto ao nível de governo é perfeitamente plausível.


(Continua na próxima semana).

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