Tribuna Ribeirão
Política

Câmara terá de refazer processo de cassação

ALFREDO RISK/ ARQUIVO TRIBUNA

O Conselho de Ética da Câmara terá de refazer o pro­cesso que resultou no parecer final favorável à cassação dos mandatos de nove vereadores investigados na ação penal da Companhia de Desenvolvi­mento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp), uma das fren­tes da Operação Sevandija. A sentença foi proferida pelo juiz Reginaldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Pública, após aná­lise de mandado de segurança impetrado pelos ex-parlamen­tares José Carlos de Oliveira, o Bebé (PSD), Maurílio Romano Machado (PP) e Samuel Zan­ferdini (PSD).

A decisão confirmou a liminar concedida aos parla­mentares em 2016 por falhas nos procedimentos do Conse­lho de Ética. No mandado de segurança, os ex-vereadores alegam suspeição nos atos pra­ticados pelo Conselho de Ética, já que eles não foram comu­nicados da decisão proferida, não tiveram o direito de ampla defesa e ao contraditório, pois testemunhas de defesa que eles arrolaram não foram ouvidas.

Também questionaram o fato de a Câmara não ter para­lisado o processo de cassação mesmo após ser questionada sobre a participação do vere­ador Rodrigo Simões (PDT), citado na Operação Sevandija – não é investigado – e que fa­zia parte da Comissão de Ética, além de ser o relator do pare­cer. A decisão de Reginaldo Siqueira data de 20 de março.

Na sentença, o juiz confir­mou a liminar deferida ante­riormente e declarou nula a decisão de improcedência da suspeição apresentada pela Câmara. Determinou tam­bém que o Conselho de Ética produza as provas solicitadas pela defesa dos vereadores acusados e que o processo de cassação seja suspenso até que todo processo questionado seja refeito.

Na prática, significa que a Câmara de Vereadores, através do Conselho de Éti­ca, terá que refazer todos os procedimentos consideran­do os aspectos questionados pela Justiça. Outra questão que deverá ser revista é a que diz respeito à suspeição de Rodrigo Simões por ele inte­grar a comissão na época da análise e elaboração do pare­cer sobre o caso. Isso porque, segundo a defesa dos ex-par­lamentares, ele foi citado na Sevandija e não poderia ava­liar o assunto.

Simões continua como conselheiro. Entretanto, sua continuidade na comissão poderá ser revista, já que to­dos os futuros atos do colegia­do sobre o caso poderiam ser questionados pela defesa dos acusados. Nesta quinta-feira, 4 de abril, às 9h30, o Conse­lho de Ética se reunirá para decidir quais medidas serão adotadas. O pedetista não deverá participar do encon­tro. Também são conselhei­ros Maurício Vila Abranches (PTB, presidente), Nelson Stefanelli, o “Nelson das Pla­cas” (PDT), André Trindade (DEM) e Ariovaldo de Souza, o “Dadinho” (PTB).

Os acusados
Na esfera criminal, os nove ex-vereadores são in­vestigados porque, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Or­ganizado (Gaeco) e a Polícia Federal (PF), integravam um esquema de desvio de verbas na Coderp e de pagamento de propina por parte do empre­sário Marcelo Plastino, dono da Atmosphera Construções e Empreendimentos, durante os famoso “cafezinhos”.

De acordo com o Ministé­rio Público Estadual (MPE), a empresa empregava cabos elei­torais indicados pelos vereado­res, que barravam investiga­ções na Câmara e aprovavam as contas referentes aos contra­tos e projetos de lei de interesse da então prefeita Dárcy Vera (sem partido). A ação penal também investiga fraude e su­perfaturamento em licitações supostamente direcionadas..

Além de pedir a conde­nação do grupo envolvido no esquema, o Gaeco requer, ainda, que os investigados devolvam aos cofres públicos R$ 105.986.713,56, caso se­jam condenados pela Justiça. Esta ação penal da Sevandija está próxima de um desfecho e a expectativa é que a sen­tença seja anunciada ainda neste ano pelo juiz Lúcio Al­berto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribei­rão Preto. Os réus são acusa­dos de organização criminosa, dispensa indevida e fraude em licitações, corrupção ativa e passiva e peculato.

A ação tem no total 21 réus. Os nove ex-vereadores citados são Walter Gomes (PTB), Cí­cero Gomes da Silva (MDB), Antônio Carlos Capela No­vas (PPS), Genivaldo Gomes (PSD), Evaldo Mendonça, o “Giló” (PTB, genro de Dár­cy Vera), Samuel Zanferdi­ni (PSD), Maurílio Romano (PP), José Carlos de Olivei­ra, o “Bebé” (PSD) e Saulo Rodrigues, o “Pastor Saulo” (PRB). Também são acusa­dos os ex-superintendentes da Coderp, Marco Antônio dos Santos e Davi Mansur Cury, o ex-secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Júnior, o advogado Sandro Rovani e duas ex-funcionárias da companhia. Todos os citados negam a prática de crimes ou irregularidades e dizem que vão provar inocência.

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