Tribuna Ribeirão
Política

Governo vai enviar para o Congresso autonomia do BC

AGÊNCIA BRASIL

O governo federal apresen­tou ontem (11) um projeto de lei complementar de autonomia do Banco Central (BC), que será encaminhado ao Congresso nos próximos dias. A medida faz parte das ações propostas para os 100 dias de governo e foi um dos compromissos defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, de “seguir o modelo vigente em economias avançadas”.

“A independência do BC é uma ferramenta muito impor­tante usada pelas principais nações para dar tranquilidade a esse fundamental setor, que é a economia, que mexe com a vida de todos nós”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

De acordo com o Palácio do Planalto, o processo de esta­bilização econômica, iniciado em 1994 com o Plano Real, de­monstra os benefícios decor­rentes da estabilidade monetária e redução dos juros. Para o go­verno, tudo isso fornece as bases para o aumento da produtivida­de, da eficiência na economia e, em última instância, do cresci­mento sustentável.

“Para assegurar que o Ban­co Central continue desempe­nhando esse papel de maneira robusta e com segurança ju­rídica, mostra-se necessário consagrar em lei a situação de fato hoje existente, na qual a autoridade monetária goza de autonomia operacional e técnica para cumprir as me­tas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacio­nal (CMN)”, diz o documento que justifica o projeto.

A autonomia do Banco Central já era matéria de pro­jeto no Congresso Nacional, proposto pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM -RJ), em 2003, e defendida pelo ex-presidente da instituição Ilan Goldfajn. O ministro da Casa Civil disse que conversou com Maia antes de apresentar o novo projeto. A expectativa é que os projetos existentes na Câmara sejam apensados para agilizar a tramitação da nova medida apresentada ontem.

Onyx explicou que, sen­do enviado pelo Executivo, o projeto garante a constitucio­nalidade e previne questiona­mentos jurídicos ao corrigir o vício de iniciativa, já que a transformação da estrutura do governo federal é privativa do presidente da República.

De acordo com Onyx, os projetos são semelhantes e hou­ve o cuidado do governo em for­mular uma proposta que se ali­nhasse aos termos apresentados anteriormente pelo presidente da Câmara. “Interessa ao Parla­mento e ao país que a gente te­nha um guardião da moeda, um guardião da economia brasileira que proteja, independente de quem está no governo, a moeda brasileira”, disse Onyx.

A autonomia do Banco Central é garantida com a per­da do status de ministro do pre­sidente do BC e mandato fixo para o presidente e diretores da instituição, não coincidente com o mandato do presidente da República. Pela singularida­de do Banco Central, no proje­to, algumas garantias são confe­ridas aos seus dirigentes, como mandato de quatro anos, com possibilidade de recondução por mais quatro, e proteção ju­rídica conferida para que se dê de fato a autonomia que garan­ta a integridade da instituição.

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