Após a promulgação do Plano Nacional de Educação, e da nova Base Nacional Comum Curricular, o mínimo que se esperava do Ministério da Educação é que fossem criadas as condições para que todas as escolas brasileiras, principalmente as públicas possam se apropriar destes conhecimentos, e dar uma nova luz a tão combalida educação básica, mas a obtusidade de um ministro que não sabe nada sobre a educação brasileira vai nos levar de volta à caverna de Platão.
O sucateamento proposital da maioria das escolas públicas básicas atende a uma ideia de País segmentado em classes sociais, como se fossem castas, em que não é permitido as classes mais humildes ultrapassarem a linha divisória que separa a casa grande e senzala, e como sabem que uma educação básica de qualidade e para todos vai mudar esta situação, trabalham com afinco diuturnamente para que não possamos sair do fundo do poço, e assim o status quo permanece.
A ideologia que permeia o atual governo é aquela explicitada na ideologia da escola sem partido, que tem partido. A decisão do ministro da educação, o colombiano Ricardo Velez Rodriguez, de obrigar todas as escolas a cantarem o Hino Nacional, com todos os alunos e funcionários perfilados de frente para a Bandeira da Pátria, e reproduzir o slogan de campanha do presidente causou indignação aos educadores conscientes e comprometidos, e comentários obtusos por parte de quem não tem noção do que seja uma Nação, e o sentido de pátria.
O momento que estamos vivendo nos dias de hoje não encontra paralelo na história do Brasil. Vemos corruptos contumazes e vendilhões da pátria batendo no peito, se proclamando defensores da ética e da moral e pregando o patriotismo, mas, na calada da noite, vão entregando o País ao poderoso Império do Norte, e para escamotear as suas atitudes criam factoides que vão passando como verdades enquanto a Nação é usurpada. Como nos versos de Chico Buarque: “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações…”.
As escolas têm que ensinar o que é cidadania, e o significado de uma Nação, tem que aguçar nos pequeninos o patriotismo, e o orgulho de ser brasileiro. O Hino brasileiro é cantado nas escolas desde os tempos do grupo escolar, mas nunca foi interiorizado, nem apropriado pelos educandos, que repetiam mecanicamente as palavras sem saber o significado, pois não houve a preocupação com a formação cidadã.
A educação básica brasileira vive numa eterna gangorra, que sempre está na parte de baixo, e quando alguém quer dar uma mãozinha para poder tira-la da estagnação é atacado com virulência em nome de um fundamentalismo religioso, que não tem justificativas nos dias de hoje. O atual comando do Ministério da Educação não está preocupado em cumprir a legislação e melhorar a vida dos educandos mais pobres; a sua principal façanha é ampliar o sucateamento da escola pública básica e levá-la ao ostracismo, para assim justificar a privatização e, pior, a militarização.
Nossas polícias são as mais ineficientes do mundo, mas para cuidar da educação básica das escolas frequentadas pelos pobres, o ministro (que não entende nada de educação) acha que as polícias militares têm expertise.
“Mas como poderá o homem sair da opressão se os que ‘ensinam’ são também aqueles que nos oprimem?” (Paulo Freire).