Vou contar uma estória:
Sou um boêmio diurno…
Sou o amante da luz
e é com ela que aproveito o tempo.
Quando a encontro,
nem sempre muito cedo,
lanço o convite para que dance junto a meus olhos.
Estes corrompidos, talvez até arrependidos
pela ressaca de não enxergar,
graças à escuridão do meu ontem.
Fixam trôpegos olhares, mal encarando a luz
que foge das sombras trepidantes, ao vento e
ao balançar das folhagens de minha mente.
Havendo aceito o convite, a luz brilha de emoção…
Vou contar uma estória:
Sou um boêmio diurno…
Sou amante da luz
e é com ela que convivo a manhã
desde a primavera colorida,
passando pelas folhas secas e amareladas
espalhadas pelo chão do inverno!
Nada importa;
ela reflete, brilha, circula em minha volta.
Radiante em seu esplendor,
me envolve por todos os lados,
penetrando impaciente em minha pele
que está cheia de desejos.
Ao meio dia,
saracoteia em cima de minha cabeça,
empurrando as sombras para baixo.
Minha vontade é gritar: você me pertence!
Ela sorri, pois para ela eu não sou o único
e começa a caminhar para o lado oeste da vida.
Cansada em sua dança, vai ficando rubra
deixando suas sombras cada vez maiores
e mais deformadas
tomarem conta da minha boemia diurna.
Ela exausta.
Meus olhos cansados,
nos despedimos em trôpegas visões!
Mais uma emoção dentro de nós.
Exaurindo-se aos pouco,
deita-se bem perto do lá adiante
me deixando só e inebriado.
Cubro-a com minhas pálpebras arqueadas
por mais um dia de boêmia diurna,
sabendo ser a luz,
o fênix que retornará amanhã…
Vou contar uma estória:
Sou um boêmio diurno!