Tribuna Ribeirão
Esportes

‘Santos de todos os gols’

Com 12.546 gols marca­dos desde a sua fundação, o Santos se declara ‘orgulhosa­mente como o clube que mais vezes foi às redes na história do futebol. Partindo dessa premissa, o time celebra a sua história artilheira no filme “Santos de Todos os Gols”, que estreou nesta quinta-fei­ra (18) em 20 salas de cinema de 19 cidades do País. O filme está em cartaz no Cinemark do Novo Shopping, a partir das 19 horas, com ingresso a R$ 12.

Com utilização de ima­gens de diferentes épocas da história do clube e depoimen­tos de craques que marcaram a história do Santos, incluin­do Pelé, Coutinho, Giovanni, Neymar e Robinho, além da participação de torcedores ilustres do time, como José Miguel Wiznick, Luiz Zanin e Zeca Baleiro, o documentá­rio usa a arte para construir a história do gol e sua relação com o Santos.

“Santos de Todos os Gols” compõe uma “trilogia” de fil­mes sobre a história do clube, idealizada quando era prepara­da a celebração do seu centená­rio de fundação, comemorado em 2012. Antes, foram feitos os filmes “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” e “Meninos da Vila – A Magia do Santos”.

“Tentei fazer um filme que desse conta da história única do Santos, com suas peculia­rieades, como os raios que parecem cair lá, e ídolos. E ao mesmo tempo abrindo espaço para o encantamento do futebol que acontece pelo gol”, afirmou Lina Chamie, que já havia dirigido o filme do centenário do Santos.

A diretora pontua que o novo documentário lhe deu uma liberdade maior do que o dos 100 anos do Santos, lhe concedendo a oportunidade de construir diferentes narra­tivas a partir do gol. “O filme é uma oportunidade de falar da emoção do gol. O gol é um evento extraordinário, tem um poder dramaturgo raro. Bus­quei explorar essa mágica, do êxtase”, diz Lina. “O gol tem uma dramaturgia que se pa­rece com a vida”, acrescenta.

Por isso, o “Todos” do tí­tulo do filme tem significado amplo, passando por gols sem registro em vídeo e que nun­ca foram vistos, como os de Feitiço nos anos 1920 e 1930, os marcados em produção industrial por Pelé, Coutinho e Pepé, os feitos com a magia de Neymar, os gols que calam estádios, os golaços que não saíram, os gols de pênalti e muitos outros, em momentos que passam pelo milésimo gol do Rei do Futebol e vão até a decepção pelo gol per­dido por Nilson na final da Copa do Brasil de 2015.

“Fui construindo e con­tando a história dos artilhei­ros do Santos e ao mesmo tempo fazendo uma ligação emocional com as narrativas do gol, até perguntar para cada um o que significa o gol no futebol. Tive diferentes respostas para essa homena­gem ao gol do time que mais vezes marcou”, diz Lina, que também relatou e colocou em cena as diversas vezes em que a sensação de um gol foi com­parada a um orgasmo.

Para além dos gols e rela­tos, o documentário também conta com uma preocupação sensorial, até para discutir qual é o “som” de um gol. E adotou brincadeiras sonoras, incluindo o uso de músicas clássicas, e o uso de diferentes narrações de gol em rádios e TVs. “Tentei construir senso­rialmente a emoção do gol, não só relatar ou contar uma história”, explica a diretora.

Depoimentos
Entre os depoimentos presentes ao filme está o de Coutinho, terceiro maior ar­tilheiro do clube, com 368 gols marcados, e falecido em março. A entrevista foi realizada em 2011, contan­do com a presença de Pepe. A diferença entre os estilos do “Canhão da Vila” e o seu foram destacados. “Ela fa­zia gol colocado de fora da área”, relembra Pepe. “Acho que eu era meio sádico”, acrescenta Coutinho.

Já Pelé abre o filme com a revelação de que realizava uma oração para que os jogos nunca terminassem sem gols, independentemente do ven­cedor. “Eu rezava para que Deus cuidasse de todos nós, que ninguém se machucasse, mas que não deixasse o jogo terminar 0 a 0. Se tivesse que empatar, que fosse 4 a 4, 5 a 5. Vamos dar alegria para o povo, para quem veio de lon­ge e pagou pra ver a gente”, afirmou o Rei do Futebol.

Assim, a diretora espera ter conseguido representar bem as sensações provocadas por um gol a partir da histó­ria do clube que mais vezes os marcou e com uma narrativa que dá sentido a uma bola atravessando um paralelepí­pedo imaginário. “O desafio foi fazer o documentário ser vibrante sem ferir os fatos”, conclui Lina.

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