O volume total de dívidas no Brasil recuou 0,29% em janeiro, após ter avançado 2,75% em dezembro, indicando um menor apetite dos consumidores em contrair novas dívidas. Mas continua crescendo em dois setores específicos: o de bancos – cartão de crédito, cheque especial, financiamentos etc., com avanço de 2%, e o de água e luz, com aumento expressivo de 14%. Em contrapartida, comércio e comunicação registraram queda de 7%. Por outro lado, a inadimplência cresceu 2,42%. Em números absolutos, no mês passado o Brasil tinha 62,080 milhões de negativados.
Ou seja, 40% da população acima de 18 anos encontrava-se com seus nomes sujos. No Sudeste, o número de Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) negativados chegou a 26,5 milhões ou 40% da população adulta local. A boa notícia, segundo o Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), é que os atrasos nos pagamentos avançaram em janeiro a uma taxa inferior à de 4,41% apurada no último mês de 2018.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, o problema da inadimplência, que cresceu muito nos anos mais recentes, ainda está longe de ser resolvido. “Mas já se observa uma tendência de acomodação, que pode ser um prenúncio de melhora na capacidade de pagamento das famílias”, explica. De acordo com ele, este cenário só deve mudar quando a retomada da economia for percebida de fato pelos consumidores. Ou seja, com a criação de novos empregos e o aumento da renda.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor, que agora começa a livrar-se de dívidas atrasadas, deve cuidar para não voltar à inadimplência. “Não é baixo o número de consumidores que depois de sair do cadastro de negativados acaba retornando. Isso ocorre porque, em muitos casos, a inadimplência tem origem no mau uso do crédito e da falta de controle das próprias finanças. Nesses casos, é fundamental que haja disciplina para fazer a gestão dos ganhos e dos gastos, além de se reconhecer os limites do próprio orçamento”, orienta a economista.
Quanto à estimativa por faixa etária, a maior frequência de negativados continua entre os que têm de 30 a 39 anos. Em janeiro, mais da metade, ou 51%, da população nesta faixa estava com o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 17,6 milhões. Outro destaque é a proporção significativa de inadimplentes com idade de 25 e 29 anos (44%), da mesma forma que acontece na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, em que a proporção é de 33%. Já entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 17%.
O indicador de inadimplência do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil e a CNDL têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação. A estimativa do número de inadimplentes apresenta erro aproximado de quatro pontos percentuais, a um intervalo de confiança de 95%.