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A greve e a crise no ninho tucano

FL PITON/ CCS

A prefeitura de Ribeirão Preto promove nesta segunda-feira, 8 de abril, audiência pú­blica para explicar a atual situ­ação financeira do município e sobre o risco de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A apresentação da cri­se será feita pelo prefeito Du­arte Nogueira Júnior (PSDB) e por sua equipe de governo – vários secretários vão parti­cipar, entre eles o da Fazenda, Manoel de Jesus Gonçalves. A expectativa é de más notícias, já que o Palácio Rio Branco está prestes a enfrentar mais uma greve de servidores.

A reunião será às onze ho­ras, no Salão Nobre do Palácio Rio Branco, e acontece às vés­peras da greve do funcionalis­mo, que começa à zero hora desta quarta-feira (10) – a ca­tegoria aprovou o movimen­to paredista na quinta-feira (4), mas, por uma questão legal, a prefeitura precisa ser notificada com 72 horas de antecedência. O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP) tam­bém será obrigado a manter 30% dos serviços essenciais.

A categoria pede reajuste de 5,48% – são 3,78% de repo­sição da inflação acumulada entre fevereiro de 2018 e ja­neiro deste ano – com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indexador oficial usado pelo Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE) –, e mais 1,7% de aumento real. O mesmo percentual (5,48%) é cobrado sobre o vale-alimen­tação da categoria e no auxílio nutricional dos aposentados e pensionistas. O governo afirma que não tem dinheiro e pretende “congelar” os salários com a pro­posta de “reajuste zero”.

Diz que não tem condições de conceder aumento neste ano e que está no limite da LRF. Os sindicalistas discordam. O vice-presidente do SSM/RP, Alexandre Pastova, apresen­tou um balanço das despesas e receitas publicado no Portal da Transparência. Diz que a ar­recadação chegou a R$ 753,79 milhões neste início de ano, contra gastos que somaram R$ 507,37 milhões, superávit de R$ 246,42 milhões.

O governo reitera “que dos 145 itens da pauta entregue, foi analisado que 127 resultariam em um impacto financeiro, 14 delas tratam-se de adequa­ções administrativas, em que a maioria já foi cumprida, e ou­tras quatro precisam de análise para apresentar o impacto fi­nanceiro.” A administração diz que o diálogo continua aberto, mas se posicionou negativa­mente ao reajuste solicitado, no valor de 5,48%. Três reuni­ões já ocorreram, sem sucesso.

Segundo dados divulgados pelo prefeito desde outubro do ano passado, o principal mo­tivo para a crise seria a neces­sidade do aumento de repasse financeiro para o Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM), causado pelo cresci­mento das aposentadorias e pensões. Em 2018 o repasse da prefeitura para o pagamento dos aposentados e pensionistas foi de R$ 240 milhões, e neste ano deverá chegar aos R$ 320 milhões. Levantamento feito pelo Tribuna e publicado re­centemente indica que, atual­mente, 953 funcionários estão em condições de se aposentar.

Em 17 de outubro, o prefei­to Duarte Nogueira e o secre­tário municipal da Fazenda, Manoel de Jesus Gonçalves, anunciaram corte de 15% nas despesas e a suspensão de pa­gamento de fornecedores por causa do aumento do repasse de recursos para o IPM – o go­verno ainda parcelou o valor referente a um terço das férias dos servidores e adiou por 90 dias o pagamento de rescisões trabalhistas. Em 8 de janeiro, decreto executivo intensificou as medidas de contenção de gastos, o estabelecimento do equilíbrio econômico e finan­ceiro da administração direta e indireta e que fixa diretrizes para a redução de despesas.

A medida atingiu todas as secretarias, empresas e autar­quias municipais. Todas as re­partições ganharam prazo para elaborar planos visando a redu­ção e controle das despesas de custeio, como economia no uso de material de expediente, de consumo, de informática, gastos com manutenção e conservação, água, telefonia, energia elétrica, locações de móveis e imóveis. Também está proibida a contra­tação de novos servidores.

A justificativa da prefeitura para fechar as torneiras tem relação direta com a previsão orçamentária deste ano, de R$ 3,173 bilhões, e o aumento do repasse de R$ 320 milhões ao IPM em 2019. A folha do órgão previdenciário é de R$ 36,66 milhões. Já a dos servi­dores da ativa é de aproxima­damente R$ 61,11 milhões por mês. Para evitar o atraso no pagamento e o agravamento da crise, o prefeito disse que adotaria mais de 60 medidas de economia.

Foram vedadas novas con­tratações – exceto as emergen­ciais –, pagamento de horas ex­tras, economia nas despesas de aquisição de materiais, telefo­ne, energia elétrica, renegocia­ção de contratos, reavaliação de licitações em curso ainda não homologadas, gastos com funcionários e substituição de cargos ou funções de chefia em caso de férias ou licenças. A cada três meses cada secretaria tem que apresentar resultados ao Comitê de Otimização de Gasto Público (Cotim) e ao Conselho de Controle das Em­presas Municipais (Coem).

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