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Larga Brasa

O cego tirou carta de motorista
Um Delegado de Polícia de uma pequena cidade da região re­solveu envolver funcionários da sua Delegacia, comerciantes da comunidade e outras famílias que sempre foram muito honestas em uma atividade criminosa. Montou um esquema para fornecer Carteiras Nacionais de Habilitação para todos que o procurassem cobrando preços variados para carteiras profissionais, amadoras e mais graduadas para veículos mais pesados e ônibus. A noticia correu no “boca a boca” e alcançou o país todo. Os que tinham dificuldades para passar nos exames normais telefonavam para a localidade com a facilitação e encomendavam o produto. Os próprios funcionários do Delegado procuravam as testemunhas necessárias para afirmar que o candidato à Carta de Habilitação era morador da jurisdição da Delegacia de Polícia. Os telefone­mas eram dos mais distantes locais e os pedidos geralmente eram para as CNHs profissionais.

Sem dificuldades
Não havia dificuldades, pois os espelhos das CNHs estavam na Delegacia , pertenciam ao Detran do Estado e era só preen­cher as fichas dos exames e a aprovação dos candidatos. Era um esquema programado. Milhares de motoristas saíram da “fornada” daquela Delegacia.

Chefe desconfia
A Delegacia que comandava a região começou a desconfiar do grande número de espelhos de carteiras que eram solicitadas pela autoridade competente da pequena cidade. Mandou apurar e constatou a fraude. Pensou junto com uma equipe a forma de provar a falcatrua que rendia muito dinheiro, chegava a milhões. Pensaram muito até que um escrivão teve um estalo: “pegar” do­cumentos de alguém que não teria possibilidades de conseguir a Carteira Nacional de Habilitação para dirigir veículos pesados, enviá-los para a Delegacia alvo e esperar para dar a voz de prisão.

Um cego entregou fotos e documentos
Um senhor cego de nascença entregou os documentos e ti­rou uma foto daquelas exigidas para a CNH e foi tudo enviado através do Correio Central da Regional. Também pagaram um bom dinheiro para a corrupção ser definida. Daí alguns dias eis que chega o Correio na casa de um funcionário do Chefe com a Carteira e com recibo de um despachante da localidade que emitiu o documento. O Regional montou uma equipe e todos foram para a pequena localidade. Foi um arraso. O comentário e as prisões se multiplicaram. Muita gente presa em flagrante etc. Mandaram outro Delegado para o local para presidir a Sin­dicância para os funcionários públicos e concomitantemente para os procedimentos legais para as prisões. Não havia ca­deia para tanta gente. Foram tantos os envolvidos que passa­dos os anos as autoridades policiais não conseguiram ouvir a todos os envolvidos e a ação policial caiu em prescrição. Só o Delegado que foi demitido. Se transformou em despachante com conhecimento de causa. Antes que me esqueça; todas as CNHs foram canceladas com publicação no Diário Oficial do Estado daquela época. Foi um rumoroso caso que deixou uma cidade abalada, principalmente as famílias que atestaram que os motoristas eram moradores da pequena cidade e vizinhos seus. Quando foi dada a noticia de que ninguém seria punido, foi um suspiro geral. O cego não chegou a dirigir.

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