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Polícia Federal em Ribeirão Preto deflagra a operação CINDERELA, contra o tráfico de pessoas e o trabalho escravo

Sede da Polícia Federal - Alfredo Risk

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho, a Divisão de Erradicação ao Trabalho Análogo ao Escravo e o Ministério Público Federal, deflagrou nesta quarta-feira, 13, a Operação Cinderela.
90 policiais federais deram cumprimento a 10 mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão, na cidade de Ribeirão Preto/SP, todos expedidos pela 5ª Vara Federal de Ribeirão Preto/SP.


A investigação teve início a partir da denúncia de duas vítimas que conseguiram fugir do local da exploração. De acordo com o apurado, jovens transexuais eram trazidas de outros Estados da Federação, principalmente do Norte e Nordeste, para se prostituírem em Ribeirão Preto/SP, com a promessa de transformação do corpo, hospedagem e alimentação. As vítimas chegavam já endividadas, em razão das passagens e despesas de viagem adiantadas pelos investigados, e aqui eram obrigadas a consumir drogas, exploradas sexualmente e empregadas no mercado do sexo, onde havia uma divisão territorial de atuação de cada aliciador.


Criada a condição de dependência econômica e ascendência sobre as vítimas, os aliciadores davam início à transformação corporal daquelas, com a aplicação de silicone industrial e realização de procedimentos cirúrgicos ilegais, de modo a aumentar ainda mais a dívida das vítimas.

Aquelas que não conseguiam pagar as dívidas ou que desrespeitavam as regras da “casa” eram julgadas em um “tribunal do crime” e punidas com castigos físicos, morais e multas pecuniárias, além de terem os seus pertences subtraídos. Há registros de suicídios em virtude das pressões sofridas pelas vítimas, desaparecimentos, aplicações de castigos físicos com pedaços de madeira com pregos e homicídios, tudo decorrente da cobrança de dívidas.


Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de tráfico de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, rufianismo, exercício ilegal da medicina e organização criminosa. Se condenados, as penas podem chegar a mais de 34 anos de reclusão.

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