Uma das três angústias do homem contemporâneo é a falência da Democracia Representativa. O representante já não representa o representado. Pouca gente se considera habilmente substituída, no Executivo e no Parlamento, por aqueles nos quais votou.
Como foi que chegamos a isso? Muitas vezes, por nossa própria culpa. Preferimos outorgar mandato e nos desligar dele. O representante faz o que lhe passar à cabeça. Perde o vínculo com o eleitor. Só se lembra dele à época das eleições.
Estas passaram a representar um desconforto. O voto é obrigatório. Mesmo aquele que não confia em ninguém, que quer votar em branco ou quer anular o voto, precisa sair de casa, enfrentar fila, para aquilo que deveria entusiasmá-lo.
Cheguei a sugerir a vários Presidentes do Supremo Tribunal Federal, principalmente aqueles aos quais tive acesso, que as eleições, enquanto não convertidas em direito e o voto fosse facultativo, fossem realizadas pela internet. O Brasil é o país em que se tem mais celular do que habitante. São 250 milhões de mobiles contra 208 brasileiros. Isso significa a posse de mais de um aparelho por pessoa. Evidência de que não há dificuldade alguma em acionar bugigangas eletrônicas para todas as ações que interessam.
Se podemos pagar contas, transferir receitas, assinar contratos pelo mundo digital, por que não podemos assinalar a nossa preferência nesses pleitos que gastam horrores? Calcule-se o pessoal envolvido, os lanches, as gratificações, as conduções e a requisição forçada de próprios particulares para servir a alguma coisa que já não frui da apreciação e do respeito da população?
Virão os que justificam sacrificar tudo à forma. Por isso somos Democracia! Fazemos eleições episódicas. Para eleger sempre os mesmos. Para continuar a pagar tributos cada vez mais elevados e obter serviços públicos de péssima qualidade.
O desencanto é tamanho que cresce a vontade de não votar, ou de anular, ou de escolher quem ainda não passou pelo Executivo ou pelo Legislativo. Esta seria a melhor tendência, pois deixar de votar ou anular é favorecer a minoria que escolherá os rumos do Brasil nos próximos quatro anos.
Seria interessante que o STF autorizasse a candidatura avulsa. Porque partido é algo que foi tão partido que dele nada ficou. República com 40 partidos não pode funcionar. Porque força a tal “coalizão”, que é “colisão” na certa.
Além disso, uma tendência deste pleito é o crescimento das candidaturas dos militares, que a população considera sérios, honestos, patriotas. Desvinculados da suja política partidária. Na verdade, quem conhece as forças militares ou militarizadas sabe que a sua educação é uma permanente preocupação dos dirigentes. São cursos consistentes, sérios e respeitados internacionalmente.
Não é por simpatia que os brasileiros foram escolhidos para as forças de paz na África e no Haiti. É pela competência profissional de seus integrantes. Assim como a PM do nosso Estado. Orgulho do Brasil e objeto de menosprezo apenas por parte de quem tem contas a acertar com ela.