A situação está cada vez mais complicada e crítica em Ribeirão Preto e vai piorar se a população não colaborar eliminando os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses como o zika vírus, as febres chikungunya e amarela (na área urbana) e, principalmente, da dengue. A cidade não enfrenta epidemia da doença desde 2016, quando 35.043 pessoas foram vítimas do vetor, mas os números constatados em 90 dias deste ano preocupam, principalmente porque um novo sorotipo, o vírus tipo 2, ainda mais forte, já circula no município.
Segundo o último Boletim Epidemiológico parcial, divulgado nesta segunda-feira, 1º de abril, pela Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ribeirão Preto já registrou 878 casos de dengue entre 1º de janeiro e o último domingo, 31 de março, 768 a mais do que os 110 do primeiro trimestre de 2018 inteiro, alta de quase 7600% (acima de 698%), oito vezes o montante do ano passado. Grande parte é do sorotipo 2, que é mais forte e contra o qual a população não está imune. Há ainda 4.885 ocorrências sob investigação. A média é de quase dez novos pacientes por dia (9,7)
O número de vítimas do Aedes aegypti na cidade no primeiro trimestre já é 224% superior ao total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 271 ocorrências, com 607 pacientes a mais. Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. No ano passado, das 271 pessoas picadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.
Neste ano, dos 878 pacientes, 292 são da Zona Leste, mais 204 da Oeste, 198 da Norte, 70 da Sul, outros 104 na Central e oito sem identificação de distrito. O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179).
A Secretaria Municipal da Saúde constatou aumento de 946,4% no número de vítimas do Aedes aegypti em março deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2018. Saltou de 28 para 293, acréscimo de 265, dez vezes mais. Segundo o mais recente Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), o índice de infestação predial (IIP), que mede a quantidade de criadouros do Aedes aegypti em Ribeirão Preto é de 2,7%, e a cidade está em alerta contra o vetor. Significa que a cada 100 imóveis, quase três têm focos do inseto. No levantamento de junho a situação era bem pior e o município estava no grupo de risco, com IIP de 5,3%. Fechou 2017 em alerta. Na época, o índice estava em 1,3% – inferior ao de 2016, de 1,6%.
A Secretaria Municipal da Saúde pede à população para não relaxar, evitar água parada e eliminar os criadouros do vetor, principalmente agora, na época das chuvas. O secretário Sandro Scarpelini afirma que o trabalho diário desenvolvido pela Vigilância Ambiental da pasta, as ações com o envolvimento de todas as secretarias, iniciativa privada e a conscientização da população representam um grande esforço para manter os casos de dengue sob controle.
“Se compararmos a outras cidades da região e do Estado de São Paulo inteiro, estamos numa situação melhor, graças ao trabalho que estamos executando diuturnamente”. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Luzia Marcia Romanholi Passos, ressalta que as ações de mobilização promovidas pela prefeitura, aliadas à conscientização da população, são os únicos caminhos para evitar as doenças que o mosquito transmite.
“Pedimos às pessoas que ajudem nessa mobilização e já se preparem, que deixem separado somente o que é considerado um possível criadouro do mosquito para que possamos recolher com agilidade. A conscientização das pessoas é muito importante. Além da coleta do material, orientamos a população sobre os riscos em deixar água parada nessa época de chuva, o que contribui para o aumento de proliferação do mosquito”, orienta.
No Dia “D” de combate ao Aedes aegypti, em 15 de março, um arrastão recolheu mais de 25 toneladas de criadouros potenciais da larva do vetor. Foram recolhidos 25.850 quilos de potenciais criadouros do mosquito como latas, vasos sanitários, garrafas pet, garrafas de vidro, tambores, baldes, lonas, carrinho de bebê, pneus (966 unidades), isopores, tanques de lavar roupas, pias de cozinha, sucatas de peças de veículos automotores, piscinas de fibra, vasos de plantas, pratos de vasos, saquinhos plásticos, tubos de televisão, entre outros objetos que acumulam água.
O relatório aponta, ainda, que foram visitados 13.611 imóveis nas zonas Norte, Leste e Oeste de Ribeirão Preto. Destes, 7.200 foram trabalhados positivamente, 6.312 estavam fechados, 99 recusaram visitas e foram encontrados e eliminados 497 focos do Aedes aegypti. O Estado de São Paulo já tem ao menos 19 mortes confirmadas por dengue este ano, segundo os números informados pelas prefeituras.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 878 casos
- * O ano está só começando